“A vida é maravilhosa se não se tem medo dela”, Charles Chaplin. Mas diante de eventos diários tão assombrosos como os que temos acompanhado, como não ter medo? Olhe com atenção os olhares que passam por você, na rua, nos carros, nos ônibus, nos trens, nas lojas. São olhares desconfiados, duvidosos, ansiosos, apavorados, com medo.
Medo de ser atingido por pragas que rodeiam a todos indistintamente. Um assalto, uma bala perdida, um vírus, um trote, um golpe, uma mentira, um vexame, uma vergonha, uma humilhação, um bullying, uma ofensa, uma calúnia, enfim, medo de ataques gratuitos que são desferidos contra nós, muitas vezes sem nem sabermos de onde vêm, sem saber o porquê.
O medo enquanto dispositivo para nos alertar quanto ao perigo, é bom, pois nos livra de encrencas e riscos desnecessários. Porém o medo inexplicável, acima de qualquer compreensão lógica, é paralisante. É esse tipo de medo que impede a vida de ser maravilhosa, como disse Chaplin. E se tirarmos as potencialidades “maravilhosas” da vida o que resta é pavor, angústia e medo.
Medo de tudo. Medo das coisas, dos contratos, dos contatos, das pessoas, dos desafios, do amanhã, de arriscar, de amar, de ajudar, de confiar, de honrar, de corresponder, de crer. Insisto, olhe a sua volta, os eventos danosos destes tempos estão engolindo com eficácia a esperança da maioria, sufocando a todos pela imposição de medos assustadores.
São tempos escuros. São tempos mergulhados em trevas. Os Textos Judaicos oferecem um pensamento eficaz para tempos assim: “Se o homem carrega sua própria lanterna, não precisa ter medo do escuro”. Perfeito. Luz é o que precisamos, o que carecemos, o que necessitamos com urgência. O escuro produz medo, no escuro não dá pra andar, e o medo, por sua vez, conclui o serviço paralisando quem quer continuar.
A poesia hebraica nos dá um sábio conselho no Salmo 119:105, “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra; ela é luz para os meus caminhos.” Se queremos caminhar apesar da escuridão, das ameaças, dos monstros de todos os tipos que nos atacam, precisamos desta lâmpada, a Palavra de Deus.
E por que exatamente a Palavra se constitui uma luz para os nossos caminhos? Exatamente porque ela traz a revelação do céu sobre a vontade do Eterno, o caminho da justiça, a necessidade do amor, a urgência do perdão, a capacidade da resignação, a força pra suportar, a coragem pra confiar, a humildade para obedecer, a fé para receber a Cristo.
Sim, estes são tempos de medo. Contudo, se olharmos atentamente os dois mil anos de Cristo até aqui, veremos que o mundo sempre enfrentou ataques, nenhuma geração foi poupada. O desespero atual fica por conta da multiplicação, rapidez e intensidade como a história está caminhando. Mas não importa, a lâmpada da Palavra não é a pilha e nem a bateria que facilmente descarregam, ela é alimentada pela unção do Espírito, portanto potente e eterna, mais que suficiente pra iluminar nossos passos nesses tempos tão obscuros.
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
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