
A paz do Senhor, meus amados. Outro dia, ouvi uma mensagem que fez meu coração tremer. Meu Deus! Que maravilha ouvir algo tão centrado nas Escrituras, tão efusivo. A igreja glorificava o tempo todo. Um pentecostes!
Alguém deve estar se perguntando: “—e onde está o problema disso?”. Eu vou responder: “—na pregação não havia nenhum problema!” Aliás, irmãos, do ponto de vista exegético, hermenêutico, dentre outras regras da homilética, tudo foi perfeito. Qualquer professor, daria nota máxima, inclusive eu.
Mas… — o problema sempre é o “mas” — eu conhecia a vida do pregador, suas ações, sua conduta. Eu conhecia até a arrogância de seu comportamento desconectado com a pregação efusiva que fazia a igreja glorificar. Um exímio pregador, um ser humano horrível.
Este artigo não é para criticar quem quer que seja. Mas para refletirmos acerca da autoridade que as nossas pregações carregam. Daí a expressão: “Santo de casa não faz milagres”. E não pode fazer, pois nós sabemos se é santo legítimo.
Em tempos de uma geração que faz apologia às abominações condenadas pela Escritura, alguém vai gritar o clássico “não julgueis” de Mateus 7:1-5, ao ler o meu artigo. Está claro que o Senhor Jesus, no texto citado, não nos proíbe de julgar, mas alerta-nos para a consciência da responsabilidade dessa tarefa. Da mesma forma que faremos com os outros, podem fazer conosco. Isso é fato!
Se o Senhor Jesus estivesse nos proibindo de julgar, logo estaria se contradizendo, uma vez que ele mesmo nos ensina “a julgar uma árvore pelos frutos” em Mateus 7:16-20. No mesmo capítulo, Jesus nos ensina sobre a consciência do julgamento. Aliás, em tempos onde se glorifica os dons e talentos, a moralidade presente no “fruto do Espírito” de Gálatas 5:22-23 está em desuso. Não são os dons e talentos, mas o fruto do Espírito é que legitima o verdadeiro cristão.
A nossa vida, deve — obrigatoriamente! — dar testemunho da nossa pregação. O santo de casa não faz milagre, pois a casa sabe que não é santo. Por isso, é muito mais fácil ouvir uma pregação de um desconhecido, do que ouvir a “prata da casa”. Pode até ser prata, mas a lama ofusca seu valor.
O Evangelho é o poder de Deus que transforma a vida do homem (Romanos 1:16,17). Não há verdadeiro crente, sem passar pela roda do oleiro, ser feito vaso novo (Jeremias 18). O oleiro quer fazer de nós, vasos novos. Mas a pergunta que não quer calar é: “eu quero me quebrar?” Jeremias 18:4 é claro quando afirma que o vaso “se” quebrou. O oleiro não quebrou o vaso, mas o vaso que se quebrou.
“Se quebrar” é uma escolha nossa, uma ação nossa. Temos que romper com os velhos paradigmas, a velha mentalidade mundana, nossos pecadinhos de estimação, nossa conduta contradizente à Bíblia. Só após isso, o oleiro poderá refazer o vaso. Alguns, por amizade, politicagem, rompem esse processo, e são feitos ministros, sem ser vaso novo.
Já dizia a minha avó: “a mentira tem pernas curtas”. Esse ditado dos antigos, engraçado, imprime uma complexa realidade: “posicionamento”. O mentiroso não se sustenta por muito tempo. Pregar o que não vive é sustentar o altar da hipocrisia. “Os hipócritas não herdarão o reino de Deus” (Mateus 23:13,14).
Nada como uma exímia exposição da Palavra de Deus. Mas “o que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria alma?” É o grande questionamento feito em Marcos 8:36. Certo filósofo disse: “o maior desafio do homem é enganar a si mesmo, depois disso, todo pecado é fácil.”
Pregar a verdade e viver no engano é autocondenação. E naquele dia, não vai ter como reclamar que profetizava, que curava no nome do Senhor (Mateus 7:22,23). Fazer “em nome do Senhor” não me dá direito a entrar na cidade pelas portas. Vai morar com o Senhor quem era, aqui na terra, a habitação do Senhor. “Não se engane, Deus não se deixa escarnecer” (Gálatas 6.7-10). Já vi pessoas que afirmaram: “Deus não existe”, mas nunca vi ninguém com coragem para dizer: “Deus é Deus de brincadeira”. Tema ao Senhor (Salmo 111:10).
Daniel Ramos (@profdanielramos) é professor de teologia deste 2013 pela EBPS (Assembleia de Deus em Belo Horizonte). Graduado em Teologia pela PUC Minas (2013), pós-graduação em Gestão de Pessoas pela PUC Minas (2015), especialista em Docência em Letras e Práticas Pedagógicas pela FACULESTE (2023) e Licenciatura em Letras Português-Inglês pela UNICV (2024). Membro da Assembleia de Deus desde a infância, conferencista e autor do livro didático: Curso de Teologia Vida com Propósito (2024).
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