A política e o direito moderno são dois assuntos de suma importância para nossas vidas. Sem eles, a sociedade não teria êxito na sua organização. Mas afinal, a política e o direito têm alguma relação com a religião? Muitos afirmam que religião só se aplica na esfera de fé e nada demais. Outros afirmam, de uma forma negativa, que a religião não pode beneficiar em nada as pessoas. Mas muitos não sabem que o Cristianismo é a religião que muito influenciou positivamente o Ocidente. Nesse artigo, iremos falar da influência do arminianismo na política e no direito moderno.
O arminianismo é uma vertente teológica que trata da soteriologia baseada nos escritos de Jacó Armínio. Os seus alunos (que eram chamados de remonstrantes), sistematizaram os seus ensinos e passaram a adiante. Entretanto, eles sofreram o Sínode de Dort com falsas acusações e condenações. No século XVIII, o arminianismo ganha uma força da sua divulgação por intermédio de John Wesley e o metodismo. O arminianismo se tornou predominante na Inglaterra e mais tarde nos EUA.
O jurista Hugo Grotius era um dos alunos de Jacó Armínio. Ele foi o fundador do Direito Internacional. Os princípios que aprendeu com o seu professor teólogo holandês, usou para desenvolver o seu livro “Do Direito da Guerra e da Paz”. O jornalista Silas Daniel afirma que “os escritos de Grotius ainda influenciaram diretamente o filósofo inglês John Locke” (DANIEL, 2017, p. 288). Por intermédio dessa leitura, Locke é influenciado pelo arminianismo. O historiador J. W. Gough, que é especialista em Locke, afirma que o filosofo tinha “maior afinidade com o arminianismo” (LOCKE, 1946). Segundo o historiador, o filósofo Locke se identificou com arminianismo com a forma de pensar. O professor Dunn e o historiador Edgar, destacam que a obra “A Razoabilidade do Cristianismo” de autoria do Locke, o filósofo defendia a “interpretação arminiana da doutrina da vocação” (DUNN, 1982, p.223). Com a influência do arminianismo, O filósofo político Locke defendia a liberdade intelectual e a tolerância religiosa. Ele era crítico a teoria hobbesiana de direito divino dos reis e dos abusos do absolutismo. Mas era defensor da Monarquia Constitucional. Foi precursor de muitas ideias da democracia liberal, que só se desenvolveram no século XVII. Ele também defendia um estado de igualdade perfeita, pois a soberania não reside no Estado, mas sim a população. John Locke, também é conhecido como principal representante do “empirismo britânico”.
Mas o arminianismo não apenas influenciou o pensamento do filosofo Lucke, mas também o continente europeu. Segundo Mcculloh, “as tradições arminianas e plantonistas [ingleses] se tornaram tão inextricavelmente associadas a ponto de exercerem influência sobre o pensamento europeu” (MCCULLOH e COLIE, 1957, p.144). Quem pensa ou acha que uma visão teológica não pode contribuir em nada para sociedade? O arminianismo é a prova de que o pensamento teológico pode positivamente contribuir para o bem-estar maior da sociedade.
Referências bibliográficas:
DANIEL, Silas. Arminianismo – A mecânica da salvação: uma exposição histórica, doutrina e exegética sobre a graça de Deus e a responsabilidade humana. Rio de Janeiro. CPAD. 2017.
DUNN, John, The Political Though of John Locke. Cambridge Universidade Press. In: FILHO, Edgar José Jorge, Moral e História em John Locke. Loyola. 1992.
LOCKE, John. The Second Treatise of Civil Government and a Letter Concertning Toleration. Oxford Univerity Press. 1946. In: Introdução de J. W. Gough.
MCCULLOH e COLIE, Rosalie L., Light and Enlightenment. Cambridge University Press. 1957.
Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
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