Pelo cultivo das bolas de sabão
Acabo de participar da confraternização de final de ano da nossa comunidade. Uma delícia. Churrasco, futebol, brincadeira, papo, comunhão. Mas algo me impactou, me fez viajar no tempo.
Estava indo do campo de futebol para a sombra de uma imensa mangueira, de repente, a Duda, uma garotinha de seis aninhos, me parou, mostrou seu brinquedinho de soprar e produzir bola de sabão e me disse: "Pastor, quer um? Pegue com a Tia Lurdinha, ela está dando! É de graça!". Em seguida, sem aguardar minha resposta, saiu correndo e produzindo muitas bolas de sabão. Dei uma rápida olhada em volta e percebi centenas de outras bolas de sabão. Então, descobri que a Tia Lurdinha, a diretora das nossas crianças, havia distribuído um brinquedo para cada uma, num total de aproximadamente 70 crianças.
Meu dia seguiu normal, mas aquela cena não saiu da minha cabeça.
Tão pouco e tanta felicidade. Era assim que estava a pequena Duda, feliz, extremamente feliz. Ela soprava e bolas de sabão se formavam, flutuando e refletindo o sol brilhante daquele dia, até que, em poucos segundos estouravam, provocando sorrisos de puro prazer na garotinha. Então, repetia-se a cena, sopro, bolas, emoção!
Será que não é isso que está faltando? A celebração do simples, do pouco? A valorização das pequenas coisas, dos pequenos eventos do dia-a-dia? Será? Sinto que muitas vezes somos engolidos por grandes esforços e gastos de energia, tudo para conquistarmos a tal felicidade, seja através de um empreendimento, uma superviagem, um caríssimo bem e, durante a busca, esquecemos dos pequenos milagres, das singelas belezas, enfim, da insistente vida que pulsa todo dia para dar sentido a nossa agenda.
Precisamos cultivar mais bolas de sabão. Um "por favor", um "muito obrigado", um elogio, um despretencioso abraço, um atento olhar, um interessado ouvir. Tudo isso deve ser cultivado mesmo correndo o risco de não sermos correspondidos. Sabe por que? Porque bolas de sabão acabam, estouram, aí a gente produz mais, e mais, e mais, contagiando com nosso riso e satisfação todo mundo que estiver por perto.
Ao final deste texto, caso você já esteja disposto a também cultivar bolas de sabão, não perca a parte mais legal, e também a mais profunda, da fala da pequena Duda: "Vai lá pastor, é de graça!". Eis o segredo da felicidade diária em Cristo, não é um produto nosso, mas uma dádiva dEle, e é de graça!
Com muito ou pouco, celebre a vida. Ótimas festas e super 2009 pra você. Fique atento, entre uma caminhada e outra, uma pequena Duda pode aparecer para lhe sorrir, simplesmente sorrir.
Paz!
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, tendo escrito quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".