
A Anistia Internacional pediu a libertação de 11 cristãos presos na Líbia por evangelizar e defender a liberdade religiosa para a comunidade cristã no país islâmico.
Na última terça-feira (11), a organização de direitos humanos divulgou um comunicado denunciando a detenção injusta e o julgamento ilegal de 10 cristãos libíos e um cristão paquistanês.
Em abril, um tribunal de Trípoli condenou os nove cristãos líbios, uma cristã líbia e um paquistanês a penas de prisão que variam de três a 15 anos sob a falsa acusação de "insultar o Islã", "insultar santidades e rituais religiosos usando a internet", "pedir o estabelecimento de um grupo proibido" e "promover a mudança dos princípios fundamentais da constituição" e "promoção da ideologia do cristianismo dentro da Líbia".
Julgamentos ilegais
Segundo a Anistia Internacional, o julgamento aconteceu fora dos padrões do direito internacional e os cristãos não tiveram direito a advogados.
Além disso, as prisões aconteceram sem as autoridades apresentarem evidências dos crimes que os cristãos foram acusados.
"Ao longo das sessões do julgamento, que começou em setembro de 2024, os juízes nunca examinaram testemunhas ou provas contra os réus. Eles também nunca questionaram nenhum membro da ISA [Agência de Segurança Interna], cujas investigações eram a única base para as investigações criminais sobre os réus”, denunciou a organização.
Os crentes foram presos pela ISA em março de 2023, sob acusações de que estavam envolvidos no proselitismo de muçulmanos na Líbia, embora não seja crime a pregação de crenças no país.
Torturados na prisão
Uma investigação da Anistia descobriu que os cristãos foram torturados na prisão, submetidos a interrogatório sem a presença de seus advogados e obrigados a fazer confissões.
"Entre 6 e 13 de abril de 2023, a ISA publicou em seu canal oficial no YouTube vídeos mostrando sete dos detidos, onde eles confessaram 'se converter e promover o cristianismo dentro do país', contrariando seu direito à presunção de inocência", relatou a organização.
“Os promotores negaram a todos os réus, exceto um, o direito de ter um advogado de sua escolha durante o interrogatório inicial. Os promotores também não designaram advogados para representar os réus, em vez disso, conduziram o interrogatório sem a presença de nenhum advogado. Até que os promotores encaminhassem o caso para julgamento, eles negaram aos advogados e réus o acesso aos relatórios da ISA ou aos relatórios da promotoria, alegando que este é um caso de 'segurança nacional’”, acrescentou.
Sem contato com suas famílias
Além disso, os cristãos presos não foram autorizados a manter contato com suas famílias. "Meu marido contou ao advogado como seus interrogadores o torturaram, tanto física quanto emocionalmente, desde o momento em que ele foi levado sob custódia", disse a esposa de um dos crentes, ao Morning Star News.
“Esperávamos por um milagre todos os dias. A situação havia chegado a um ponto em que não havia absolutamente nenhuma informação sobre ele, e eu estava literalmente implorando por provas de sua vida. Ouvi sua voz ao telefone pela primeira vez depois de cinco meses, em 8 de agosto de 2023, e não consigo expressar o quanto me senti aliviada depois daquela ligação”.
Quando o cristão foi preso, sua filha tinha um ano de idade. A menina fará 4 anos neste ano e ora todos os dias pela libertação do pai.
"Ela reconhece seu pai por fotografias. Parte meu coração toda vez que ela me pergunta quando ele voltará para casa. Eu digo a ela que ele estará de volta com ela em breve. Ela fez planos para que, quando ele vier, ela aprenda a patinar com ele, pinte as unhas", contou a esposa.
A Anistia instou o Ministério Público do Líbano a revisar os processos criminais e a libertar imediatamente os 11 cristãos detidos.
"Ele deve abrir investigações rápidas, completas, independentes, imparciais, transparentes e eficazes sobre as alegações de violações dos direitos humanos, incluindo tortura, desaparecimento forçado e detenção arbitrária contra todos os suspeitos de serem membros da ISA", declarou a organização no comunicado.
"As autoridades líbias devem anular imediatamente as condenações e sentenças dos presos apenas pelo exercício pacífico de seus direitos humanos”.
A Líbia ficou em 4° lugar na Lista Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas dos países onde é mais difícil ser cristão.