Gol do Ronaldo! Será?

Gol do Ronaldo! Será?

Atualizado: Terça-feira, 10 Março de 2009 as 12

Para início de conversa, gosto de futebol. Tenho meu time, minhas preferências e também vibro com um gol. Paro por aí, é o meu limite. Um jogo não tem o poder de interferir nas prioridades da minha vida. Prioridades estas que ajudam a manter meu foco no céu.

Sistematicamente, desde que voltou ao futebol brasileiro, a imprensa expõe a imagem de Ronaldo, criando toda uma expectativa sobre quando seria sua volta aos gramados. Foi contra o Itumbiara e o seu primeiro gol, como você deve saber, foi contra o Palmeiras. Até aqui tudo bem, é só esporte.

Mas não é "só" esporte. É negócio. Fazia tempo, a Rede Globo não sabia o que era ter 35 pontos no IBOPE num domingo à tarde. E mais do que qualquer outra emissora, a Globo sabe muito bem promover essa euforia na audiência. A cada jogo transmitido, dos que antecederam a volta de Ronaldo, era comum ouvir do Cleber Machado e do Caio diálogos mais ou menos assim:

"- Você acha que ele volta no próximo jogo, Caio?

- Depende da condição física...

- Acha que ele vai jogar bem?

- Técnica ele tem, mas o Ronaldo não é um simples jogador, é um ídolo. A massa quer reverenciar o ídolo."

"Ídolo", esta é a palavra que aparece em praticamente todos os comentários e análises. Ou seja, um povo que não se rende a ética de Cristo, rende-se a qualquer coisa. Ídolo dá audiência, ídolo dá lucro, ídolo forma opinião, ídolo provoca o esquecimento de problemas, ídolo alimenta falsas alegrias, ídolo inspira emoções que não resolvem e impedem o cérebro de questionar as corrupções que acontecem.

Quer exemplos? Os próprios "ídolos" nos fornecem. O mundo está assistindo à volta de três ídolos e o esterismo desmedido provocado num exército de fãs-adoradores. São estes os três, o já citado Ronaldo, Michael Jackson e Britney Spears, todos causando frisson e êxtase. Ou seja, como eles foram elevados à categoria de "ídolos", qual o problema de noitadas com garotas de programas e travestis? Qual o problema em se contrair 400 milhões de dívidas em processos com advogados caros e indenizações por causa de acusações de abuso de crianças? Qual o problema de se usar e abusar de drogas e comportamentos pra lá de reprováveis? Qual o problema? Para os fãs-adoradores nenhum, afinal, ídolo pode tudo.

Sem Cristo, as pessoas passam a endeusar homens. Uma vez endeusados, estes homens tornam-se ídolos. Nesta condição cultual, ídolos passam a ter o poder de seduzir e ditar o certo e o errado, zombando de tudo e de todos.

Não há dúvida, a imagem mostra, o gol foi de Ronaldo. O problema é o significado que se deu e dá. O povo precisa de pão e circo para não atrapalhar os manipuladores deste País. Como povo de Deus, nossa sintonia com o evangelho precisa manter-se afinada, ouvindo as palavras finais da primeira carta de João quando, depois de fazer alertas e instruções, conclui seu texto com as sábias palavras: "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém" I João 5.1.

Gostamos de dizer aos quatro cantos que não somos idólatras. Vamos além, condenamos os que julgamos idólatras. Mas o perigo do terceiro milênio, esta era pós-moderna, é que a idolatria se tornou sutil, imperceptível, a ponto de tornar impossível uma lista satisfatória. Os três ídolos citados são ícones, fáceis de se perceber. Mas ídolos, pequenos e grandes, estão em toda parte, incorporados em pessoas, objetos, lugares, vícios, manias. Ídolos sugam nossa vida, energia, dinheiro, tempo, saúde. Ídolos exigem sacrifício, nos matam.

Obviamente, todos os nomes aqui citados, podem ter suas vidas salvas por Cristo. Mas não nos iludamos, tornar-se amigo de Deus é o mesmo que declarar-se inimigo do mundo. Pergunte para o ex-integrante do Olodum, Lázaro. Antes, um ídolo venerado. Agora, um servo amado por seus irmãos, mas propositalmente ignorado por aqueles que o admiravam na sua antiga carreira.

Não precisamos de ídolos. Somos amigos de Deus. Como amigos, Cristo é totalmente acessível. Falamos com Ele. Ele sabe quem somos, nosso nome, nossa história. Ele nos dá vida eterna e por nós uma vez morreu. Falsos deuses, de que categoria for, são apenas ídolos. O verdadeiro e único Deus não é ídolo, Ele é Deus, Senhor e Salvador, aquele que preenche todas as nossas necessidades, nos dá serenidade e capacidade para pensar, decidir e viver. Sendo assim, termino este texto parafraseando João, "leitores do Guia-me, guardai-vos dos ídolos. Amém."

Paz!

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

Contatos com o pastor Edmilson Mendes:

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