Baile de máscaras num poço sem fundo

Quando pensamos que chegamos ao fundo do poço, o poço se revela sem fundo, um buraco no qual não paramos de cair.

fonte: Guiame, Edmilson Ferreira Mendes

Atualizado: Quarta-feira, 15 Abril de 2020 as 2:05

(Foto: Pixabay)
(Foto: Pixabay)

Cada semana uma nova frustração. Disputas por informações seguem violentas. Debates sem fim se multiplicam. Cada polo defendendo sua razão e sistematicamente tentando destruir a narrativa do outro. Quando se pensa que finalmente o consenso será possível, novas ofensas, escândalos, interesses e bombas são divulgados. Quando pensamos que chegamos ao fundo do poço, o poço se revela sem fundo, um buraco no qual não paramos de cair.

Até quando? Beira o inacreditável o que estamos vivendo. Momento que deveria marcar um cessar fogo, onde todos se unissem para lutar contra um inimigo comum, se transforma numa guerra de egos, de vaidades, de orgulhos, de uma insaciável sede por poder, privilégio, fama e dinheiro, enfim, um oportunismo fúnebre.  Enquanto na vida real vai se morrendo de covid-19, mas também de frustração, descaso, desrespeito, abandono, fome, desemprego, depressão, suicídio, solidão, medo, ansiedade, pesadelo, amargura, agonia, tristeza.

Nas ruas, quando saímos, cada vez mais máscaras. O baile é sinistro. A dança é individual, exige distância, não permite abraço, beijo, mãos entrelaçadas. Cada um dança a sua dança. Cada um se esconde atrás da sua máscara. Todos com pressa, objetivos, decididos sobre o que fazer, comprar, consumir. É preciso voltar pra casa vivo, puro, sem correr riscos de contaminação. Mas tudo o que se quer é poder viver lá fora, para além dos limites da casa.

É um baile de máscaras esquisito. É um poço a cada semana mais profundo. Meu medo é quando anunciarem que as máscaras podem ser tiradas. Será que muitos de nós já não era exatamente assim? Distantes, isolados, sem aproximação, seres não relacionais? O fundo do poço vai chegar. As máscaras vão cair.

Por mais escandalosas, destruidoras e egoístas que sejam as intenções dos atores principais desta pandemia, tanto no Brasil quanto no mundo, existe um limite para elas. O limite é o fundo do poço no qual uma sociedade é capaz de ir. Na história, o que marcou a derrocada e o fim dos grandes impérios, foi justamente a decadência ética e moral em volumes inacreditáveis, momentos nos quais os céus simplesmente disseram: basta! Aquela mesma sentença que definiu o fim de Belsazar: Pesado foste na balança e foi achado em falta, o teu reino passou de ti.

Este é um momento de depuração. De provar a fé. De intensificar orações e fidelidade ao Rei. Este é um momento singular em nossa história, hora onde cada um de “...nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor”, pois é somente assim que seremos “... transformados de glória em glória.” (2 Cor. 3:18). Não dance nesse baile, nem se arrebente neste poço. Existe uma saída, e esta passa por olhar diretamente para Jesus, sem máscaras, o autor e consumador da nossa fé. Afinal, Ele não nos engana com passos falsos de dança, não nos abandona em nenhum poço e nunca nos iludiu com máscaras.

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

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