Os ladrões estão lá em cima do morro, de lá eles olham todos de cima para baixo.
Olhares de medo e ódio, todos naquele morro estão com medo, já sentem cheiro de morte no ar.
Vê-se uma fila de soldados muito bem armados no pé do morro, prontos para subir e fazer justiça. Daquela manhã não passava.
Alguns homens tentam organizar a retirada das crianças e das mulheres, pois sabem que elas não suportarão o que vão ver.
Ouve-se o choro de muita gente, o desespero começa a tomar conta de um grupo de pessoas que sabem como funciona quando aqueles soldados chegam no topo do morro.
Ouvimos também alguns sussurros, são orações de familiares e conhecidos dos malfeitores.
Os bandidos que estão lá em cima já estão condenados, só faltam os soldados executarem o serviço.
No pé do morro os soldados mostram orgulhosamente um dos líderes que eles pegaram, com a cara deformada, ele não consegue nem erguer a cabeça. Eles fazem questão de mostrá-lo para todo mundo como um troféu.
Muitos gritam: Desgraçado!
A justiça até que enfim estava sendo feita naquele local.
Eles mandam o líder que tinha sido capturado, todo ensanguentado, subir o morro, outros tentam ajuda-lo, mas ele fala: hoje, ninguém vai subir, só eu.
Os soldados gritam: Caveira! Caveira! Caveira! Este não era o nome da tropa e sim do morro.
Marcos Botelho é pós-graduado em Teologia Urbana, Missionário do Jovens da Verdade, SEPAL. Professor da FLAM - Faculdade Latino Americana de Missões e responsável pelo Terra dos Palhaços Brasil