Lembra dos super-herois cheios de virtude e poderes usados em favor da justiça? Pois é, até na ficção dos herois os valores estão se invertendo. Em abril de 2011 será lançado um HQ com um super-heroi da maconha, o Marijuanaman. Trata-se de uma criação de Ziggy Marley, filho de Bob Marley, que será publicada pela Image Comics. Como já dito, é ficção. Lamentavelmente, uma decadente ficção.
Existirá público para exaltar um super-heroi como Marijuanaman? Infelizmente, sim. Dia 8 de agosto, o jornal Correio Popular, de Campinas, publicou uma matéria simplesmente assustadora, para uns, ou eu-já-sabia, para outros. Na reportagem, que entrevistou usuários e traficantes de drogas, é triste constatar como a juventude brasileira foi seduzida e laçada. O título da matéria vai direto ao ponto: Drogas são combustível das baladas.
Nos espaços noturnos frequentados e apreciados por jovens, as drogas mais consumidas são o ecstasy, o LSD e a cocaína. Praticamente todas as baladas têm oferta destas drogas. Em cada balada a distribuição não é feita por apenas um traficante, mas sim por vários distribuidores formiguinhas, assim chamados porque andam com pequenas quantidades e dificultam o trabalho da polícia. Sem qualquer tipo de constrangimento, o traficante entrevistado deixa claro que na noite não existe espaço para compaixão, ele diz: "Se o consumidor tiver uma overdose, o problema é dele e não meu, ele nem sabe que eu existo. Por mais que os políticos tentem, que a mídia seja contra, sempre vai existir consumidor. É chover no molhado."
O principal alvo é o jovem da classe média, pois é quem pode pagar por um comprimido de ecstasy ou um microponto de LSD algo entre R$ 20,00 e R$ 30,00. O faturamento por noite, segundo o traficante, chega até uns R$ 4.000,00 numa boa balada, já numa rave, o faturamento chega a R$ 20.000,00. Um garoto, usuário e frequentador destes ambientes, também deixa sua fala na reportagem: "Tive experiências com várias drogas sintéticas. LSD, ecstasy, mescalina sintetizada, ketamina, GHB, anfetamina...Já vi, muitas vezes, gente misturar essas coisas com bebida alcoólica nas baladas, inclusive o ecstasy, que não é uma droga segura de se misturar com álcool. O perigo é imenso", afirmou o jovem.
E a maconha? A matéria identificou que os ambientes preferidos pelos usuários são o campus universitário, o show, a casa. Ou seja, sobram clientes e traficantes para cada tipo de gosto. Como o dinheiro é rápido e fácil, praticamente todos que poderiam representar uma barreira são devidamente comprados por propinas, que vão desde o fornecimento gratuito da própria droga, passando por taxas em dinheiro até carro zero. É o que afirma o traficante na reportagem sobre como consegue se livrar dos donos dos estabelecimentos, seguranças, fiscais e policiais. Sempre que entra político ou policial novo na região, querendo moralizar o ambiente e acabar com o tráfico, eles se recolhem e saem de cena, aí "quando baixa a poeira, a turma volta, a gente não é besta", em outras palavras, o que o traficante está dizendo é que besta somos nós. A última pergunta confirma que de besta o traficante não tem nada: "Você consome drogas? Não, nunca."
É triste, mas não vai faltar público para o Marijuanaman. Tanto é verdade, que a Image Comics, nos seus anúncios tem usado o seguinte slogan: Marijuanaman, o super-heroi de uma nova geração.
De que nova geração estamos falando? Desta nossa, atual, que assiste espetáculos atrás de espetáculos deprimentes através dos incessantes escândalos de corrupção dos nossos políticos, que seguem impunes. Que vê a falência nas relações familiares que descartou os princípios do Deus eterno e abraçou os discursos do hedonismo, secularismo e materialismo exacerbados da nossa sociedade. Que vê a ética ceder a preferência para a esperteza. É esta a nova geração que vai consumir, divulgar e aplaudir o Marijuanaman. Afinal, para quase todo lado que esta geração olha não vê mais as boas referências, os bons testemunhos, pois os lugares sagrados há muito se confundiram com os seculares. Em ambos se vê divórcio, separação, traição, prostituição, vício, vingança, inveja, ódio, falcatrua, enganação, exploração. Esta geração precisa voltar a ver o irmão-heroi, o pai-heroi, o pastor-heroi, o presidente-heroi. heroi na perspectiva da simplicidade e do bom exemplo. Caso contrário, nossa incapacidade de sermos melhores modelos vai extinguir a possibilidade de formarmos imitadores de Cristo. No fim, vale o desabafo cantado por João Alexandre: Chega dessa droga de vida, chega dessa vida de droga.
Paz!
pr. Edmilson Mendes
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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