“E, estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com unguento de grande valor, e derramou-lhe sobre a cabeça, quando ele estava assentado.” (Mateus 26.6 e 7)
Existem ao menos quatro tipos de perfume, sendo que cada um pode representar um tipo de amor: o amor passageiro, que logo termina; o amor mais emotivo, mais inconstante; o amor consciente, mais controlado; e o amor que ultrapassa o tempo, que entra para a eternidade. Este tipo de amor é o mais raro e valioso.
A essência do perfume mais barata é a cítrica, pois é considerada mais leve, com menor aroma, um tipo de perfume que representa o nível menor de amor, que no grego pode ser representado pela palavra “eros”, que é o amor erótico, baseado em aparência, um amor passageiro.
O outro tipo de essência do perfume, que representa o amor emotivo, mas inconstante, é a essência apimentada, que possui algum valor monetário. Esse tipo de perfume representa o amor “storge”, que é o amor afetivo. Apesar de ser um tipo de amor valioso, ele é inconstante e limitado.
Também existe o perfume amadeirado, que representa o amor consciente, que é mais forte, com uma essência mais pura e que marca mais onde passa, tornando o seu valor ainda maior. Esse tipo de essência representa o amor “fileo”, que é um amor equilibrado, porém controlado e limitado.
O perfume de maior valor é o que tem a sua essência oleosa, que representa o maior tipo de amor, o amor perfeito, que é o amor “ágape”. Este tipo de amor é o mais raro e valioso. Muitos consideram este o modelo de amor divino, amor incondicional e cultivado conscientemente. É o amor perfeito.
Na Palavra de Deus, existe a história de Maria de Betânia, uma mulher que expressou o mais alto nível de amor, quando decidiu ofertar uma essência pura, de grande valor. A história desta mulher é tema de um dos livros que escrevi, o livro “Maria de Betânia, A Face do Amor”. Nele falo sobre como esta mulher conseguiu demostrar o mais belo sentimento por Jesus Cristo.
Essa mulher humilde conseguiu demonstrar o valor de seu sentimento por Jesus Cristo, quando derramou sobre o Senhor o que ela tinha de melhor, conforme no texto em epígrafe. Ela doou o que tinha de mais valioso, que era uma essência cujo valor era equivalente a um ano de trabalho. Por isso, diante da sua atitude, Maria se tornou um modelo de adoração.
Isso aconteceu quando Jesus Cristo estava participando de uma ceia, na casa de Simão, o leproso. Naquela ocasião, em meio aos convidados, Maria surpreende a todos derramando o perfume sobre Jesus Cristo. A Bíblia diz que aquela ceia havia sido organizada para o Senhor: “Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele” (João 12.2).
Maria derramou nos pés de Jesus um frasco inteiro de um unguento caríssimo, uma essência oleosa, representando o amor mais precioso. Maria “[...] tomando uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento” (João 12.3).
Judas Iscariotes criticou a atitude de Maria, argumentando que o vaor daquele perfume poderia ajudar aos pobres, pois tratava-se de um “nardo puro”, cujo valor era de cerca de “trezentos denários”. Porém, Judas foi repreendido pelo Senhor Jesus, pois aquele gesto representava o maior amor, o amor “ágape”.
A essência de Nardo (Nardostachys jatamansi) era feita a partir de uma planta originária do Nepal, China e Índia. Portanto, era uma essência valiosa, um óleo usado como perfume ou para fins medicinais. Este óleo vinha dentro de um vaso, que no caso de Maria era o de alabastro, um tipo de cerâmica especial.
Maria de Betânia demonstrou um tipo de amor valioso, cujo perfume pode ser refletido através de toda a obra de Deus em favor da humanidade. Este amor é chamado no hebraico de “ahava”, um amor puro e verdadeiro.
A palavra hebraica “ahava” nasce a partir de duas outras palavras, que são “hav” e “ahav”, a primeira palavra significa “dar”, enquanto que a segunda significa “amado”. A junção destas duas expressões hebraicas forma à palavra utilizada para exprimir amor, o que significa que “dar é fundamental para amar”.
A Bíblia é um livro que expressa este mais puro amor, ela fala de Deus que criou o mundo para amar, e ainda que o homem tenha caído, ele ainda continuou amando. O amor de Deus é demonstrado por meio da sua doação, da sua oferta.
A Palavra de Deus diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16).
A Bíblia revela este amor de maneira tremenda, de várias formas, com todos os níveis, e a definição do amor vem exatamente da palavra de Deus. E este amor deve ser compartilhado como um perfume que se espalha no ar, alcançando toda a humanidade.
Na época de Jesus Cristo, quando Maria de Betânia derramou sobre ele aquele perfume, havia o costume das noivas trabalharem durante todo o ano para comprar a essência que seria derramada sobre o noivo na lua de mel. O gesto de Maria de Betânia representava que ela o amava e queria ter um relacionamento verdadeiro com Jesus, tipificando a Igreja.
A Igreja é a noiva que um dia será buscada por Jesus Cristo, mas que precisa trabalhar para ter o que oferecer ao Senhor naquele grande dia. Por isso, a Igreja precisa trabalhar e amar ao Senhor com todas as suas forças, pois assim conseguirá oferecer a essência da adoração de maneira verdadeira e sincera.
Por Joel Engel, pastor, líder do Ministério Engel, em Santa Maria (RS) e fundador do Projeto Daniel, que ajuda crianças órfãs em países da África.
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