Imagens da ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, foram divulgadas nos principais jornais e TVs de todo o mundo nesta semana, expondo internacionalmente o problema da segurança pública vivido ali. Segundo estudos sobre a percepção global a respeito do Brasil, as últimas ações das forças de segurança podem começar a danificar a forma como o país é visto pelos estrangeiros.
A associação entre o Rio e a violência e o perigo é antiga e nunca conseguiu danificar muito a imagem do país, explicou ao G1 o consultor Simon Anholt, criador de estudos que avaliam a imagem internacional dos países. Segundo ele, entretanto, as ações da polícia dos últimos dias parecem uma guerra civil e, se continuarem, podem começar a desgastar a imagem do Brasil. Está claro que o novo governo vai precisar agir rapidamente e de forma criativa e decisiva para resolver esses problemas, que foram ignorados por tempo demais, disse.
Anholt está no Brasil para participar de uma conferência a respeito da relevância da imagem do Brasil na promoção do turismo. Ele é um dos principais convidados do Seminário A Imagem do País e a Promoção Turística Internacional, que acontece nestas quinta e sexta-feira em Brasília, e que vai avaliar as formas como o país pode se promover para atrair mais visitantes internacionais. Lula, Dilma e seriedade
Criador do Nation Brands Index, um ranking anual que classifica 50 países de acordo com a qualidade da sua imagem internacional, Anholt diz que o Brasil é muito bem visto no mundo, mas ressalta que o país ainda não conseguiu fugir do clichê de que é um lugar mais para festa de que para coisas sérias. Todo mundo ama o Brasil, mas o país precisa é de mais respeito, resumiu. Em 2010, o país se manteve em 20º lugar no ranking, uma posição excelente, segundo ele, já que é a única economia emergente entre os 20 primeiros lugares.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi importante para manter uma boa imagem, mas também foi responsável pela manutenção da imagem errada, segundo ele. O país ainda é visto como pitoresco, decorativo e divertido, sem ser levado muito a sério, disse Anholt.
Segundo o analista, o fato de a presidente eleita Dilma Roussef não ser tão carismática quanto Lula pode ter um efeito positivo neste sentido. O que o Brasil precisa agora é de um período de crescimento, estabilidade e excelência, não de fogos de artifício, disse.