
E Hashem falou a Moshe e Arão, dizendo: “Por quanto tempo mais esta congregação maligna...” (Nm 14:26-27)
Aqui está um fato curioso e um tanto embaraçoso. Todo mundo sabe o que é um MINYAN. Ele até encontrou seu lugar no Dicionário Miriam Webster. É um quórum, um grupo de 10 homens necessário para iniciar um serviço de oração judaico, recitar o Kadish, a Kedushá e ler um Sefer Torah. É um número mágico! De onde ele vem? Das palavras que descrevem os 10 espiões que se desviaram de sua missão, “esta congregação maligna”. Isso é bem estranho! A Torah não poderia ter encontrado uma fonte mais positiva para nos ensinar que um EIDA é um grupo de 10?!
Reb Tzadok HaKohen escreve que quando uma pessoa faz Teshuvá (“retorno”), qualquer experiência que ela tenha tido na vida pode ser utilizada para servir Hashem. Por favor, desculpem-me se eu mergulhar no meu passado profundo e me inspirar em uma lembrança de uma fonte nada sagrada, mas isso me ajudou enormemente e ainda estou aprendendo com isso, muitos anos depois.
Era 1974, Dia de Ação de Graças, e meu irmão comprou alguns ingressos para ele, eu e outro amigo assistirmos a um show no Madison Square Garden para ver Elton John tocar. Foi emocionante e extraordinário para nós, crianças americanas. Estávamos realmente curtindo quando algo totalmente inusitado e inesperado aconteceu. A estrela da noite, Sr. John, anunciou no meio do evento que estava convidando um bom amigo para subir ao palco e prosseguiu dando as boas-vindas a John Lennon. Agora, John Lennon era um Beatle e os Beatles tiveram um status quase divino entre os jovens do mundo todo por décadas.
O lugar ficou uma loucura. Meu irmão estava me dando uma cotovelada nas costelas e gritando: “É um Beatle, Bobby, é um Beatle!”. Tocaram uma música antiga, “She was Just Seventeen…”. O Madison Square Garden pulsava “como um homem com um só coração”, enquanto John Lennon dedilhava as cordas do violão com destreza. Foi um dos eventos mais mágicos e unificadores que já presenciei.
Anos depois, fui até a Yeshiva Ohr Somayach em Monsey e me lembro de um Rebe explicando por que levantamos os calcanhares ao recitar Kiddusha, “KADOSH-KADOSH-KADOSH” – Ele nos disse que, no momento em que recitamos Kedusha e levantamos os calcanhares, todo o mundo angélico salta e dança em êxtase em resposta.
Minha mente imediatamente retornou àquela experiência de anos anteriores. Quando tenho a presença de espírito para lembrar, isso me ajuda a me concentrar e visualizar a grandiosa importância do que estou fazendo. Sim, sou como aquele Beatle solitário no centro do palco do universo, tocando suavemente aquelas cordas e gerando uma pulsação indescritível de sublime unidade. Esta é a lição número um.
Anos depois, me senti à vontade para compartilhar essa experiência. Alguém me disse que eu poderia facilmente revisitar o show online. Fiquei curioso e foi como eu me lembrava. A câmera está percorrendo a multidão e lá está a esposa de John Lennon com os lábios franzidos nervosamente e esfregando as mãos como a mãe do rapaz do Bar Mitzvah na seção feminina. Pareceu-me estranho que ela não estivesse gostando como todos os outros. Então, rolei a página para ler um artigo. Soube lá que ele não tocava em público há muitos anos antes desta apresentação e que era sua última apresentação pública. Ele tinha medo da própria sombra, medo de falhar. Isso me atingiu com muita força. Alguém que com alguns movimentos poderia eletrizar uma sala com 20.000 pessoas, além de ter medo de tentar. Percebi que podemos não perceber a importância dos movimentos que fazemos e o quão poderosos somos.
O Chiddushei HaRim frequentemente emprega este método de pensamento: “Mida Tova Meruba” – A bondade que HASHEM proporciona é, pelo menos, 500 vezes maior do que qualquer negatividade aparente. Se 10 reclamantes podem frustrar os sonhos de uma geração e impedir sua entrada na Terra Santa, então quanto mais, na direção positiva, 10 homens que se reúnem para santificar o nome de HASHEM podem nos aproximar muito mais da terra dos nossos sonhos!
Tradução: Mário Moreno
Mário Moreno é fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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