O roubo cresceu 11,7% no Estado no mês de agosto, em relação ao mesmo mês de 2013. É a 15ª vez seguida que isso ocorre com esse tipo de crime em São Paulo. O Estado registrou ainda aumento de latrocínios e queda de roubos de veículos e homicídios, conforme os números que serão divulgados nesta quinta-feira (25) pela Secretaria da Segurança Pública.
Para enfrentar a tendência de crescimento dos roubos que parece resistir a todas as ações policiais preventivas - nos outros meses, a secretaria já apostou em grandes operações contra o PCC, mudança nos comandos da Polícia Militar e operações em bairros com altos índices de criminalidade -, o governo de São Paulo estuda agora duas medidas.
A primeira é pedir que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) determine o bloqueio dos aparelhos de telefonia celular com queixa de roubo. Dessa forma, não seria mais necessário a ação do dono, bastaria o registro na polícia. A segunda é deixar de cobrar a taxa pela segunda via da carteira de identidade, o RG.
Fraude
A lógica por trás dessas duas medidas é o combate à suposta fraude de registro. Os roubos de celulares respondem por 17% do total desse tipo de crime no Estado. Outro tanto são casos de roubos de documentos - em caso de perda, uma taxa é cobrada, mas isso não ocorre quando a pessoa é vítima de roubo.
Policiais ouvidos pelo Estado acreditam que o alto número de roubos desses dois objetos pode estar relacionado à fraude contra o seguro do celular e à necessidade de se tirar a segunda via do documento sem pagar taxa de R$ 29,06. Esses mesmo profissionais dizem que a obsolescência rápida dos celulares e seu alto valor podem ser incentivo à fraude. O dinheiro do seguro serviria para comprar novo aparelho. "Com a chegada do iPhone 6, esse tipo de crime vai disparar", disse um agente ouvido pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
A lógica da Segurança Pública Paulista encontraria uma confirmação no comportamento do roubo de veículos no Estado. Considerando apenas esse tipo de roubo, os indicadores registram uma queda de 10,9% em agosto - é o terceiro mês seguido que esse delito diminui em São Paulo.
Como se trata de um tipo de crime com baixa subnotificação, ou seja, dificilmente deixa de ser registrado pela vítima, em razão do valor do bem levado pelos criminosos, acredita-se que sua diminuição ou eventual crescimento representa melhor a tendência da criminalidade. Por esse raciocínio, estaríamos diante de uma redução nos índices - depois de o Estado ter registrado recordes históricos desse tipo de crime no primeiro semestre.
Os roubos fazem parte dos chamados crime violentos - estupros, sequestros, homicídios e latrocínios completam a lista. Esses dois últimos fazem parte da cesta de índices para o cálculo da gratificação paga pelo Estado aos policiais que conseguem atingir a meta de redução da criminalidade, ao lado do roubo de veículos. A Secretaria da Segurança Pública registrou queda de 12,9% nos homicídios em agosto. Mas houve aumento de 13% nos latrocínios, que passaram de 30 para 34 casos. Nesta quinta-feira, a SSP divulga os dados completos da criminalidade no Estado e nos municípios. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".