Um monstro chamado tempo

Um monstro chamado tempo

Atualizado: Sexta-feira, 29 Agosto de 2008 as 12

"Fiquei muito irritado com você, há alguns anos, quando me disse que não havia nada melhor que um dia atrás do outro para resolver meu problema. Só agora lhe entendo..."

Ouvi a frase acima de uma ovelha. Na época do conselho que dei, tudo o que ela queria era uma solução imediata para os seus problemas. Mas os seus problemas eram complexos, frutos de escolhas erradas. Essencialmente, o que eu tentei mostrar era a realidade da paciência ao longo do tempo, pois só com o tempo feridas seriam saradas, ciclos seriam concluídos, demandas seriam satisfeitas.

Não fomos treinados para sofrer e, dentre os mais variados tipos de sofrimento, um que machuca muito é o sofrimento causado pela espera. No início até nos comportamos bem, agimos com fé: "a cura está chegando", "vou conseguir a vaga!", "serei aprovado", "as coisas vão melhorar!". Mas com o passar do tempo tudo continua igual, sem nada acontecer, fazendo o ato de esperar ser cada vez mais sofrido.

Para piorar, as coisas ficam mais confusas quando fazemos tudo certo e, inexplicavelmente, tudo caminha para dar errado.

Como dizem por aí, um dia atrás do outro se transforma numa semana, uma semana atrás da outra se transforma num mês, um mês atrás do outro se transforma num ano, um ano atrás do outro se transforma numa vida! E quem quer jogar fora uma vida?

Esse é o fator implacável do tempo, pois a medida em que se prolongam nossas esperas, o tempo mais parece um monstro que vai devorar, destruir, aniquilar todo o nosso sentimento de esperança.

A convicção que não dá mais chega a ser tão grande, que muitos decretam a derrota. Esquecem-se de um expediente de Deus, que é o de agir no último instante, agir quando tudo parece perdido, agir quando tudo e todos dizem: é impossível!

Tente imaginar a pressão sobre Moisés: "E agora, Faraó está com seu exército praticamente em cima de nós, não somos capazes de fugir pelas montanhas, muito menos pelo mar, e agora, você não se apresentou como libertador? Vamos morrer? Vamos nos entregar? Vamos perder nossas famílias? Como vai ser Moisés, como?!?".

A resposta de Deus foi enigmática, apenas provocava a fé, "diga aos filhos de Israel que marchem", Êxodo 14.15. Então, na última hora, quando tudo parecia irremediavelmente perdido, com as armadilhas provocadas pelo monstro do tempo demonstrando que iriam destruir a todos, o mar se abriu e o povo foi liberto.

Por esses dias, eu e você vimos a conquista da sétima medalha de ouro do Phelps, o nadador americano que conquistou oito ouros em Pequim, único na história das Olimpíadas. Destaco a sétima porque todos, inclusive repórteres e locutores, mesmo com as imagens, no último segundo da prova diziam, "ele não conseguiu, chegou em segundo lugar... (Aí, com seus braços enormes, ele deu uma última e velocíssima braçada, batendo a mão na parede um milésimo de segundo mais rápido que seus oponentes, foi então que apareceu na tela o nome de Phelps em primeiro lugar. Neste instante, os locutores foram à loucura)... É inacreditável, Michael Phelps conseguiu seu sétimo ouro por um milésimo de segundo!".

Quem é Michael Phelps? Um atleta bem dotado, determinado e muito aplicado. Quem é o Deus que adoramos? É o criador do universo, o criador do ser humano, o doador de dons e talentos, é aquele que ordena e os exércitos do céu lhe obedecem, é, enfim, o Senhor do tempo. Basta um milésimo de segundo, basta Deus tocar a mão dEle em nossa história e tudo muda, tudo se transforma. Aquilo que todos falavam: "É derrota!", Ele vem e surpreende: "É vitória!".

Não estive em Sidney, Atenas e Pequim. Mas estou sendo treinado em batalhas, lutas e competições que a vida impõe. Destes combates quero sair qualificado para a cidade que todo atleta de Cristo sonha, a Nova Jerusalém. Lá não terá a frustração do último lugar, do bronze e da prata. Lá terá coroa para todos, pois todos que chegarem serão vencedores! Lá descobriremos, inclusive, que o monstro já não assustará, pois deixará de ser um tempo de angustiantes esperas, como hoje conhecemos, para ser a vivificante e inesgotável experiência de alegria e paz sob o comando de Cristo eternamente.

Sendo assim, com fé, suporte as suas esperas. O último milésimo de cada batalha pertence a Deus, Ele saberá a hora de tocar com sua poderosa mão.

Paz!

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, tendo escrito quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

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