Você já ouviu essa frase. Casais a usam sem qualquer constrangimento hoje em dia, de tão desgastada. É quase um slogan para o fracasso conjugal, para o insucesso no lar, para a insatisfação de egos cada vez mais inflados, basta resumir a falência com a rápida frase “Acabou o amor” e pronto, problema resolvido, é só partir pra outra e ser feliz. Pelo menos é o que pensa a maioria que se acomodou a essa realidade.
Perguntas desconfortáveis surgem em algum momento pra questionar os resultados: O amor acaba? Sair fora resolve? Os que abraçaram esta equação estão realmente felizes? E amanhã, caso o amor acabe de novo, é só partir em busca de outras felicidades?
O amor, na perspectiva bíblica, não acaba. Enquanto uma decisão e um compromisso, ele é uma aliança. Na cosmovisão bíblica o casamento dura até que a morte os separe, e não até que o amor acabe. Até porque o amor é um sentimento extremamente sofisticado, a tal ponto que precisaremos de uma vida eterna para vivê-lo em sua plenitude, quando então estaremos na presença do Amor.
“Acabou o amor” pode significar muitas coisas. Frieza, indiferença, rejeição, violência, abuso, infidelidade, traição, fraqueza, descaso, abandono, omissão, covardia, distanciamento, desinteresse, mentira, ofensa, doença, desemprego, desespero. As variáveis são muitas, e todas de alguma forma atacam o que entendemos por amor.
“Acabou o amor” não é frase de um momento. É frase usada apenas para fazer transbordar um caldeirão que já está pela boca. O acúmulo de comportamentos, palavras, atitudes, escolhas, ações e eventos ruins, tiranos, tóxicos, em pequenas medidas, porém nunca conversados, questionados e resolvidos, vai deteriorando relacionamentos que dependem minimamente de algum afeto e, infelizmente, o “algum afeto” sumiu do dia a dia.
E se “acabou”, separa? É a solução? Cada caso é um caso e precisa ser tratado detalhadamente. Ninguém deve ficar sofrendo abusos ou ameaças físicas, ninguém. Existem sim muitas situações limites, mas não é a essas que me refiro. Falo sobre o relaxo que se transformou um relacionamento que por definição é sagrado, único, inviolável e pra toda vida.
Paulo, apóstolo, nos ajuda a compreender a força do amor verdadeiro quando nos oferece uma lista extensa: tribulação, sofrimento, carência, traição, angústia, demônios, inimigos, potestades, a própria morte, nada e ninguém nos separará do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Enfim, nos ensinos do apóstolo, o amor tudo sofre, tudo crê, tudo suporta, tudo espera. O amor resiste. E depois que a morte morrer, o amor continuará.
Então, se o amor não acaba, o que fazer? Afinal, muitos casais estão convivendo numa terra arrasada. Primeiro, Deus, fale com Ele, confesse erros, peça socorro, exponha falhas, clame pra que Ele renove o amor por sua família, em todas as esferas, espiritual, afetiva, social, erótica, todas. Então siga os passos da humilhação, como Cristo o fez por nós indo para à cruz. Temos a nossa cruz e o nosso eu precisa ser crucificado todos os dias, só assim somos capazes de perdoar, de pedir perdão, de arregaçar as mangas da alma e do coração e trabalharmos juntos com o Espírito Santo na restauração da nossa família.
Afirmo sem medo, existem no seu interior porções de amor, ainda. Em todos nós. E existe porque é um sentimento que não dominamos, somente Deus pode fazê-lo. O mundo, espertamente, banalizou a palavra “amor” e iludiu a muitos com “acabou a amor”, “preciso ser feliz”. Porém o tipo de amor que o mundo oferece é descartável e perecível, vence rápido.
Confie, para a restauração e bênção constante no seu relacionamento, no perfeito amor de Deus, pois é somente ele que lança fora todo o medo. TODO O MEDO de ser infeliz, de viver num inferno, de perder o sentido da vida. Confie em Cristo, Ele está mais interessado na felicidade e harmonia do seu lar do que você e, com os olhos do coração fixados nEle, o amor não acabará, antes será transformado, amadurecido e renovado a cada dia.
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Cuidado com a nomofobia