Preguiça: alergia ao trabalho

Se o preguiçoso usasse sua ginástica mental, utilizada para criar desculpas, para trabalhar, poderia ser um indivíduo próspero.

fonte: Guiame, Hernandes Dias Lopes

Atualizado: Terça-feira, 17 Novembro de 2015 as 5:04

O preguiçoso tem alergia ao trabalho. Sente urticária só em pensar que precisa sair de seu comodismo. A preguiça é indolência crônica e irresponsabilidade consumada. A preguiça desemboca em pobreza e penúria. Três fatos serão aqui destacados:

Em primeiro lugar, as desculpas do preguiçoso (Pv 26.13). “Diz o preguiçoso: um leão está nas ruas”. O preguiçoso é um especialista em arranjar desculpas. Emprega toda sua energia e todo o seu esforço mental para criar mecanismos de defesa, para inventar razões para não trabalhar. O preguiçoso vê o que não existe, aumenta o que existe e foge daquilo que deveria procurar. O provérbio em apreço mostra até que ponto o preguiçoso é capaz de chegar em suas desculpas. O leão é um animal selvagem que vive em algumas savanas, longe de lugares habitados. O leão não perambula pelas ruas. Não transita entre os homens. Não vive às soltas nas ruas. Mas, como o preguiçoso precisa encontrar uma justificativa para sua inércia, inventa essa descabida desculpa. Se o preguiçoso usasse sua ginástica mental, utilizada para criar desculpas, para trabalhar, poderia ser um indivíduo próspero. Mas, ele prefere ficar confortavelmente em seu leito, virando de um lado para o outro, descansando. Ele cansa de descansar; então, descansa até cansar. O preguiçoso viu ameaça onde não tinha ameaça, mas o verdadeiro leão que viu nas ruas é sua pobreza que chegará e desse leão ele não escapará.

Em segundo lugar, a cama do preguiçoso (Pv 26.14). “Como a porta que se revolve nos seus gonzos, assim, o preguiçoso, no seu leito”. A cama do preguiçoso é o seu quartel-general. É dessa trincheira que ele inventa todas as suas estratégias para não trabalhar. O preguiçoso se revolve no seu leito como uma porta se revolve nos seus gonzos. Uma porta se revolve nos seus gonzos, mas não sai do lugar. Ela abre e fecha o tempo todo, mas fica estacionada no mesmo lugar. Assim é o preguiçoso. Ele se mexe na cama. Ele vira de um lado para o outro. Mas, ele não se levanta para agir. Ele não pula do leito para trabalhar. Seu descanso parece não ter fim. Seu sono parece nunca acabar. Está sempre cansado. Sempre precisando de mais descanso. O trabalho é para ele um perigo e uma ameaça. O leito do preguiçoso é sua câmara de segurança. O seu quarto é seu castelo seguro. O sono para ele é mais doce do que o mel. O conforto do seu quarto é para ele melhor do que as maiores conquistas do trabalho. Sua recompensa é descansar um pouco mais até que a pobreza bata à sua porta como um leão faminto.

Em terceiro lugar, o engano do preguiçoso (Pv 26.16). “Mais sábio é o preguiçoso a seus próprios olhos do que sete homens que sabem responder bem”. O preguiçoso não tem apenas as mãos frouxas para o trabalho, mas também, a mente ágil para a soberba. Ele se julga mais inteligente que o maior dos gênios. Acredita que sua filosofia de vida, rendida à preguiça crônica, está acima de todas as outras. Arrogantemente estadeia sua sabedoria e aplaude a si mesmo, julgando-se melhor do que os outros. Entoa, com o peito estufado, o cântico “quão grande és tu” diante do espelho. Acredita que é mais sábio a seus próprios olhos do que sete homens que sabem responder bem. O preguiçoso tem uma visão distorcida não só do trabalho, mas também de si mesmo. Vê o trabalho como ameaça e a si mesmo como sábio. Tem uma visão exagerada de si mesmo, a ponto de achar-se melhor do que os maiores sábios. A preguiça tirou-lhe o bom senso, embaçou seus olhos, entorpeceu sua mente e afrouxou seus braços. O preguiçoso é um indivíduo não apenas tolo, mas também auto-enganado. Pensa ser quem não é. Literalmente, ele dorme o sono da morte. Sua máscara só cairá no dia da calamidade. Então, perceberá tarde demais, que suas desculpas foram esfarrapadas, sua sabedoria não passava de consumada tolice e seu sono confortável lhe empurrará para o abismo da calamidade irremediável.

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