Dia 18 de junho, as Assembleias de Deus no Brasil completam mais um ano de existência. Glória de Deus! Por ser uma denominação evangélica de tradição pentecostal, com um número expressivo de fiéis, nos últimos anos a instituição religiosa tem atraído a atenção do público acadêmico. Desta forma, muitas pesquisas são alimentadas por esse fenômeno religioso. Contudo, poucas pesquisas se ocupam da análise da teologia presente nos sermões dos pioneiros das Assembleias de Deus, Daniel Berg e Gunnar Vingren e sua esposa Frida Vingren, que veio para Brasil, no início da obra em Belém do Pará, e foi uma grande pregadora, ajudando na formação de vários obreiros e futuros pastores.
Em que momento da história da igreja o Arminianismo aparece? E como a teologia Arminiana influenciou os pioneiros das Assembleias de Deus? A essência arminiana sempre existiu durante a História da Igreja. Mas o arminianismo foi sistematizado no período após a Reforma Protestante, com os ensinos do holandês Jacó Armínio. Mas ganhou força maior de divulgação com Metodismo de John Wesley. No desdobramento do metodismo após Wesley, surgiu vertentes dentro do Metodismo. Um deles é conhecido como Movimento Holiness (Santidade) que o William Seymour pertencia antes de liderar a Igreja Missão Apostólica Fé na Rua Azuza.
Sabemos que, Daniel Berg e Gunnar Vingren eram suecos e membros da Igreja Batista em Chicago (EUA), e foram enviados por Deus para expandir a mensagem que ardiam em seus corações. Enfrentaram várias situações difíceis, mas nada impediu que o poder do Espírito Santo fosse manifestado na terra dos brasileiros.
O tema central da pregação dos pioneiros era: “Jesus Cristo salva, cura, batizada no Espírito Santo e breve voltará.” Uma mensagem cristocêntrica, Fontes afirma que “a identidade do Senhor Jesus Cristo sempre foi a característica da Teologia Pentecostal” (FONTES, 2019, p. 43). Os pioneiros honravam o axioma “solus cristus” dos reformadores. A respeito da salvação, os pioneiros pregavam “que todos eram alvos da salvação”, porque Jesus Cristo morreu por todos (João 3:16). Eles se posicionavam com o argumento defendido pelo arminianismo. Nisto, Fontes explica que “o arminianismo defende que a salvação é universal por três razões: (1) todos pecaram (Romanos 3:23); (2) a realidade do pecado é universal e (3) Deus deseja que todos sejam salvos (1 Timóteo 2:4)” (FONTES, 2020, p. 95). O crescimento assembleiano no Brasil e no mundo, sempre teve esse foco de pregação do evangelho: todos são alvos porque Deus quer salvar a todos!
Atualmente, tanto a denominação assembleiana, e outras vertentes pentecostais e arminianas, têm buscado fortalecer a sua identidade arminiana. Há aqueles entre os pentecostais que ainda afirmam que é “perca de tempo” conhecer o arminianismo, por considerar uma nomenclatura desnecessária e conflituosa em relação aos calvinistas. Há outros que procuram fortalecer a identidade arminiana em grupos que não compactuam com nenhum saber teológico, mas que possuem um pragmatismo bizarro que tem gerado sérios problemas para igreja. Fora a influência dos neopentecostais que é forte em nosso meio. Quando buscamos a identidade teológica que cremos, estamos enraizando os nossos posicionamentos para pregarmos o evangelho, viver e defender no que cremos, não cairmos nos modismos vazios que sempre surgem ao longo da história do cristianismo e combater as heresias que cirandam em nossas igrejas.
Referências bibliográficas:
FONTES, Ediudson. A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo. São Paulo. Editora Reflexão. 2020.
________, Ediudson. Reforma Protestante e Pentecostalismo – A conexão dos cinco solas e a Teologia Pentecostal. São Paulo. Editora Reflexão. 2019.
Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
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