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Arminianismo e a Expiação Ilimitada

Diferente do que muitos afirmam, o cerne do arminianismo não é livre-arbítrio, e sim a expiação ilimitada para todos.

fonte: Guiame, Ediudson Fontes

Atualizado: Terça-feira, 14 Fevereiro de 2023 as 3:30

(Foto: Unsplash/Rod Long)
(Foto: Unsplash/Rod Long)

A doutrina da salvação é um dos principais temas bíblicos que precisa ser pregado e ensinado sempre em nossas igrejas. Se não houver essa conscientização, não haverá conversão de vidas e crescimento espiritual.

A Bíblia afirma que o pecado original que a raça humana herdou com a queda do primeiro casal (Gênesis 3) foi a perda da plena comunhão com Deus. Assim, nos tornamos “mortos em ofensas e pecados” (Efésios 2:1). Essa morte espiritual direciona uma vida pós-morte para um destino eterno sem Deus. Mas, sendo Deus riquíssimo em amor e graça, enviou o nosso Senhor Jesus Cristo, que é o autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:2), para nos salvar e perdoar os nossos pecados. Em Cristo Jesus, somos salvos pela graça (Efésios 2:8), não é pelas obras e nem mérito nosso. A expiação que Jesus Cristo nos oferece é ilimitada (João 3:16; 1 Timóteo 2:4). Esse é o posicionamento da teologia arminiana. Segundo Olson, “o princípio essencial do arminianismo, é a vontade universal de Deus para a salvação” (OLSON, 2013. Página 124). Diferente do que muitos afirmam, o cerne do arminianismo não é livre-arbítrio, e sim a expiação ilimitada para todos. Armínio afirma que “Deus levou toda raça humana à graça da reconciliação, e entrou em um concerto de graça com Adão e com toda a sua posteridade, em que Ele prometeu a remissão de todos os pecados” (ARMÍNIO, 2015. Página 290). John Wesley, no seu famoso Sermão “Graça Livre”, pregou que “uma clara prova de que Cristo morreu, não somente por aqueles que são salvos, mas também por aqueles que perecem: Ele é ‘o Salvador do mundo’ (Romanos 4:42)” (WESLEY, Sermão).

A salvação em Cristo Jesus é para todos, porque o amor de Deus é incondicional e abrangente que alcança a todos. O amor dos humanos é falho e imperfeito, colocamos limites no amor, dependendo do nosso tipo de relacionamento. No amor de Deus, que é diferente do amor dos humanos, não há limites, interesses de trocas e nem mesmo limites no seu alcance. Por essa razão, Ele, sendo soberano, eterno e amoroso, enviou Jesus Cristo como demonstração de Seu amor para a humanidade, porque ela sem Deus não tem a capacidade de ir até Ele. Mas o Deus santo e amoroso toma iniciativa no plano da salvação para mostrar a Sua maravilhosa graça ao pecador decaído. Mas surge a pergunta: Por que a expiação de Cristo Jesus é ilimitada? Fontes afirma que “o arminianismo defende que a salvação é universal por três razões: (1) todos pecaram (Romanos 3:23); (2) a realidade do pecado é universal e (3) Deus deseja que todos sejam, só serão salvos quem corresponde a Sua graça” (FONTES, 2020. Página 95).

Embora as Escrituras afirmem que Deus ama a todos, muitos se aproveitam desse amor para “justificar as suas práticas do pecado”. Outros até “usam a Bíblia” para justificar as “outras formas de amor”, como argumento de que Deus não irá condenar, porque Ele é amor. Todavia, as Escrituras também ensinam que o Deus de graça condena todos que rejeitam o sacrifício de Jesus Cristo (João 3:36), e os que amam o pecado. Os que utilizam da “hermenêutica da hipergraça” para justificar todas as formas de amor, se esquecem de que Deus é santo e não compactua com o pecado. Esses que “usam o nome de Deus” para justificar as práticas do pecado, sofrerão também a justiça de Deus (Hebreus 12:29).

Bibliografia:

ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio – Volume 1. Rio de Janeiro. CPAD. 2015.

FONTES, Ediudson. A Soteriologia na relação entre o Arminiannismo e Pentecostalismo. São Paulo. Editora Reflexão. 2020.

OLSON, Roger. Teologia Arminiana – Mitos e Realidades.  São Paulo. Editora Reflexão. 2013.

WESLEY, John. Sermões de John Wesley. Graça Livre. São Paulo. 2006. IN: COUTO, Vinicius. Em favor do Arminianismo-Wesleyano – Um estudo bíblico, teológico e exegético de sua relevância na contemporaneidade. São Paulo. Editora Reflexão. 2016.

Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: O arminianismo crê na ‘Depravação Total’

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