Uma sessão de descarrego prova mais do que o curso de Leandro Karnal

Pela fé cremos em coisas loucas do alto incompreensíveis pela razão científica.

fonte: Guiame, Sergio Renato de Mello

Atualizado: Quarta-feira, 18 Junho de 2025 as 12:19

(Imagem ilustrativa gerada por IA)
(Imagem ilustrativa gerada por IA)

Leandro Karnal explicando o dom de línguas no seu curso “Bíblia com Karnal” é profético. De fato, nada que já não tenha sido revelado pela própria Escritura a respeito de espíritos enganadores.

Em defesa da ciência, tenta emplacar em vídeo no YouTube que línguas estranhas são apenas aquelas faladas em alguma nacionalidade já conhecida, não um embaralhado de letras e sons indiscerníveis por pessoas não crentes, gente como ele, de finita fé cujo tamanho não chega a um milésimo de um grão de mostarda.

Deus fala como, quando, com quem e da forma que quiser. Em 1 Coríntios 14:2 está escrito: “Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios.” É certo que esta passagem bíblica se refere ao dom de línguas diretamente de quem fala com Deus, não sendo relacionada a um coletivo de pessoas. Mas isso pouco interessa para o que eu pretendo expor aqui.

Melhor seria, mais adequado, então que o título do curso fosse “Bíblia carnal”.

Tem picaretas espirituais, enganadores, inclusive mirins, sim, como ele diz em vídeo no YouTube sobre seu curso. A boa parte do seu curso e que merece crédito é esta que não foi falada, estando nele implícita.

O que Karnal quer tentando ensinar exegese bíblica aos seus seguidores?

Karnal tem uma vantagem nessa sua empreitada científico-interpretativa. A universidade ter perdido o dom de julgamentos. Tudo o que vem da academia é uma espécie de nova luz “divina” substitutiva da fé. Lá dentro desse ambiente racionalista, exageraram na dose do “não julgueis para não ser julgado”. Agora, esses que não julgaram por misericórdia estão sendo julgados. Não só eles como todos nós que sentimos uma náusea com afrontas à fé pelo cientificismo.

Mas as pessoas do mundo real, de carne e osso, pessoas reais num mundo real, ainda não foram atingidas por doutrinas mais do que estranhas e que tentam se passar de científicas, mas que na verdade são religiosas. Seres humanos ainda não forjados sentem que algo está errado e isso é o que basta contra explicações secularizadas que contaminam a verdade bíblica. A lei do certo e do errado dentro de cada um.

Sim, o mundo está mais do que estranho. Está cínico, vulgar, desvalorizado, desencantado, caótico e, ainda, patético.

O padre Fabio de Melo, quando em Joinville, minha cidade catarinense, postou vídeo na internet denunciando mal atendimento num determinado café no Shopping Mueller.

É padre dando pitacos em direito do consumidor, é historiador explicando dom de línguas e tentando desmistificar a Arca de Noé, é juiz expondo a própria privacidade na internet. Um mínimo de ordem requer que cada um fique no seu próprio quadrado, um tipo de pensamento laico aplicado a tudo que diz respeito à vida em sociedade.

A ciência é dom de Deus, mas a fé também é. A fé é o ponto de partida da ciência. É a fé que gera a ciência, não a ciência que gera a fé. Não existiria ciência sem Deus, o Criador incriado.

Pela fé cremos em coisas loucas do alto incompreensíveis pela razão científica.

Isso porque credo quia absurdum e credo ut inteligam. Só se crê em absurdos.

A propósito, como disse Tertuliano no século II: “O Filho de Deus foi crucificado; não é vergonhoso porque poderia sê-lo. O Filho de Deus morreu; é crível porque inconcebível; Sepultado, ressuscitou, é indubitável porque impossível.” (De carne Christi).

E Anselmo, século XI, ensinou que nada se entende sem a fé. Disse ele que é próprio do preguiçoso não querer entender e demonstrar aquilo em que crê. Ou seja, o cientista tem preguiça de entender e vai logo tentando convencer com demonstrações.

A passagem do normal para o anormal, do normal para o louco, na linguagem de hoje “surreal”, é o evento natural e inevitável da morte, pois todos morrem, mas quando se refere a Jesus. O próprio Filho de Deus morrer é crível porque somente com fé se pode entender e aceitar. Já a ressuscitação se torna fora de dúvida porque, pela fé, é impossível alguém voltar a viver.

Uma sessão de descarrego na Igreja Universal é a síntese de tudo, sintetiza um debate entre um filósofo, um cristão e um judeu. Em matéria de fé mais vale a confissão de um demônio do que qualquer tentativa de prova científica, como o curso bíblico de Karnal.

 

Sergio Renato de Mello é defensor público de Santa Catarina, membro da Igreja Universal do Reino de Deus e autor de obras jurídicas e dos seguintes livros: Fenomenologia de Jornal, O que não está na mídia está no mundo e Voltaram de Siracusa.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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