Aproveite bem o seu último minuto

E como se vive bem o último minuto? Como, se não sabemos quando será? Na pergunta está a resposta. Ou seja, como não sabemos, precisamos viver cada minuto como se fosse o último.

fonte: Guiame, Edmilson Ferreira Mendes

Atualizado: Quarta-feira, 7 Junho de 2017 as 5:06

Ampulhetas. (Foto: Getty)
Ampulhetas. (Foto: Getty)

Já corri para não perder o avião. Já corri para chegar no banco antes que fechasse. Já corri para não perder o início de um filme. Já corri para conseguir subir ao púlpito a tempo de pregar. Corri, perdi o fôlego, transpirei. Lembro que na maioria das vezes cheguei a tempo, valeu a corrida, valeu o esforço, valeu tentar.

Existem sabores que só são sentidos e percebidos no último minuto, aquele momento decisivo que definirá se conseguiremos ou não, se as coisas finalmente darão certo ou não. Sei que não estou sozinho nessa opinião. As pessoas que já experimentaram o livramento, o milagre, a bênção, a solução, a cura e a tão aguardada resposta apenas no fatídico minuto, são em um número incontável.

Saborear a beleza e a singeleza de tais minutos é apenas para os fracos. Fracos que resistem, que suportam, que enfrentam humilhações, que aceitam pagar o preço de viver a incerteza de uma espera. Fracos que choram, as vezes lamentam, reclamam sua própria incompreensão. Fracos que caminham, se arrastam e se levantam por causa da única força que os capacita, a força que vem do Senhor.

E como se vive bem o último minuto? Como, se não sabemos quando será? Na pergunta está a resposta. Ou seja, como não sabemos, precisamos viver cada minuto como se fosse o último. Sei que estou exagerando, ninguém consegue viver assim. Baixamos a guarda. Relaxamos. Precisamos desacelerar. Por vezes queremos desligar, não pensar em nada, é normal. Mas será que viver uma vida autêntica, livre de fantasmas na consciência nos acusando, sem maldade no olhar e no coração, sabendo chorar e rir de si mesmo, não seria uma boa forma de se viver cada minuto?

Pouquíssimos terão um último minuto num culto de adoração. Se é assim, e assim é, deveríamos todos entender que a verdadeira espiritualidade é integral, acontece no todo da vida e não apenas naquelas partes litúrgicas que homens definem segundo suas pobres interpretações. Nada disso! A liturgia da vida é bela, complexa, completa e total nas 24h do dia, todo dia.

Leonardo da Vinci, no último minuto da sua vida, deixou registrada a seguinte frase: “Ofendi a Deus e aos homens porque meu trabalho não atingiu a qualidade que deveria ter tido.” Caramba! Depois de toda obra que Leonardo deixou para a humanidade ele conseguiu, com uma única frase, nos tirar totalmente da nossa zona de conforto. Logo quando achávamos que já estava bom, que a qualidade estava ok, que já havíamos feito e produzido o suficiente, vem da Vinvi e solta esse míssel teleguiado aos nossos corações.

A maioria de nós não tem os dons que tinha Leonardo, mas temos dons. Especiais, exclusivos, únicos. Dons que o Pai nos presenteou. Se ainda não descobrimos quais são esses dons, precisamos pedir ao Doador que nos ajude a descobrir. Descobrindo, assim como o artista italiano, façamos ao longo da vida o nossos melhor, imprimindo em cada gesto e palavra a melhor qualidade que conseguirmos. Não diga que não dá mais, dá. Afinal, estamos falando de apenas um minuto, portanto de tempo, e há tempo para todas as coisas que são feitas debaixo do céu.

 

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