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Entenda o que Jesus disse às 7 igrejas de Apocalipse: Filadélfia

Escatologia e Fim dos Tempos.

fonte: Guiame, Cris Beloni

Atualizado: Segunda-feira, 8 Abril de 2024 as 2:36

Ruínas da antiga igreja em Filadélfia. (Captura de tela: YouTube/Turquia para você)
Ruínas da antiga igreja em Filadélfia. (Captura de tela: YouTube/Turquia para você)

“Escreva num livro o que você vê e envie a estas sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia". (Ap 1.11)

Vamos ao contexto

A antiga cidade de Filadélfia, cujo nome significa “Amor Fraternal” ou “amor entre irmãos”, ficava a 200 metros acima do nível do Mediterrâneo. Situada em uma vasta colina entre dois vales férteis, regados pelo rio Hermus, estava estrategicamente na principal rota do correio imperial de Roma para o Oriente.

Atualmente, as ruínas originais da Igreja estão debaixo da terra e o que se pode ver no local são ruínas do século 6.

Filadélfia oferecia uma passagem natural, uma porta aberta, por isso ela era também chamada de “a porta do Oriente”. Das sete igrejas na Ásia, Filadélfia era a mais jovem. A cidade foi fundada por colonos vindos de Pérgamo entre 160 e 140 a.C.

Seu nome veio de seu fundador, Attalus II Filadelphos, conhecido por sua devoção a seu irmão Eumenes. A região sofria com constantes tremores de terra causados por erupções vulcânicas e foi devastada em 17 a.C. devido a um grande terremoto.

Havia ali uma extensa colônia judaica contrária aos cristãos. O paganismo tinha em Filadélfia o seu culto ao deus sol com seus altares e seus templos. O principal culto pagão era feito a Dionísio (ou Baco). Ele era o deus do vinho e por isso seu culto caracterizava-se pela bebedeira e pela imoralidade.

Sabe-se que, no final do primeiro século, o estado religioso cristão de Filadélfia era florescente. Hoje a cidade chama-se “Alashehir”, nome turco que significa “Cidade de Deus”. Embora a Igreja em Filadélfia fosse considerada fraca e de pouco poder, permanecia fiel ao Senhor.

“Ao anjo da igreja em Filadélfia escreva: Estas são as palavras daquele que é santo e verdadeiro, que tem a chave de Davi. O que ele abre ninguém pode fechar, e o que ele fecha ninguém pode abrir.” (Ap 3.7)

O termo “chave de Davi” é explicado no Antigo Testamento.

“Porei sobre os ombros dele a chave do reino de Davi; o que ele abrir ninguém conseguirá fechar, e o que ele fechar ninguém conseguirá abrir.” (Is 22.22)

Eliaquim recebeu a chave e o cargo de novo administrador de tudo o que pertencia ao rei. Ele era o representante da maior autoridade que havia para o povo. A “chave de Davi” representava a “chave de sua casa”, o que simbolicamente quer dizer a “chave do Reino Messiânico”.

O contexto para a igreja em Filadélfia era que aqueles membros representavam o verdadeiro povo de Deus, por isso eles teriam a chave do Seu Reino. Através de seu exemplo e de suas obras a evangelização seria eficaz, conduzindo as pessoas para a salvação.

“Conheço as suas obras. Eis que coloquei diante de você uma porta aberta que ninguém pode fechar. Sei que você tem pouca força, mas guardou a minha palavra e não negou o meu nome.” (Ap 3.8)

Não há mais detalhes sobre quais eram essas obras, mas sabemos pela carta que era uma igreja que agradava ao Senhor, mesmo sendo pequena e de pouca influência. 

O termo “porta aberta que ninguém pode fechar” pode ser interpretado de duas formas. Primeiro, Jesus tem autoridade absoluta para abrir a porta do Reino de Deus e ninguém pode fechar o que Ele abre. Isso significa garantia de salvação.

