Cuidados na preparação, montagem, transporte e acondicionamento dos alimentos estão entre os principais pontos de atenção a serem observados para quem é adepto à marmita.
Nesse sentido, a nutricionista Solange Schenfeld, da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Calú, gerenciada pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, destaca a importância de priorizar a qualidade de vida à praticidade.
“Por vezes, pensamos que a praticidade é a melhor escolha ao fazer consumo de alimentos industrializados, que são os processados ou ultraprocessados. Entretanto, o impacto na saúde é tremendo e acaba resultando no surgimento ou agravo das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que requerem investimento de tempo em consultas médicas e tratamentos medicamentosos”, explica a especialista.
Solange ressalta que o refino moderno retira dos alimentos nutrientes e micronutrientes de alto nível de importância para o organismo e traz o aumento de calorias, adicionadas às gorduras, sal e açúcares. “Podemos estar superalimentados, mas estamos subnutridos”, afirma.
Atenção ao preparo!
Sobretudo no preparo de marmitas, a atenção precisa ser redobrada. A profissional recomenda a elaboração caseira à compra de marmitas prontas, devido ao conhecimento da procedência dos alimentos, garantindo a qualidade da refeição com ingredientes naturais, orgânicos, frescos e sustentáveis (uso de talos, folhas, sementes e cascas).
Além disso, há a higienização ou desinfecção adequada dos utensílios utilizados no processo e no manuseio dos legumes, folhosos e frutas, assim como a questão dos temperos utilizados, sendo comum em restaurantes o uso de aditivos industrializados e excesso de sal.
Tempo e temperatura
O tempo e a temperatura também devem ser observados, evitando o favorecimento do crescimento microbiano. “É possível fazer a marmita no momento do preparo do jantar ou tirar uma tarde para cozinhar e congelar as porções”, sugere.
Entre as técnicas que preservam os nutrientes dos alimentos, a nutricionista do CEJAM pondera que, no caso da salada, ela deve ser sempre fresca, higienizada e sem excesso de umidade (água).
Legumes e verduras
Quando se trata de legumes e verduras, é indicado a técnica de branqueamento, para conservação da cor, crocância e nutrientes do alimento. “É preciso primeiro ferver a água para adicioná-los. Deixe-os cozinhar por alguns minutos (escaldá-los) e depois imediatamente mergulhe-os em água bem gelada, pois é esse choque que os manterão conservados.”
Proteínas
Em relação às proteínas, a nutri indica que o melhor é optar por carnes magras e priorizar a frequência de carnes brancas (frango sem pele e peixes). Ela orienta que as preparações devem ser grelhadas, cozidas, refogadas ou assadas. Outro ponto importante para esse alimento é o descongelamento, que não deve ser feito em temperatura ambiente. O correto é descongelar na geladeira para, então, iniciar o preparo.
Escolha do recipiente
O recipiente também é um ponto de atenção, pois os potes de plástico, mesmo sendo livres de bisfenol A, podem correr o risco de conter substâncias tóxicas que fazem mal à saúde. “Muitas pessoas utilizam vasilhas de plástico, mas o pote de vidro é muito melhor, considerando os aspectos de higienização, facilidade e sustentabilidade”, afirma.
Outra dica é não colocar a marmita ainda quente no congelador, porque ela cria cristais de gelo que também impactam na qualidade da comida.
“Primeiramente, o pote deve ser colocado na geladeira para esfriar, antes de ser levado ao freezer, onde pode ser preservado por até 90 dias. Se houver peixes e frutos do mar, a validade do congelamento é reduzida a 30 dias. O transporte deve ser realizado em bolsa térmica, acrescidos de gelo, e devem ser acondicionados sob refrigeração (geladeira) até o momento do consumo”, pontua.
Estudos atuais indicam que o uso de marmita é uma tendência crescente e vem ganhando mercado entre os consumidores, independentemente da classe social. “Outro fator importante a ser considerado é a economia, pois, investir em produções caseiras, reduz os custos individuais e familiares”, finaliza a especialista.