Pastores assinam nota de repúdio sobre fala que comparou ações de Israel ao Holocausto

A nota de repúdio do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil foi assinada por renomados pastores e líderes.

fonte: Guiame

Atualizado: Terça-feira, 20 Fevereiro de 2024 as 9:50

Prisioneiros judeus que estavam instalados no campo de concentração de Buchenwald. (Foto: Domínio Público)
Prisioneiros judeus que estavam instalados no campo de concentração de Buchenwald. (Foto: Domínio Público)

O Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb) emitiu uma nota de repúdio contra o que chamou de "fala inconsequente do Presidente Lula" referente à comparação que fez entre as operações militares de Israel em Gaza e o Holocausto.

"Nunca na história das nações democráticas vimos um presidente ou primeiro-ministro declarar tal absurdo, ao comparar o massacre cruel de mais de 6 milhões de judeus inocentes com qualquer guerra no mundo", diz a nota.

O documento foi divulgado nesta segunda-feira (19), um dia após a entrevista concedida por Lula em um hotel em Adis Abeba, capital da Etiópia, na sequência de uma reunião da cúpula da União Africana.

A fala do presidente brasileiro repercutiu negativamente entre a comunidade evangélica com várias manifestações nas redes sociais.

A nota de repúdio do Cimeb foi assinada por renomados pastores e líderes evangélicos, entre os quais: Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo; Luiz Hermínio, do Mevam; Abe Huber, da Paz Church; Silmar Coelho, da Igreja Metodista Wesleyana; Jorge Linhares, da Igreja Batista Getsêmani; e Cláudio Duarte, do Projeto Recomeçar, entre outros.

Segundo o Cimeb, a organização de líderes reúne mais de 10.000 pastores de diversas denominações evangélicas brasileiras.

Autodefesa

O Cimeb se manifestou contrário à guerra e à morte de inocentes e chamou a ação militar de Israel em Gaza de “autodefesa”.

“O que não podemos perder em mente é que Israel é uma nação soberana, que tem direito à autodefesa, segundo as leis internacionais, por ter sido atacada em seu território pelo grupo terrorista Hamas”.

A instituição evangélica declarou ainda que “não somos a favor da guerra nem da morte de nenhum inocente, mas até agora não há uma prova de que Israel cometeu genocídio.”

E finalizou: “Lamentamos profundamente que a palavra do Presidente Lula envergonhe o Brasil diante das nações do mundo. A declaração de Lula não representa a opinião da maioria do povo brasileiro.”

Outras manifestações

Em entrevista ao Guiame, o pastor Joel Engel disse que “este foi o pior de todos os prejuízos que nossa nação já teve no decorrer de toda a história, ao ter um presidente contra a Nação Santa, a nação escolhida por Deus, a nação mais amada aqui no Brasil”.

“Todo cristão ama e respeita Israel, que é o berço da religião monoteísta e de toda a Palavra de Deus. Tudo nasceu em Israel, tudo o que nós cremos e amamos, tudo que nós respeitamos e reverenciamos está na Palavra de Deus desde a criação”, disse.

Para ele, Lula fala do que não conhece, e humilha pessoas que já morreram pela ação do Holocausto e os sobreviventes do massacre perpetrado pelo nazismo de Hitler.

Para o pastor Lamartine Posella, o discurso de Lula, que comparou Israel ao Hamas, foi “desastroso”.

Segundo o pastor da Yah Church em SP, “nós precisamos orar, porque há uma promessa de Deus, que diz ‘abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem’, e nós temos que orar e pedir a Deus perdão por essa declaração do nosso mandatário maior.”

O hebraísta Getúlio Cidade falou com exclusividade ao Guiame e classificou o discurso de Lula como “o mais deplorável e lastimoso”.

"Não se pode equiparar o assassinato sistêmico de seis milhões de judeus pela máquina nazista simplesmente porque eram judeus com a reação do Estado de Israel ao grupo terrorista do Hamas", disse.

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