Uma história de amor e o drama do câncer. Se eu escrever mais que isso estragarei o filme “A culpa é das estrelas”. Não farei isso. Quero provocar uma estrada paralela e bem mais real que a do filme, a nossa. Estas vias existenciais que percorremos dia após dia.
Quantas histórias de amor nos cercam diariamente? Pense. Tem a história de amor da avó pelos netos. Da criança pelo cãozinho. Dos irmãos que são unha e carne. Dos alunos pelo professor. Dos casais que foram feitos um para o outro. Do trabalhador pelo seu ofício. Do velhinho que todo dia alimenta pombos. Pense. São muitas histórias expressando os mais variados tipos de amor.
São histórias que dão sentido a vida. Porque viver simplesmente para ganhar dinheiro, dominar técnicas, produzir, cumprir prazos, competir e não amar, seria quase uma negação da vida. E negação, infelizmente, é o que mais temos visto a cada dia.
Variados tipos de câncer relacionais vão se encarregando de fazer ruir as mais belas histórias de amor. Netos vão perdendo o respeito por seus avós. Cachorros são substituídos por brinquedos digitais porque dão menos trabalho e as crianças não atormentam. Irmãos se odeiam. Alunos, se pudessem, matariam professores. Casais se transformam em adversários mortais. Trabalhadores fraudam seu dever. Velhinhos são esquecidos em asilos.
E tudo porque se precisa correr atrás de mais, mais e mais. É urgente ter, ter e ter. A sociedade impõe que seja assim e, pressionados e reféns do câncer do status, da aparência, da vantagem, da esperteza, da sacanagem, simplesmente se vai aceitando imposições, esquemas, materialismos, enfim, golpes na alma, na vida e no coração.
Outro dia ouvi alguns argumentos justificando um número cada vez maior de pessoas fazendo o que fazem, achando tudo absolutamente natural. Ora, tal cantor pega todas e se dá bem... Tal político e todo seu partido rouba a vontade e nada acontece... Aquela cantora dá pra todo mundo e só é elogiada. Aqueles atores daquela novela consomem droga a vontade e continuam belos e saudáveis... Ah, quer saber, isso tudo é muito chic! Só um tonto para não usufruir!
Entendeu a linha de raciocínio? Para boa parte, a desculpa é das estrelas. Se as celebridades exaltadas pela massa e aprovadas pela mídia fazem, que mal pode existir? O lamentável é que não olham para o tanto de tragédias que cercam anônimos e famosos. Afinal, tragédia não escolhe endereço. Tragédia, na verdade escolhe aqueles que antecipadamente já a elegeram com suas escolhas. Estão aí as overdoses, ostracismos, doenças fatais, depressões, mortes por embriagues etc.
Como desculpa, estrelas até podem ser usadas. Mas as consequências do que fazemos somos nós mesmos que vamos viver. Pense nisso. Se é para olhar estrelas, que a escolhida seja a de Belém, aquela que levou até o menino Jesus, este sim, digno de ser imitado.
Paz!
- Edmilson Mendes
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