Biden restaura laços com palestinos e pode causar a ira de Israel

Governo americano decide romper com políticas de Trump e tenta ser mediador do conflito no Oriente Médio.

fonte: Guiame, com informações de Folha de S. Paulo

Atualizado: Quinta-feira, 27 Maio de 2021 as 11:08

Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken (esquerda) e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em conversa durante o encontro em Ramallah, na Cisjordânia, em 25 de maio. (Foto: Majdi Mohammed/Reuters)
Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken (esquerda) e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em conversa durante o encontro em Ramallah, na Cisjordânia, em 25 de maio. (Foto: Majdi Mohammed/Reuters)

Na terça-feira (25), o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, chegou à sede do governo palestino com promessas de uma assistência adicional e com a proposta de reabrir um consulado americano em Jerusalém. 

Além disso, disse que iria refazer os laços que foram rompidos pela administração de Trump. De acordo com a Folha de S. Paulo, as ações do secretário de Estado, Antony Blinken, representaram um esforço para reativar o antigo papel de “mediador mais neutro” no conflito do Oriente Médio.

A favor ou contra Israel?

Com a nova administração de Biden haverá um esforço enorme para a reconstrução na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, grupo militante qualificado como terrorista pelos Estados Unidos, Israel e muitos outros países.

Já no governo de Trump, havia um apoio declarado a Israel e o canal de comunicação política com a Autoridade Palestina era totalmente fechado. Inclusive, o ex-presidente americano chegou a cortar a ajuda humanitária antes enviada a milhões de palestinos. 

Agora, como mediador neutro, os Estados Unidos pensam em eliminar grandes riscos, embora a amizade com os palestinos possa despertar a “ira de Israel”. O outro motivo para isso é que Biden deseja voltar para o acordo nuclear com o Irã. Israel é contra esse acordo e vem trabalhando há anos para enfraquecê-lo.

Para amenizar e evitar uma ruptura em suas relações com Israel, os Estados Unidos foram a única voz contrária no Conselho de Segurança da ONU, bloqueando qualquer tentativa de culpar Israel pela guerra recente com o Hamas. Além disso, Biden destacou publicamente o direito de Israel de defender-se no conflito. 

Benjamin Netanyahu também decidiu lembrar que Israel apoiou os EUA na ocasião do fim do acordo nuclear com o Irã e no aquecimento das relações diplomáticas com quatro governos árabes que, historicamente, foram hostis a Israel. 

Sobre o acordo nuclear com o Irã

Segundo Netanyahu, o pacto original “abre caminho para o Irã ter um arsenal de armas nucleares”. Ele disse: “Aconteça o que acontecer, Israel sempre se reservará o direito de defender-se contra um regime comprometido com nossa destruição”. 

E Blinken, ao mesmo tempo em que concordou que é preciso impedir Teerã de construir uma arma nuclear, não reagiu às farpas de Netanyahu, dizendo em tom calmo que a administração Biden vai continuar consultando Israel sobre um retorno ao acordo nuclear com o Irã. 

Consulado americano em Jerusalém

Blinken anunciou que o Departamento de Estado vai reabrir um consulado americano em Jerusalém para tratar de questões palestinas. Essa missão diplomática havia sido fechada, em 2019, pelo governo Trump. 

O secretário também disse que vai enviar à Cisjordânia e à Gaza 112 milhões de dólares (R$ 595 milhões) adicionais em verbas de assistência e desenvolvimento. Ele explicou que isso elevará para mais de 360 milhões de dólares (R$ 1,9 bilhão) o volume de assistência prometida pelo presidente Biden desde o mês passado, anulando assim os cortes na ajuda feitos por Trump.

“Esperamos que o futuro seja repleto de esforços diplomáticos e políticos”, disse o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

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