Muito se ouve falar sobre a pressão sangüínea, ou pressão arterial, mas ainda assim, o conceito não é claro para todos. Trata-se do resultado dos batimentos do coração e da contração dos vasos por onde o sangue passa. Quando o sangue atravessa as artérias, os movimentos feitos o empurram para frente como se o estivessem espremendo. Assim, o sangue circula pelo corpo e consegue chegar às extremidades, como os dedos do pé.
Quando esse sistema todo não funciona direito, as conseqüências para o organismo são graves. O cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador do Selo de Aprovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcos Knobel, explica que há risco de agravamento de problemas coronários, infarto, derrame e, se a situação durar muitos anos, há possibilidade de insuficiência cardíaca.
Quando a pressão sai do normal
Se por um lado as pessoas não costumam saber o que é a pressão arterial, por outro, é normal que saibam quando sua medição está em um nível considerado normal. "Hoje, sabemos que o ideal é abaixo de 12 por 8. Começamos a ter critérios de pressão alta acima de 12,5 por 8,5 ou 13 por 8,5. Isso já é hipertensão arterial", explica Knobel.
Cabe, aqui, outra explicação: hipertensão e pressão alta são denominações para um mesmo problema, que pode ser causado por duas situações. "A enorme maioria dos casos é o que chamamos de hipertensão essencial, que é aquela sem causa definida ligada ao organismo. Um pequeno número é devido a problemas cardíacos, renais, das artérias renais, da aorta. Tudo isso ajuda a levar à hipertensão", afirma o cardiologista.
Quanto aos principais fatores de risco, Knobel cita: alimentação com muito sal e fritura, obesidade, colesterol alto e fatores genéticos e diabetes, sem deixar de lado o estresse. "Muitas pessoas têm hipertensão puramente relacionada a essa questão", afirma.
Não se deixe enganar pela idade
Problemas de pressão são mais uma daquelas doenças atribuídas apenas a pessoas de mais idade. A realidade, porém, está longe disso. "Tenho muitos pacientes jovens, de 15, 16 anos, que já têm pressão alta. O próprio pediatra, em exames de crianças, deve avaliar se existem doenças congênitas que levam à pressão mais elevada", alerta Knobel.
O especialista chama a atenção para a importância dessa questão, mesmo que a sua ocorrência seja mais rara nessa faixa etária. Isso porque os jovens não se esforçam para evitar os fatores de risco. "A maioria come alimentos muito salgados, fritura, tudo que faz mal para o coração", observa o cardiologista.
Existe, porém, uma idade em que o problema se manifesta com maior freqüência. "É preciso analisar os outros fatores de risco: pessoa com colesterol muito alto, diabetes, histórico familiar de doença no coração, aí há uma manifestação mais precoce. Pessoas hipertensas não têm eventos relacionados ao coração muito cedo. Às vezes, o problema só ocorre na faixa dos 35, 40 anos", alerta Knobel.
Aprenda a controlar a pressão
Para evitar problemas com a pressão arterial, é preciso atenção, principalmente, com a alimentação. "Uma série de estudos mostra que peixes que oferecem ômega-3 promovem dilatação dos vasos, ajudando a baixar a pressão; pesquisas indicam que o chocolate amargo pode ajudar, assim como o café também pode ter relação com essa questão", explica o especialista.
A lista de "afazeres da saúde" não pára por aí. "Atividade física é fundamental, assim como diminuir o estresse e emagrecer. Todos esses fatores ajudam muito a fazer o controle da pressão", orienta o cardiologista.
Quem sofre com pressão alta, mas a tem sob controle, deve fazer exames de medição uma vez por mês, para acompanhar a situação. Existem aparelhos portáteis, que podem ser usados em casa. "O grande problema é quem não tem a pressão controlada. Aí, uma vez por semana, deve-se fazer uma avaliação. O mais importante é começar a controlar e, a partir daí, fazer a manutenção", conclui Knobel.