Não sou contra nem a favor, muito pelo contrário. Tenho uma vaga opinião a respeito. Se fulano está doente ou não é indiferente, não me importa. Estas afirmações explicam um pouco sobre a escolha de ficar neutro em variadas situações, sem tomar qualquer partido.
Outra boa explicação encontramos na França, segundo país do mundo a adotar os maços de cigarros neutros. O primeiro país a aderir a ideia e comercializar os maços foi a Austrália.
Com a mesma cor, forma, tamanho e tipografia, os maços têm um modelo único com o objetivo de ficarem menos atraentes, acabando com qualquer possibilidade artística no design das embalagens, minimizando ao máximo o glamour apelativo peculiar nestes produtos. Assim são os maços de cigarros neutros, com aparência absolutamente neutra.
Mas... e o cigarro? Este, de neutro, não tem nada. Continua sendo um mal para a saúde de australianos, franceses e brasileiros. E o consumo? Por conta de embalagens aparentemente neutras, diminuiu? Não encontrei pesquisas que respondessem esta pergunta. Porém, até onde sei, as drogas pesadas não vêm em maravilhosas embalagens, e mesmo assim seu comércio e todas as desgraças que o cercam só cresce.
Muita gente tem confundido equilíbrio com neutralidade. O neutro faz escolhas e toma decisões que lhe são convenientes, nem sempre são corretas, mas convém. O equilibrado faz escolhas e toma decisões conscientemente, ainda que por vezes tenha algum prejuízo, opta por viver em paz com sua consciência.
Nesta perspectiva crentes neutros produzem mais vulnerabilidade do que solidez para o corpo de Cristo. Afinal, concordar com tudo, aceitar passivamente as infindáveis inovações do mercado gospel, se deixar ser manipulado por lobos sedutores e famintos por dinheiro como resultado da fé de gente simples, considerar as liberalidades e libertinagens atuais como atitudes normais a aceitáveis, enfim, a neutralidade vigente tem tornado a igreja vulnerável a todo tipo de ataque, crítica e deboche.
A Bíblia não é um livro neutro. Ou se crê ou não. Para seguir a Cristo é necessário tomar a própria cruz. Ou é caminho largo ou caminho estreito. Vida ou morte. Benção ou maldição. Crente mais ou menos se arrisca a estacionar na encruzilhada neutra, sempre indefinida e indiferente, armadilha bem armada destes tempos pós-modernos que esvazia absolutos e impõe a pluralidade como a detentora do que deva ser a verdade.
Neste último final de semana de setembro/2014, em Maringá, após pregar num congresso para 400 mulheres, uma delas me abordou: “Lembra quando o senhor pregou há 11 anos atrás sobre os perigos de viver como um crente mais ou menos? Pois é, naquele dia finalmente me converti, o evangelho enraizou no meu coração e estou firme até hoje!”
Que bom! Me alegrei com aquela irmã de fé. A neutralidade nos mantém assim: neutros. E só. Assumir posições e definir opiniões têm seus riscos e dissabores, sim. Mas é caminho seguro para se desenvolver a maturidade e o crescimento de pecadores como eu e você. Enfim, neutro só sabonete e perfume, e olhe lá!
Paz!
- Edmilson Mendes
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