Em tempos de pandemia, o tema que vem à tona é imunidade. E, por isso, as referências à vitamina D são inevitáveis. Ela foi descoberta em tempos de outra epidemia, a de raquitismo infantil, em períodos de pouco sol sobre as cidades industriais europeias e americanas.
Depois de se fazer a associação com a falta de sol, percebeu-se que crianças do norte da Noruega que se alimentavam de peixes de água fria estavam livres da doença, em 1916, o bioquímico americano, Elmer McCollum, descobriu no óleo de fígado de bacalhau uma nova substância, que batizou de vitamina D.
Nosso corpo produz a vitamina D desde que exposto aos raios ultravioleta B (UVB), de cinco a quinze minutos diários, das 10 às 17 h. Hoje, porém, o medo do sol se tornou regra, com uso de protetor solar como forma de evitar o câncer de pele. Isso também impede a absorção da luz para a síntese da vitamina D. O FPS 8 de um protetor solar bloqueia 90% da produção de vitamina D no organismo.
Segundo a gastroenterologista Denise de Carvalho “a esmagadora maioria das pessoas no planeta tem alguma deficiência de vitamina D”. E uma das maiores funções da vitamina D é a de regular nosso sistema imunológico.
Sua falta é relacionada, por muitos especialistas, a períodos de grandes contágios: De 1918 a 1920, a gripe espanhola; as SARS 1 e 2, em 2003; a gripe do Oriente Médio, em 2008; as gripes Suína e Asiática; a Dengue; Chicungunya; Febre Amarela e, agora, a pandemia da Covid19 que é uma terceira SARS, agora em 2020.
Para a dra. Denise de Carvalho, “ a vitamina D é o suplemento padrão ouro quando se fala em imunidade”. Ela reporta um estudo de Castillo, Marta Entrenas, et al., publicado no The journal of Steroid Biochemistry an Molecular Biolog, de 2020.
Neste estudo, dos 76 pacientes internados com Covid19, além do tratamento protocolar, 2/3 destes foram randomizados para receber vitamina D em“dose de ataque”nos dois primeiros dias, com redução da dose do terceiro ao sétimo dia. Após isso, uma dose semanal até a alta hospitalar. Como resultado, dos 50 pacientes que receberam a vitamina D apenas um deles precisou de internação na UTI, enquanto dos 26 que não receberam a vitamina D, 13 precisaram da UTI.
“A vitamina D reforça o sistema imunológico, reduzindo assim a severidade da Covid19, conclui dra. Denise.
Outra pesquisa, da Escola de Medicina da Universidade de Boston, analisou amostras de sangue de 235 pacientes que foram internados em um hospital com quadros de covid-19, e os que tinham, no mínimo, 30 ng/ml de calcidiol (ou 25-hidroxi-vitamina D) tiveram redução de risco de ficarem inconscientes, terem complicações ou morrerem.
Estes pacientes tiveram também menos sinais inflamatórios e um sistema imunológico mais forte. O mesmo estudo apontou que pacientes com mais de 40 anos que tinham níveis ideais de vitamina D tiveram 51,5% menos risco de morte por covid-19.
Até os anos 80, acreditava-se que a função da vitamina D era a saúde dos ossos e músculos. A biologia molecular mostrou que a vitamina D é uma senha bioquímica que libera milhares de processos vitais em nosso corpo, funções celulares que não são plenas sem ela.
Sabe-se hoje que níveis baixos de vitamina D levam a resposta imune inadequada. Revisões sistemáticas da Vitamina D, apontam efeitos de prevenção da função respiratória, e maior sobrevida em casos de câncer. A vitamina D tem ligação com nossos linfócitos e tem ação anti-inflamatória. Seus níveis adequados criam uma barreira imunológica.
É a deficiência de vitamina D que pede cuidados. E é preciso a orientação adequada de um médico na verificação de níveis normais que variam de acordo com a idade e exposição ao sol. É importante manter níveis seguros. Cuidar da imunidade é evitar o stress, alimentar-se corretamente, ter qualidade de sono e manter níveis adequados de vitaminas como a D, que nos protegem e garantem qualidade de vida.