Um grupo de rabinos enviou uma carta ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e Itamar Ben Gvir, o ministro da Segurança Nacional, solicitando que os judeus tivessem permissão para realizar o ritual da Páscoa no Monte do Templo.
Para os judeus, trata-se de um evento biblicamente obrigatório: “O sacrifício da Páscoa é um dos mandamentos mais importantes da Torá e é o primeiro que a nação de Israel realizou durante o Êxodo do Egito como um sinal da aliança com o Criador”, diz a petição.
“Esta aliança é renovada todos os anos no pátio do Templo, quando todo o Israel deve participar do sacrifício ritual”, continua.
A carta prossegue explicando que atualmente não existe uma novilha vermelha: “Estamos, portanto, em um estado de impureza ritual, mas que os sacrifícios públicos vinculados ao Templo, como a oferta da Páscoa, devem ser trazidos mesmo em estado de impureza”.
Mais sobre o conteúdo da carta
“Embora tenhamos a capacidade de cumprir esta mitsvá (boa ação) e não o façamos, isso é abrir mão da responsabilidade que assumimos ao deixar o Egito”, escreveram os rabinos.
A carta também enfatizou que a Halacha (lei judaica) não requer uma estrutura de Templo para realizar os sacrifícios. Neste caso, quando não existe um Templo, basta um altar de pedras nuas.
“Nós [os judeus] temos o mérito de estar no controle do Monte do Templo. No caso de o estado de Israel ver um interesse nacional no sacrifício da Páscoa, poderíamos realizar o sacrifício em seu devido tempo e lugar, apesar de todas as dificuldades”, argumentou.
Entre os 15 rabinos que assinaram a carta estavam o chefe do Instituto do Templo, rabino Israel Ariel, rabino de Mitzpe Jericho Yehuda Kreuzer e rabino de Amichai Yair Frank. Uma cópia da carta também foi enviada ao Gabinete do Rabino Chefe em Jerusalém.
'Tudo pronto para o serviço no Templo’
Graças aos esforços do Instituto do Templo e de outros grupos de defesa do Templo, todos os elementos necessários para iniciar o serviço sacerdotal estão prontos.
Os judeus, porém, só podem realizar rituais no local em que o altar ficava nos templos bíblicos, ou seja, no Monte do Templo. O único obstáculo para a realização do serviço da Páscoa é a recusa do governo em permitir que ocorra naquele local.
A importância da reconstituição foi ressaltada em 2021, quando o rabino Aryeh Stern, rabino-chefe de Jerusalém, determinou que o Korban Pesach (sacrifício da Páscoa) cabe ao povo judeu mesmo nos tempos atuais, mesmo na ausência de uma estrutura de templo ou falta de uma novilha vermelha para purificar Israel.
O Sinédrio determinou que, neste momento, aquele sacrifício feito no Monte do Templo trazido em nome de todo o povo judeu seria suficiente.
O Korban Pessach é de extrema importância. Existem apenas dois mitzvot (mandamentos bíblicos) para os quais o descumprimento recebe a punição mais severa exigida pela Torá, karet (ser cortado da comunidade ou excomungado): brit milah (circuncisão) e o korban Pesach (sacrifício da Páscoa).
Páscoa e Ramadã
A Ir Amim — uma ONG israelense que defende os direitos dos palestinos em Jerusalém — emitiu um alerta de que a "vigilância intensificada” era necessária no Monte do Templo antes da Páscoa.
Eles mencionam o aumento das ações dos ativistas judeus radicais e condenam o pedido de permissão para realizar o ritual da Páscoa. A mídia árabe também emitiu alertas sobre o sacrifício da Páscoa, enfatizando que o feriado judaico caiu durante o mês do Ramadã.
“Essas organizações e seus rabinos lançaram uma campanha frenética para exigir a imposição do sacrifício da 'Páscoa' na abençoada mesquita”, reclamou um líder muçulmano de acordo com o Hamallah News.
Abates rituais são permitidos em Israel e a comunidade samaritana mata centenas de ovelhas em seu sacrifício de Páscoa, todos os anos, no Monte Gerizim em Samaria. Uma reencenação do ritual da Páscoa acontecerá no domingo (2), às 14h, na Cidade Velha de Jerusalém.