A árvore falante

A árvore falante

Atualizado: Terça-feira, 26 Janeiro de 2010 as 12

Era quase oito e meia da noite, eu e minha filha voltávamos da praia. Vi uma árvore no meio de uma praça com três bancos embaixo e sugeri: Filha, senta ali que vou bater uma foto, olha que árvore linda, a foto vai ficar demais! Prontamente ela topou. Sentou e comecei a clicar. Rapidamente e assustada, ela levantou e veio em minha direção. Sem  entender, disse a ela: Filha, espere, volte ao banco, quero fazer mais fotos em outros ângulos. Ela, sem olhar para trás e com seriedade no rosto e na voz, encerrou a questão: Pai, vamos embora já, aquela árvore está falando. Minha expressão ficou assim: ??????????

Rob Bell, num de seus vídeos, faz uma observação super interessante, vivemos entre duas árvores. Todos nós, todas as nações, toda a história do planeta. Acreditando ou não, com fé ou sem fé, não importa, duas árvores marcam nossa caminhada.

Genesis, no capítulo dois, define as duas árvores no versículo nove: ... a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. Sobre as árvores, o versículo dezessete ordena ao homem não comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Andando um pouco, chegamos no capítulo três, onde somos informados da desobediência do homem e da mulher que comeram o fruto da árvore proibida. Então chegamos no último versículo do capítulo três e ficamos sabendo que homem e mulher, como resultado da desobediência, foram expulsos e, em seguida, Deus colocou anjos para impedir que os mesmos tentassem entrar novamente no jardim e assim impediu o acesso a árvore da vida.

Estamos entre estas duas árvores. A primeira, da ciência do bem e do mal, como consequência da nossa desobediência provocou a nossa queda. Dela e nela, continuamos a alimentar nossa curiosidade, ambição, egoísmo, tentação e sede de poder. O fruto desta árvore, que nos faz saber o que é ira, impureza, prostituição, feitiçaria, heresia, inveja, bebedice, inimizade e glutonaria, continua proibido. E mesmo proibido, tal fruto continua sendo introduzido no ventre do homem e escravizando-o na sua queda.

A segunda árvore, a da vida, é nosso anseio e sonho. O acesso impedido tem sua razão de ser. A prudência do céu é sempre perfeita. É melhor sermos pecadores mortais do que imortais. Imagine viver as misérias que vivemos, eternamente, só piorando a cada dia. Sem chance. Quando Deus impede o acesso, o faz para evitar a perpetuação do mal. Para reconquistar o acesso a árvore que dá vida é necessário aceitar a Cristo, nosso único caminho de volta ao lar.

Se Genesis inicia, Apocalipse conclui. Em Apocalipse capítulo vinte e dois, versículo catorze, esta verdade é declarada de forma cristalina: Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.

A vida em Cristo fala de paz, harmonia, santidade, emoção, felicidade, enfim, fala de um estado ideal de saúde, equílibrio e estrutura para se viver bem. Penso que quando amamos como crianças amam, experimentamos pequenos e rápidos flashs daquilo que será a vida eterna. Tão sonhada. Tão aguardada.

As duas árvores falam claramente quais são suas consequências. De uma, devemos fugir. Quanto a outra, devemos ir ao seu encontro. Em uma, morte. Em outra, vida. Acredite se quiser, no susto da minha filha, assim como num filme de quinze segundos na televisão, a perspectiva destas duas árvores que pontuam a história da raça humana, passou em minha mente.

Agora, vou esclarecer o susto da minha filha: Confuso, perguntei a ela: Sério? Como assim, a árvore está falando? Então ela esclareceu tudo: Pai, a árvore está cheia de crianças nos galhos! Eu só vi agora! Tudo que estávamos falando, as poses, as caretas, os sorrisos, eles estavam rindo de tudo, que mico! Depois da explicação dela, não resisti, me aproximei e fui embaixo da árvore. Realmente, estava carregada de crianças entre 5 e 8 anos no máximo, brincando a valer! Como a copa da árvore é super fechada pelas folhas não tinha como ver as crianças. E os galhos são super cheios de curvas e fáceis de subir, perfeitos para as fantasias e criatividade da criançada.

Crianças louvam a Deus muito melhor que adultos, crentes velhos, pastores e teólogos. Crianças são o que são, sem máscaras, preconceitos ou maldades. Aquela árvore da praia, criação de Deus, já tem vida. Com as crianças ganhou beleza, graça e muito mais vida. Agradeço a Deus pelo vislumbre de vida, e vida eterna, que Ele concedeu nas minhas férias, para mim e para minha filha. Minha esperança só aumentou naquela praia, creio firmemente que o Pai não vê a hora de contemplar seus filhos, salvos e repletos de alegria incontida, se deliciando com a indescritível beleza e as inexplicáveis emoções da árvore da vida. Se prepare, resgate a criança que existe em você. Se a Graça de Deus nos permitir, certamente nos encontraremos lá!

Paz!

pr. Edmilson Mendes

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

veja também