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Nínive — Um Autêntico Avivamento

Nínive foi uma cidade completamente avivada no sentido mais original da palavra.

fonte: Guiame, Getúlio Cidade

Atualizado: Terça-feira, 15 Agosto de 2023 as 1:39

(Foto ilustrativa: The British Museum)
(Foto ilustrativa: The British Museum)

Avivamento é uma palavra usual no meio cristão, muito falada, porém, confundida e pouco experimentada. A razão disso é que avivamento pouco tem a ver com espetáculos de músicas de louvor, luzes e danças, grandes aglomerações em estádios e até mesmo conversões em massa. Se tais conversões não forem motivadas por um arrependimento genuíno das más obras, tudo não terá passado de um ajuntamento. Ainda que tais eventos sejam marcados por sinais e curas milagrosas, sem tal arrependimento genuíno, estarão fadados ao esquecimento e tampouco darão frutos duradouros.

Segundo as Escrituras, o único relato de uma cidade inteira a se converter completamente a Deus, desde seu rei ao mais inferior dos homens, foi o de Nínive. E isso só foi possível porque seus habitantes se arrependeram de seus maus caminhos ao serem exortados por Jonas. Assim, pode-se dizer que Nínive foi uma cidade completamente avivada no sentido mais original da palavra.

O profeta rebelde

Dentre todos os profetas, Jonas se destaca por um lado negativo. Ele relata no livro de sua autoria que, ao receber a ordem de Deus de ir para Nínive, toma a direção contrária e vai para Társis “a fim de fugir da presença do Senhor” (Jonas 1:3). Não é comum ver esse tipo de comportamento nos profetas de Israel. Todos eles têm suas fraquezas e falhas, porém, nenhum se mostra tão rebelde como Jonas. No entanto, sua rebeldia lhe custou caro. Ele aprendeu de forma dolorosa que não se busca descanso fugindo de Deus.

Por falar em descanso, o sono pesado de Jonas durante a tempestade que açoitava o barco não era de tranquilidade, mas do peso da culpa. Tanto foi assim que, logo que despertado pelos marinheiros em desespero, ele o reconheceu, alegando que toda aquela tormenta era devido a seu ato de fugir da presença do Senhor. Por esse motivo, o mar ficava cada vez mais bravio à medida que o tempo passava. A solução era, segundo o próprio Jonas, que a tripulação o lançasse pela borda para que o mar se acalmasse. E assim foi.

A rebeldia de Jonas, ao fugir da presença de Deus, apenas aumentava a força do vento e das ondas a cada momento. Quando seguimos no caminho da obediência, as tempestades que surgem para nos afligir e provar têm um tempo designado por Deus para cessarem. Quando, porém, seguimos no caminho da rebeldia, as tempestades nunca cessarão; apenas aumentarão de intensidade. Será impossível alcançar o porto de destino.

A misericórdia de Deus em ação

Jonas é lançado para fora do barco pelos homens e a fúria do mar cessa imediatamente, o que leva o temor do Senhor àqueles marinheiros que oferecem sacrifícios a Deus e lhe fazem votos. Assim, Ele usou a situação de rebeldia de Jonas para alcançar toda a tripulação daquele barco e lhe mostrar misericórdia. Quanto a seu filho rebelde, Ele também não permitiu que morresse afogado, mas preparou-lhe um grande peixe para que o tragasse, onde permaneceu por três dias e três noites.

E é das entranhas desse grande peixe, nas profundezas do mar, que Jonas encontra a presença divina, clama ao Senhor, converte-se de sua rebeldia e se consagra inteiramente a Ele. Essa bela oração está no capítulo 2 de seu livro e é também uma profecia a respeito da ressurreição de Yeshua. Muitas vezes, é necessário que sejamos lançados nas profundezas do caos para termos um encontro com Deus. Porém, se de fato percebemos sua presença e nos rendemos a Ele, esse caos terá valido a pena.

Ao se dirigir novamente para Nínive, agora sem hesitar em obedecer, Jonas foi o primeiro a mostrar arrependimento, corrigindo literalmente seu rumo, indo em direção à vontade de Deus e não em caminho contrário. Só assim seria possível pregar a palavra de arrependimento à iníqua Nínive. O profeta possuía agora autoridade para exortar o povo da cidade, pois vivia o que pregava.

Jonas em hebraico é יונה (Yonah), o mesmo nome para pomba. A primeira vez que uma pomba aparece nas Escrituras é em Gênesis 8, quando Noé solta a ave para verificar se as águas do dilúvio haviam baixado. Essa é uma passagem profética e parece condensar a história da vida do profeta rebelde muitos séculos depois. Assim como a pomba (yonah) se afastou de Noé e não encontrou descanso por causa das muitas águas, Jonas (Yonah) também se afastou do Senhor e não encontrou descanso devido às águas tempestuosas do mar.

O profeta outrora rebelde agora prega para que toda a cidade de Nínive se arrependa. Para sua surpresa, é exatamente isso que ocorre. Ao ouvirem sua exortação, os ninivitas creem em Deus, jejuam e se vestem de pano de saco, um sinal explícito de humilhação e quebrantamento. A mensagem alcança o rei da cidade que proclama um jejum para todos os habitantes, incluindo os animais.

O arrependimento primeiro ocorre no coração de um homem que, em seguida, exorta uma cidade inteira a fazer o mesmo, voltando-se para Deus, antes que pereçam em suas más obras. Toda uma cidade se arrepende e confessa seus pecados perante o Senhor. Por fim, o próprio Senhor “se arrepende” de destruir a cidade; todos são salvos pela graça e misericórdia de Deus. Esse é o ciclo completo do arrependimento e que sempre ocorre na salvação de uma pessoa, de um grupo, de uma cidade ou de uma nação. Arrependimento, confissão, mudança de mente e atitude. Foi assim com Jonas, com a tripulação do barco em que viajava e com toda a cidade de Nínive. Isso é a real essência de um avivamento. É a pura misericórdia de Deus em ação.

Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor do livro A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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