O apóstolo Paulo foi um dos maiores perseguidores da Igreja de Jesus no início de sua história. Ele caçava os cristãos, indo atrás deles sem dó nem piedade. A Bíblia diz, em Atos 9, que Paulo "respirava ameaças e morte".
Suas investidas resultaram em prisões e assassinatos de cristãos, incluindo um chamado Estevão, que foi apedrejado, um castigo extremamente doloroso (Atos 7), enquanto Paulo assistia em silêncio à sua agonia.
Mas tudo mudou no coração e comportamento de Paulo, a partir de um encontro que teve com Jesus. Ele se autoavaliou e declarou que era o principal dos pecadores. Paulo também disse que o amor de Deus o constrangeu, ao escrever em uma de suas cartas: “Pois o amor de Cristo nos constrange” (2 Coríntios 5:14).
O termo constranger é sunecho (grego) e significa, entre outros: comprimir, prensar com a mão, pressionar por todos os lados. Paulo estava dando uma ideia de como é o amor de Deus, inclusive para aqueles que erram e pecam. É um amor que cerca a fim de resgatar e salvar.
E foi esse constrangimento que levou Paulo ao arrependimento.
O arrependimento é o tema central nas Escrituras, e a compreensão correta desse conceito é fundamental para a vida cristã. Em 2 Coríntios 7:10, o próprio Paulo explica que "a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, do qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte."
Portanto, o arrependimento não é apenas uma mudança superficial de atitude, mas uma transformação profunda que vem de um confronto sincero com a nossa condição diante de Deus.
Na estrada de Damasco, o pecado de um homem sanguinário se encontrou com a santidade do Deus-homem que, ao contrário daquele religioso, não desejava matar, mas salvar.
O constrangimento, a pressão do amor e da misericórdia de Jesus, levou Paulo a conhecer a luz da verdade divina, reconhecer seu erro e ser motivado a buscar a restauração.
De acordo com as Escrituras, o arrependimento é mais do que remorso ou sentimento de culpa. A palavra grega para arrependimento, metanoia, significa uma mudança de mente ou de pensamento.
Em Lucas 15:17-18, na Parábola do Filho Pródigo, vemos um exemplo claro de arrependimento: "E caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai."
O arrependimento envolve um reconhecimento de que a nossa condição está errada e uma decisão de voltar para Deus. Corrie Ten Boom, escritora e resistente holandesa que ajudou a salvar a vida de muitos judeus ao escondê-los dos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial, afirmou: “A marcas do verdadeiro arrependimento são: reconhecimento do erro, disposição de confessá-lo, disposição de abandoná-lo e disposição de fazer restituição.”
No entanto, o verdadeiro arrependimento é mais do que um ato isolado de confissão. Ele envolve uma transformação interna que leva a um novo direcionamento na vida. Em Atos 3:19, Pedro faz um apelo claro: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam apagados."
O arrependimento verdadeiro resulta em conversão, ou seja, em uma mudança de comportamento e atitude, como aconteceu com Paulo.
O constrangimento que leva ao arrependimento é, em muitas ocasiões, uma ação do Espírito Santo em nossos corações. O Espírito traz à tona a nossa falha e nos convence da verdade sobre nosso pecado.
Quando nos arrependemos sinceramente, não só somos perdoados, mas também experimentamos a paz que excede todo entendimento, conforme Paulo escreveu em Filipenses 4:7.
O arrependimento, portanto, é uma porta para a restauração e renovação espiritual. Aproveite e arrependa-se para uma vida leve e reconciliada com Deus.
O Pai ama você!
Darci Lourenção é psicóloga, pastora, coach, escritora e conferencista. Foi Deã e Professora de Aconselhamento Cristão. Autora dos livros “Na intimidade há cura”, “A equação do amor”, “Viva sem compulsão” e “Devocional Minha Família no Altar”.
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