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Ieshua – um nazareno?

Fica a pergunta: O que dizer da cidade de Nazaré e o que é um nazareno?

fonte: Guiame, Mário Moreno

Atualizado: Terça-feira, 21 Julho de 2020 as 11:38

(Foto: Getty Images)
(Foto: Getty Images)

Quando Ieshua ainda era bebê, Miriam e Iosef decidiram se mudar para Nazaré, uma pequena cidade agrícola da Galileia. Por quê? Essa aldeia não tinha uma história bíblica ilustre, nem era um centro de estudo rabínico. As Boas novas de Mateus afirmam que eles foram “viver numa cidade chamada Nazaré. Assim cumpriu-se o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno” (Mt 2:23). Mas fica a pergunta: O que dizer da cidade de Nazaré e o que é um nazareno? 

Nazaré

A Enciclopédia nos diz sobre “Nazaré”: De acordo com o Novo Testamento, Nazaré era a terra natal de Iosef e Miriam, e o local da Anunciação, quando Miriam foi informada pelo anjo Gabriel que teria Ieshua como seu filho. Nazaré é também o local onde Ieshua passou parte de sua vida, desde quando voltou do Egito em algum ponto de sua infância até os seus 30 anos.

Em João 1:46, Natanael pergunta: “Pode algo de bom sair de Nazaré?” O sentido desta questão tem sido debatido. Alguns analistas sugerem que isto significaria apenas que Nazaré era muito pequena e pouco importante. Mas outros dizem que a questão não se refere ao tamanho de Nazaré e sim à sua “bondade”. Na verdade, Nazaré era vista com hostilidade pelos escritores das boas novas, pois os habitantes da cidade não acreditavam em Ieshua e «ele não poderia fazer sua obra poderosa lá» (Marcos 6:5). Em todas as boas novas pode-se ler o famoso dito, “Um profeta só não é respeitado em seu próprio país, entre sua própria gente, e em seu próprio lar” (Mateus 13:57; Marcos 6:4; Lucas 4:24; João 4:44).

Em uma passagem, os nazarenos até mesmo tentam matar Ieshua jogando-o de um penhasco (Lucas 4:29). Muitos acadêmicos, desde W. Wrede (em 1901) notaram que o assim-chamado “segredo messiânico”, através do qual a verdadeira natureza e missão de Ieshua passariam despercebidos por tantos, incluindo seu estreito círculo de discípulos (Marcos 8:27-33; cf. apenas aqueles para quem o Pai revelar Ieshua serão salvos, João 6:65, João 17:6-9 etc.). Assim, a questão de Natanael está consistente com a visão negativa de Nazaré nos evangelhos canônicos e com o fato de que até mesmo os irmãos de Ieshua não acreditavam nele (João 7:5).

Este comentário nos mostra que havia um grande “bloqueio” já naquela época contra os chamados “nazarenos” e por isso uma certa resistência é notada.

A conexão

A chave para responder a essas questões está no livro do profeta Isaías, que é chamado de “profeta messiânico”. Setecentos anos antes do Ungido, Isaías descreveu a tribo de Judá como uma grande árvore que seria podada: “Um ramo surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um renovo” (Isaías 11:1). Isso se refere ao Ungido. É justamente por isso que era necessária esta “mudança” da família de Ieshua.

A palavra “netzer

No hebraico bíblico, a palavra para “ramo” é netzer (נצר) que também é a raiz da palavra Nazaré (נצרת). Quando Mateus diz que Ieshua “seria chamado de nazareno”, isso não se refere ao voto de nazireu (Números 6), mas ao netzer messiânico. Somente da cidade do Ramo, o Ramo poderia surgir.

Este entendimento vem à tona e nos mostra que Ieshua não seria conhecido pelo título de “nazareno” e sim como o “Ungido” – Mashiach. A palavra “nazareno’ somente apontava pra uma conexão com a profecia de Isaías e também com a conduta do Ungido como o Homem separado pelo Eterno para trazer a redenção a humanidade. Isso nos mostra que os autores sagrados fizeram então um “trocadilho” para demonstrarem o caráter de Ieshua e não a sua origem.

Um resumo do voto de Nazireu nos ensina que:

“O voto de nazireado (ou nazireato), foi institucionalizado e regulamentado na Torah no Livro de Números 6:1-21. Em virtude desta consagração, o nazireu devia abster-se de tomar certos alimentos e bebidas fermentadas, de cortar o cabelo e tocar em cadáveres, além de não comer carne em muitas circunstâncias. Romanos 14:21 mostra uma carta de Paulo, em seu tempo de nazireato. Estas exigências particulares parecem traduzir os seguintes princípios: manter-se mentalmente são (“abster-se de vinho e de bebida fermentada”) e em sujeição a D-us (simbolizado pelo não cortar o cabelo) e manter-se cerimonialmente puro (não tocar em cadáveres).

Havendo contato com cadáveres, os dias de voto tomados seriam considerados inválidos e o voto teria que ser retomado. Porém, antes de retomar o voto, o nazireu passava por uma semana completa de purificação, no termo da qual rapava o cabelo (Números 6:9).

Sansão (Juízes 13:4-7, 16, 17) e Samuel (I Samuel 1.11) eram nazireus desde o nascimento. Em virtude desta consagração, tanto a mãe, durante a gravidez, como o futuro nazireu deviam abster-se de certos alimentos como carnes e bebidas fermentadas, de cortar o cabelo e tocar em cadáveres. O não tocar em cadáveres, leva a alguns filósofos a crer que eles não comiam carne, e outros, dizem que não comiam apenas as ditas como impuras, vistos no Livro de Levítico, de Moisés.

Após a conclusão do seu voto, o nazireu realizava o ritual de purificação e fazia três oferendas no Santuário. Um voto dito “à semelhança de Sansão” era um voto para toda a vida.

Está claramente indicado em muitos registros históricos que os termos Nazireu e Nazareno nada tinham a ver com uma cidade ou vila chamada Nazaré”.

Conclusão:

Historicamente e etimologicamente falando a palavra “nazareno” corresponde não a uma designação do Ungido, mas sim à sua condição como um “ramo” que brotaria de Iehuda – Judá – e este ramo cumpriria as exigências proféticas listadas nas Escrituras que apontariam esta pessoa como um homem “consagrado” ao Eterno e que seria o Ungido cuja missão maior seria trazer a salvação aos judeus – não somente em Israel como também na diáspora. Por isso adequadamente o Eterno envia um mensageiro – anjo – a Miriam dizendo-lhe que o nome da criança que o Espírito o Santo geraria nela deveria ser “Ieshua”, nome que significa “O Eterno salva”. Dada esta questão a Brit Hadasha chama Ieshua de “ha Mashiach” que significa “O Ungido” novamente apontando para um homem totalmente consagrado ao Eterno e cuja vida teria uma só missão: trazer a salvação ao homem e retorná-lo ao padrão original de um ser imortal como era Adan – Adão.

Baruch ha Shem!

Por Rav. Mário Moreno, fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.

*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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