A armadilha dos resultados

A armadilha dos resultados

Atualizado: Segunda-feira, 18 Março de 2013 as 12:07

 

resultadosConheço alguns garotos especialistas em aprovação nos mais difíceis vestibulares. Como dizem: Descobriram a manha de como ir bem. Mas só vão bem no vestibular. Na sequência acadêmica deixam a desejar. No campo de batalha profissional, então, nem se fala. Enfim, são bons no resultado imediato, porém decepcionantes nos resultados a longo prazo.
 
A cobrança por resultados sempre melhores é uma constante no mundo dos negócios. Do ambiente profissional, esta cobrança já contaminou as mais variadas relações. Somos rotineiramente julgados pelos resultados que produzimos. E tais julgamentos, se feitos de forma simplista, tornam-se uma grande armadilha para nos derrubar.
 
É evidente que precisamos de bons resultados. É claro que os resultados obtidos são um item importante numa avaliação. Mas limitar análises e sentenças apenas a resultados é dar muita chance a injustiças.
 
Respeitando a ética, portanto sem citar nomes, pense nas denominações que mais crescem, que mantém seus cultos bombando, o resultado, tendo como referência somente os números, é o melhor possível. Mas não são essas denominações aquelas que mais deturpam as escrituras? Como podem então serem aprovadas apenas pelos bons resultados de faturamento? Percebe como tão somente analisar resultados é uma armadilha?
 
Pense em Moisés no deserto liderando o povo por 40 anos. Nos resultados imediatos, como a abertura do mar, cânticos e danças. Já nos episódios de fome e sede, murmurações e condenações. E quanto a Noé? Cem anos construindo um navio e nada de chuva, só zombaria e ridicularização. E o que diríamos dos discursos de Jesus? Dê a face direita para quem te deu uma bofetada na face esquerda. Como? Dar a outra face? Que resultado terei com isso? Duas faces com hematomas? Em cada história a armadilha está lá, com resultados que na maioria das vezes não dizem tudo.
 
Moisés, Noé e Jesus são ícones, não vale, diria você. Então vamos a um exemplo não tão bom, mas bem atual, Lionel Messi. O cara é considerado o melhor jogador de futebol do mundo. Aí, num dia infeliz, seu time, o Barcelona, perdeu de 2×0 para o Milan. Imediatamente os comentaristas de futebol, que na sua maioria são meros analistas de resultados, decretaram: Messi já era, o Barcelona está em decadência, Messi tem futebol ultrapassado, é impossível o Barcelona reverter este placar no jogo de volta. Bem, chegou o dia do jogo e o Barcelona ganhou de 4×0 com 2 gols do Messi. De novo, os analistas de resultados: Messi é gênio, Messi é rei, o Barcelona é uma máquina de jogar futebol. Ou seja, exageros tanto para cima quanto para baixo.
 
Não caia nesta armadilha. Muito menos deixe-se levar por ela. Não violente princípios apenas para conseguir os resultados que a massa exige. Ao contrário, desenvolva reflexões críticas, estude os vários ângulos e, se for o caso, dê sua contribuição aconselhando, ou orando, ou silenciando, ou ajudando, ou se afastando, ou sei lá o quê, mas procure o caminho da análise, do ouvir, da meditação, da ponderação. Dá mais trabalho, mas pelo menos a falácia dos resultados espetaculares perderá influência.
 
Por último e não menos importante. Olhe e analise resultados. Mas antes, olhe e avalie demoradamente, cuidadosamente e pacientemente, pessoas. Faça isso com respeito, critério e leveza. Afinal, julgar resultados imediatos é fácil. E perigoso. Difícil é ser o agente que provocará bons e duradouros resultados.
 
Paz!
 
por Edmilson Mendes
blog: calicedevida.com.br
twitter: @Edmilson_Regina
 

 

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