Já era uma vez

Já era uma vez

Atualizado: Quarta-feira, 11 Setembro de 2013 as 7:52

Já era uma vezContos de fadas deveriam ser apenas “contos de fadas”. Aquela ficção cheia de inventividade, fantasia, personagens encantadores, o bem vencendo o mal, o príncipe e a princesa sendo felizes para sempre, o dragão sendo derrotado, enfim, tudo seguindo um script inesquecível e imutável para a frase início, “era uma vez”, nunca perder o seu encanto.
 
Mas nossos heróis, como já afirmou um falecido poeta, em grande parte morreram de overdose. Seja lá o tipo de overdose que for. Overdose de orgulho, de maldade, de falsidade, de luxúria, essas “drogas” que são mais comuns do que imaginamos. Overdoses que são doses para nossas ingenuidades que desandam a acreditar em qualquer coisa, qualquer rostinho bonito, qualquer conto de fadas. Aí, quando a decepção chega, já era uma vez.
 
Um conto de fadas atual, decepcionantemente atual, acaba de ser encenado por Miley Cyrus. Observe os textos que vou transcrever: “Ex-estrela de uma série bobinha da Disney – Hannah Montana – que ainda briga para se firmar no pop de gente grande... Mas o momento para fazer corar até as ‘preparadas’ do funk carioca veio depois, quando ela se uniu a Robin Thicke para interpretar Blurred Lines, sucesso do cantor. Com um traje mínimo, Miley esfregou-se acintosamente em Thicke, que respondeu com animação ao balanço carinhoso da moça... Miley ainda transformou um dedo de espuma, daqueles que os torcedores de futebol americano costumam levar aos estádios, num objeto fálico”.
 
Os textos entre aspas do parágrafo anterior referem-se a apresentação de Miley Cyrus no último Video Music Awards, da MTV. O texto lembra o que ela fazia: um seriado bobinho da Disney. E o que ela acaba de fazer: uma encenação que até as preparadas do funk morreriam de vergonha.
 
Perceba o estrago. Milhões de crianças vibraram com Hannah Montana, para elas Miley era um modelo, uma referência, um ídolo. Agora, como ela, seus fãs também cresceram. E fazem o mesmo que adolescentes do mundo inteiro fazem, vivem conectados na internet, entre outras coisas, assistindo vídeos. E o vídeo com as esfregações da dupla Miley e Robin, nos sites de vídeo, até o final de agosto já contabilizava mais de 15 milhões de acessos.
 
Mal comparando, para a geração que cresceu com ela e a acompanha, ela começou como cinderela, mas transformou-se na bruxa má. Alguns dos seus fãs certamente se chocaram. Mas uma grande porcentagem deve ter achado o máximo, como dizem: a mina arrasou!
 
No mesmo show apresentou-se o cantor Justin Timberlake. Perguntado sobre o que havia achado da performance de Miley Cyrus, minimizou: “Ela está tentando crescer”. Entendi. Uma apresentação eroticamente bizarra é uma tentativa de crescimento. Pode até ser que seja. Mas quem assim procura crescer crescerá como e para onde?
 
O que a Miley faz ou deixa de fazer é problema dela. Mas deveríamos prestar atenção nas bizarrices que com frequência acontecem no meio do chamado povo de Deus. Bizarrices que só fornecem combustível para os sites de humor e a imprensa despudoramente intolerante com as filosofias e doutrinas cristãs. Ou seja, bizarrices que dão conteúdo para os de fora falarem um monte.
 
É comum assistirmos gente começando na fé como num conto de fadas. Tudo puro, cheio de ideal, boa intenção, fidelidade, arrependimento e entrega incondicional, em gestos que a bíblia chama de primeiro amor. No entanto, passado um tempo as bizarrices surgem e esparramam escândalos para todo lado, fazendo escandalosos e escandalizados parecerem uma coisa só. Coisa que não são, mas para a opinião pública somos uma coisa só, bons e maus, falsos e verdadeiros, charlatães e piedososs, enfim, a mídia propositalmente faz questão de confundir e tratar a todos como uma massa de ignorantes que ainda vivem na idade das trevas.
 
A performance de Miley teve projeção midiática, com críticas, reprovações e comentários em centenas de canais. Já as más performances anônimas que se multiplicam em templos e comunidades não têm a mesma projeção, mas diria que destroem bem mais, pois são protagonizadas por gente como a gente. Gente nossa, as vezes. Gente amada, as vezes.
 
E por que o ser humano se sujeita a ridículos e escândalos tais? A essência da resposta, para mim, é a ausência de Cristo. Seja a famosa Miley ou os milhares de anônimos, cristãos ou não, enquanto o “eu” não for destronado seguiremos assistindo depravações, pois como disse Paulo “... vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. Gálatas 2.20. Ou seja, somente com Cristo reinando no coração é que o homem poderá encarar os caprichos da própria carne e seguramente afirmar: Já era uma vez! Deixei as ilusões dos contos de fadas para viver uma nova realidade em Cristo Jesus.
 
Paz!
 
- por Edmilson Mendes
blog: calicedevida.com.br
twitter: @Edmilson_Regina
 

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