
Mantidos em cativeiro em túneis de 50 metros de profundidade em Gaza, com pouca comida e enfrentando abusos e violência, reféns israelenses que foram libertados estão testemunhando como a fé os ajudou a sobreviver ao terror do Hamas.
Omer Shem Tov, de 23 anos, foi mantido refém por 505 dias e contou que sentiu a presença sobrenatural de Deus com ele.
"Durante meu cativeiro, senti cada oração que vocês fizeram por mim; e mesmo na escuridão, eu tinha luz”, contou Shem, em um vídeo compartilhado no Instagram.
Milagre de multiplicação
O jovem israelense ainda contou que uma pequena garrafa de suco de uva, usada para a bênção do Shabat (Sábado sagrado para os judeus) nunca acabou ou estragou durante todo o tempo que esteve preso, em um verdadeiro milagre de multiplicação.
"Esta é apenas uma das muitas histórias que me mostraram o quão bom Deus é, o quanto Ele estava comigo lá”, declarou Shem.
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Keith Siegel, de 65 anos, começou a orar durante seu cativeiro, que durou 482 dias. Ele não tinha o costume de seguir os ritos judaicos, mas naquela situação crítica, passou a abençoar a comida e recitar a oração do Shemá.
O Shemá é uma das orações mais sagradas do judaísmo, citada em Deuteronômio: "Ouça, Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é Um".
Buscar ao Senhor o ajudou a suportar a provação. “Mesmo nos túneis, encontrei maneiras de sentir Sua presença", disse ele, agradecendo a Deus por sobreviver.
Após sua libertação, sua filha perguntou o que ele queria comer em sua primeira refeição de Shabat juntos. Ele surpreendeu dizendo: "Você sabe o que eu quero acima de tudo? Um quipá e um copo de kidush (suco de uva)”.
"Seu Deus te ama"
Agam Berger, de 20 anos, também começou a buscar o Senhor no cativeiro em Gaza. Nos 482 dias presa, ela guardou o Shabat.
Com coragem, a jovem pediu aos terroristas um siddur (livro de orações judaico). Um deles riu de seu pedido.
Mas Agam orou a Deus com fé, dois dias depois, o raptor voltou com um siddur que havia encontrado. "Seu Deus te ama", disse o terrorista a ela.
Agam e sua colega refém Liri Albag, de 19 anos, observaram os feriados judaicos como puderam no cativeiro. Elas descobriram os meses e dias que estavam assistindo TV e ouvindo rádio.
"Perdemos os dois feriados de Hanukkah, mas celebramos a Páscoa e eu não comi chametz (comida fermentada). Pedi fubá e eles trouxeram para mim. De alguma forma, eles me valorizavam mais porque eu era religiosa”, comentou Agam.
Após ser libertada, a jovem escreveu em um quadro a frase: “Escolhi o caminho da fé e, pelo caminho da fé, voltei".
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O israelense Eli Sharabi, de 52 anos, também foi despertado para sua fé ao ser mantido refém por 491 dias e passou a orar.
"Não sou uma pessoa religiosa, mas desde o primeiro dia em que fui sequestrado, todas as manhãs eu dizia 'Shemá Yisrael', o que nunca havia dito na minha vida. O poder da fé é insano. Há algo cuidando de você”, testemunhou ele.
Já Omer Wenkert, de 23 anos, lembrou do momento especial quando foi libertado após 505 dias cativo, em que ele e os outros reféns, com os olhos vendados e as mãos algemadas, começaram a cantar o Salmo 121:
“Levanto meus olhos para as montanhas, de onde vem meu socorro? Meu socorro vem do Senhor, o Criador do céu e da terra”.
Fim do cessar-fogo
Na terça-feira (18) pela manhã, o cessar-fogo de quase dois meses entre Israel e o Hamas chegou ao fim.
Sob ordens do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, as Forças de Defesa de Israel (IDF) realizaram dezenas de ataques em Gaza, justificando a ação pela "repetida recusa" do grupo terrorista em liberar o restante dos reféns israelenses.
O gabinete de Netanyahu afirmou que a retomada dos ataques logo após a meia-noite foi motivada pela "recusa repetida do Hamas em libertar nossos reféns, bem como sua rejeição de todas as propostas que recebeu do enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e dos mediadores".