“E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.” (Apocalipse 1.12-18)
Este é um dos momentos mais cruciais das Escrituras. Um homem tem acesso à presença de Deus e diante do céu aberto, vê tudo aquilo que nós gostaríamos de assistir pessoalmente.
Esta porção das Escrituras descreve a pessoa de Jesus. Vamos vê-lo em sua glória e não no seu sofrimento. É uma descrição de como Jesus é visto hoje no céu. Sem dúvida alguma, uma visão magnífica.
Vejamos como João descreve o Senhor. Roupa talar, cinto de ouro e candeeiros circundam a pessoa de Jesus (13).
O texto mostra as vestes celestiais com as quais Jesus se apresenta. Ele se veste com roupa talar, o que aponta para sua função sacerdotal. “Temos advogado junto ao pai” (1Jo. 2.2). Como sacerdote ele intercede por nós.
O cinto de ouro mostra sua condição atual de realeza e os candeeiros são igrejas (20). Ele está no meio dos candeeiros, sendo, portanto a figura central da igreja.
Sua cabeça e seu cabelo revelam algo a seu respeito (14). “... sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve”. Jesus se apresenta aqui como alguém de cabelos brancos. A brancura é símbolo de pureza e não de decadência. “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã” (Is. 1.18). É uma forma figurada de falar a respeito do caráter santo de nosso Senhor.
Seus olhos são penetrantes (14). “...os seus olhos como chama de fogo”. Os seus olhos penetram até o íntimo de nosso ser. “Os olhos do Senhor estão em todo lugar” Pv. 15.3, diante dele, nada fica escondido. Como o fogo, seus olhos queimam tudo o que contraria a natureza santa do caráter de Cristo. Ninguém deve temer o escrutínio do Senhor, pois visa purificação inicialmente. Apenas trará julgamento quando não houver submissão.
Seus pés revelam sua disposição para fazer justiça (15). “...os seus pés, semelhantes a latão reluzente que fora refinado numa fornalha”. O latão reluzente em consequência da incandescência da fornalha. Seus pés têm exatamente esta característica. O latão, assim, é quase irresistível aos olhos humanos. É símbolo da ira de Deus. “E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos exércitos” (Ml.4.3), irresistível ao homem.
Quando olhamos para o Senhor, vemos sua capacidade de agir com bondade, mas visualizamos também sua justiça, a qual certamente prevalecerá. Sua voz será ouvida por todos, queiram ou não (15). “...a sua voz como a voz de muitas águas”. Sua voz como de muitas águas (possante e barulhenta). As águas são símbolos de nações enraivecidas.
Outros trechos da Bíblia mostram que grandes líderes mundiais, sejam religiosos ou políticos, oportunistas que são, emergem do caos e da agitação social. “A meretriz que se acha assentada sobre muitas águas” Ap.17.1.
A voz do Senhor, naqueles dias, alcançará uma intensidade tão incrível, que nenhuma outra voz, por mais que tente, conseguirá sequer ser notada. “...da sua boca saía uma aguda espada de dois gumes”.
A espada de dois gumes, mencionada neste texto, é símbolo da palavra de Deus que será base de todo julgamento.
Seu rosto revela o que Jesus é por dentro (16). “...seu rosto era como o sol, quando resplandece na sua força”. O rosto é o retrato e a janela da alma. Enquanto estava na terra, a majestade de Cristo foi velada, agora, porém, se apresenta em toda sua magnitude. Ele brilhará mais que o sol e nada, irá suplantar seu brilho. Somente a glória do Senhor resplandece nos céus. Qualquer outro brilho será eliminado de sua presença e somos incentivados a nos esconder por detrás da cruz, desde já. Ele não divide sua Glória com ninguém. Fará bem para a saúde de todos nós se mantivermos este conceito bem presente em nossos atos.
Por Ubirajara Crespo, pastor, conferencista, editor e autor dos livros “Qual o limite para o sofrimento” e “Rota de colisão”.
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