Segundo, no Novo Testamento, a ideia de “porta aberta” aparece diversas vezes para indicar uma “porta de oportunidade”, principalmente para a pregação do Evangelho. Relembre aqui:

“Mas permanecerei em Éfeso até o Pentecoste, porque se abriu para mim uma porta ampla e promissora; e há muitos adversários.” (1 Co 16.8-9)

“Quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo e vi que o Senhor me havia aberto uma porta...” (2 Co 2.12)

“Ao mesmo tempo, orem também por nós, para que Deus abra uma porta para a nossa mensagem, a fim de que possamos proclamar o mistério de Cristo, pelo qual estou preso.” (Cl 4.3)

“Chegando ali, reuniram a igreja e relataram tudo o que Deus tinha feito por meio deles e como abrira a porta da fé aos gentios.” (At 14.27)

Do ponto de vista do contexto, a primeira interpretação se encaixa melhor porque os judeus em Filadélfia eram muito agressivos e diziam que somente eles (Israel) tinham acesso à porta do Reino de Deus.

Mas a segunda possibilidade também pode ser real. Lembrando que, hoje em dia, o termo também foi banalizado — “porta aberta” não é sinônimo de prosperidade financeira, facilidades momentâneas ou um tempo de realizar todos os sonhos.

Infelizmente, muitos cristãos usam esse termo para profetizar porta de emprego, porta de casamento, porta de oportunidade ou porta da felicidade. Temos que tomar cuidado com a “Palavra distorcida”.

A igreja em Filadélfia tinha “pouca força” no sentido de não ser muito influente, mas os cristãos eram fortes espiritualmente porque, na carta, eles sequer são repreendidos.

“Vejam o que farei com aqueles que são sinagoga de Satanás e que se dizem judeus e não são, mas são mentirosos. Farei que se prostrem aos seus pés e reconheçam que eu amei você. Visto que você guardou a minha palavra de exortação à perseverança, eu também o guardarei da hora da provação que está para vir sobre todo o mundo, para pôr à prova os que habitam na terra.” (Ap 3.9-10)

A sinagoga judaica se considerava a “sinagoga do Senhor”, mas foi chamada novamente de “sinagoga de Satanás” como na igreja em Esmirna (Ap 2.9). Isso porque eles lutavam contra a igreja de Cristo.

Quando Jesus disse “se dizem judeus e não são” quer dizer que, aos olhos de Deus, os verdadeiros judeus não eram aqueles que, religiosamente, iam à sinagoga para provar sua etnia e sua religião. Veja a advertência que Paulo fez na carta aos Romanos 2.28-29:

“Não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é meramente exterior e física. Não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no coração, pelo Espírito, e não pela lei escrita. Para estes o louvor não provém dos homens, mas de Deus”.

A rejeição ao Messias fez com que o povo judeu negasse o verdadeiro judaísmo espiritual. Rejeitar Jesus fez com que o povo renunciasse seu papel como povo de Deus. Paulo tratou desse problema entre Israel e Igreja quando disse que os ramos da oliveira são o povo de Deus.

Os ramos naturais (os judeus) foram quebrados por causa da sua incredulidade e os ramos de oliveira brava (os gentios) foram enxertados na oliveira. Relembre aqui:

“Se alguns ramos foram cortados, e você, sendo oliveira brava, foi enxertado entre os outros e agora participa da seiva que vem da raiz da oliveira, não se glorie contra esses ramos. Se o fizer, saiba que não é você quem sustenta a raiz, mas a raiz a você. Então você dirá: Os ramos foram cortados, para que eu fosse enxertado. Está certo. Eles, porém, foram cortados devido à incredulidade, e você permanece pela fé. Não se orgulhe, mas tema. Pois se Deus não poupou os ramos naturais, também não poupará você.” (Rm 11.17-21)

Deus, porém, em sua misericórdia, dará aos judeus a chance de reconciliação em caso de arrependimento.

“E quanto a eles, se não continuarem na incredulidade, serão enxertados, pois Deus é capaz de enxertá-los outra vez.” (Rm 11.23)

Provação que está por vir

O termo “provação que está por vir” nos remete a uma revelação escatológica muito importante. João falou das dificuldades pelas quais a igreja passaria durante a grande tribulação dos últimos tempos. Há outras passagens bíblicas que confirmam essa profecia.

“Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso reencontro com ele, rogamos a vocês que não se deixem abalar nem alarmar tão facilmente, quer por profecia, quer por palavra, quer por carta supostamente vinda de nós, como se o dia do Senhor já tivesse chegado. Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele dia virá a apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição. Este se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, a ponto de se assentar no santuário de Deus, proclamando que ele mesmo é Deus.” (2 Ts 2.1-4)

“Multidões que dormem no pó da terra acordarão: uns para a vida eterna, outros para a vergonha, para o desprezo eterno.” (Dn 12.2)

“Todos odiarão vocês por causa do meu nome. Contudo, nenhum fio de cabelo da cabeça de vocês se perderá. É perseverando que vocês obterão a vida.” (Lc 21.17-19)

Sobre a recompensa ou promessa ao vencedor

“Venho em breve! Retenha o que você tem, para que ninguém tome a sua coroa. Farei do vencedor uma coluna no santuário do meu Deus, e dali ele jamais sairá. Escreverei nele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu da parte de Deus; e também escreverei nele o meu novo nome.” (Ap 3.11-12)

O termo “venho em breve”, associado à brevidade, não tem associação com o tempo humano. O “relógio de Deus” é diferente do nosso tempo.

“Retenha o que você tem”, mesmo em meio à perseguição, significa permanecer firme em suas obras de fé e de amor. Lembre-se do desafio dado à igreja em Esmirna:

“Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida.” (Ap 2.10)

A “coroa da vida” simboliza vida eterna. E ser uma “coluna no santuário” quer dizer participar dos fundamentos do lugar onde Deus habita. Além disso, essa era uma promessa significativa para a igreja em Filadélfia, que vivia em uma cidade atormentada por terremotos.

“Escreverei nele” indica símbolo de posse. O “vencedor” será marcado por Deus, mas aqueles que o negarem terão a “marca da besta”:

“Também obrigou todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, a receberem certa marca na mão direita ou na testa, para que ninguém pudesse comprar nem vender, a não ser quem tivesse a marca, que é o nome da besta ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é seiscentos e sessenta e seis”. (Ap 13:16-18)

Mas os seguidores de Cristo serão marcados sobre a testa como prova de que pertencem ao Messias.

“...eu também o guardarei da hora da provação que está para vir sobre todo o mundo, para pôr à prova os que habitam na terra.” (Ap 3.10)

Conclusão

A Igreja em Filadélfia tinha diante de si uma “porta aberta” e, apesar da pouca força, os cristãos daquela época guardaram a palavra de Deus e não negaram o nome de Jesus.

Das sete igrejas que receberam uma carta de Jesus, a de Filadélfia foi a única que não recebeu advertências, sendo apresentada como uma igreja fiel e sem máculas. Por isso, ela deve ser um exemplo de igreja para nós, em seus posicionamentos e atitudes.

Uma igreja humilde, que se enxergava pequena, sabia que era fraca e, mesmo assim, permaneceu perseverante. As promessas de Jesus para a Igreja em Éfeso são promessas para nós também. Porém, temos que nos livrar do orgulho e do apego que temos à nossa própria força.

Os cristãos em Filadélfia enfrentaram terremotos no mundo físico e também  “terremotos sociais”, conforme menciona Leonardo Silva, do movimento JesusCopy. Esse último tipo de terremoto nós também sofremos no Brasil. Mas, eles não podem abalar uma igreja que tem a estrutura firmada no Reino de Deus.

Faça uma reflexão sobre isso. Você se abala com os terremotos sociais? Você se deixa levar pelos ventos de doutrina ou pelas ideologias do mundo de hoje? Os cristãos da Igreja em Filadélfia nos ensinam a permanecer inabaláveis, independente da intensidade do terremoto.

“Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade. Por isso não temeremos, embora a terra trema e os montes afundem no coração do mar, embora estrondem as suas águas turbulentas e os montes sejam sacudidos pela sua fúria. Há um rio cujos canais alegram a cidade de Deus, o Santo Lugar onde habita o Altíssimo. Deus nela está! Não será abalada! Deus vem em seu auxílio desde o romper da manhã. Nações se agitam, reinos se abalam; ele ergue a voz, e a terra se derrete. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é a nossa torre segura”. (Salmos 46.1-7)

E esse foi o estudo desta semana. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!

 

Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.

*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.


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