Garoto vai aos EUA para conhecer doadora de medula

Doadora de medula que salvou a vida do menino mora na Flórida. João sonha em ser bombeiro e sofreu de leucemia durante três anos.

fonte: Globo.com

Atualizado: Sexta-feira, 19 Setembro de 2014 as 4:36

O menino João Bombeirinho, que passou por um transplante de medula óssea em outubro de 2012, terá a chance de agradecer a doadora pessoalmente. A jovem tem 22 anos e mora em Miami, no estado da Flórida. O gesto de solidariedade dela salvou a vida de João, que sofreu de leucemia durante três anos. O menino ficou conhecido pelo sonho de se tornar um bombeiro. O encontro foi custeado pelo presidente da Fundação Icla da Silva, Airam da Silva. A fundação é referência no recrutamento de doadores de medula óssea nos Estados Unidos. O encontro será durante em uma cerimônia de gala, em Manhattan, Nova York, no dia 15 de outubro. João irá acompanhado dos pais.

"Além de salvar a vida do meu filho, ela [a doadora] deu um exemplo de cidadania, de não hesitar em ajudar as pessoas. Se não fosse ela, meu filho talvez nem tivesse aqui", relatou a mãe Ana Paula Stevam. Segundo Ana, o filho não fala em outra coisa a não ser sobre a viagem. "Ele está ansioso, aliás, todos nós não vemos a hora desse encontro, que eu tenho certeza que será muito emocionante, acontecer", acrescentou a mãe.

A doadora americana estuda enfermagem. Ela já tinha se comunicado com a família de João por telefone uma única vez. "Ela comentou que quando recebeu a ligação para fazer a doação, correu para o hospital. Disse ainda que quando soube das características do João, doaria mais um milhão de vezes se fosse necessário", contou Stevam.

"Proporcionar esse encontro é algo de grande importância para mim. É o resultado de um sonho de poder salvar crianças e adultos que precisam de doadores de medula", disse Airam.

A instituição Icla da Silva foi criada em 1992, em memória à morte por leucemia da adolescente brasileira Icla da Silva, natural de Maceió. Como à época não havia cadastro de doadores no Brasil, a família decidiu mudar-se para Nova York para tentar um doador, mas Icla acabou morrendo. Como o número de doadores aumentou após a campanha, a família decidiu criar a fundação no mesmo local.
 
Conforme Airam, a coleta de material genético para testar a compatibilidade de medula é diferente da técnica utilizada no Brasil. O material é colhido com uma haste semelhante a de um cotonete na parte bucal. No Brasil, a coleta é feita somente através de amostras de sangue.

A família descobriu que João tinha leucemia em 2007. Com a ajuda de amigos e familiares, João Bombeirinho atuou no combate ao câncer com a realização de campanhas para convencer as pessoas a entrar para o cadastro de doadores de medula. Em outubro de 2010, após uma semana sessões de quimioterapia, os bombeiros de Maringá realizaram um dos sonhos do menino - vestido com a réplica do uniforme da corporação ele foi 'resgatado' do quarto do Hospital do Câncer de Maringá a bordo da escada da equipe de resgate.

Vida normal
Desde o transplante, realizado com sucesso pelos médicos do Hospital de Clínicas (HC), em Curitiba, João adquiriu algumas bactérias e apresentou reação à medula, mas vive uma vida normal. " Ele está bem, já tirou o catéter, e vive uma vida como qualquer criança", destaca Ana Paula.

A rotina do menino começa às 10h. Ele aproveita a manhã para brincar e colocar as lições da escola em dia. Às 12h50 ele vai para a escola e retorna às 18h. A alimentação é regrada com frutas e com poucos doces. Entre os brinquedos preferidos do menino estão carrinhos de bombeiro e videogame. Com a retirada do catéter, explica a mãe, ele poderá fazer coisas que o impediam antes como, por exemplo, andar de bicicleta e jogar futebol.

Apesar da boa recuperação, o câncer de João só poderá ser tido como curado cinco anos após o transplante, conforme os médicos. No dia 24 de outubro, o procedimento completa dois anos.

Instituto João Bombeirinho
Um ano após a cirurgia, em outubro de 2013, Ana Paula criou o Instituto João Bombeirinho. O objetivo, segundo ela, foi trabalhar na criação de campanhas para informar e incentivar a doação de medula óssea no Brasil. Para ela, as pessoas ainda sabem muito pouco sobre o procedimento e a doença.

O Instituto funciona com 12 voluntários. Um deles é o João, que sempre que pode participa das palestras. "Ele adora, mas como se dedica bastante aos estudos, quase que não sobra muito tempo", conta a mãe.

 
Paraná é referência
O número de voluntários cadastrados para doar medula óssea em todo o Paraná atualmente é de 400 mil. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, até fevereiro deste ano o estado liderava a lista de voluntários no país, que passa de 3 milhões de pessoas. A média de cadastro semanal nos bancos de sangue do estado é de 600 pessoas. O cadastro pode ser feito em qualquer banco de sangue. Somente na rede do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) são 22 postos.
 

O Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea foi criado em 1993, passando a funcionar no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva - INCA, a partir 1998.

Para efetuar o cadastro, o candidato deverá apresentar um documento oficial de identidade com foto. O voluntário não pode ser usuário de drogas e não ter tido nenhum tipo de câncer ou doença hematológica, mesmo que já estejam curados. No momento do cadastro serão coletados de 5 ml a 10 ml de sangue. Não é necessário estar em jejum, porém, é preciso evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a coleta.

Se for verificada compatibilidade com algum paciente cadastrado o doador é, então, convocado para fazer testes confirmatórios e realizar o procedimento.

 

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