Cinco cristãos são presos no Irã por participar de reunião online com pastor

Cada um deles recebeu uma pena de mais de 8 anos, sob a acusação de fazer propaganda contrária à lei islâmica.

fonte: Guiame, com informações de Article 18

Atualizado: Quinta-feira, 2 Outubro de 2025 as 3:18

Da esquerda para a direita: Morteza Faghanpour-Saasi, Hessamuddin Mohammad Junaidi e Abolfazl Ahmadzadeh-Khajani. (Foto: Mohabat News)
Da esquerda para a direita: Morteza Faghanpour-Saasi, Hessamuddin Mohammad Junaidi e Abolfazl Ahmadzadeh-Khajani. (Foto: Mohabat News)

Cinco cristãos foram condenados à prisão no Irã por participarem de um encontro online com um pastor.

Segundo o Article 18, que defende a liberdade religiosa, os iranianos convertidos à fé cristã foram condenados em julho e suas sentenças foram confirmadas pela 36ª Seção do Tribunal de Apelação de Teerã, na última terça-feira (30).

Hessamuddin Mohammad Junaidi, Abolfazl Ahmadzadeh-Khajani, Morteza Faghanpour-Saasi e outros dois cristãos não identificados foram acusados pelo governo islâmico de "atividade de propaganda contrária à lei islâmica devido a conexões no exterior" e "propaganda contra o sistema" por participar de atividades religiosas.

Cada cristão recebeu uma pena de 8 anos e 1 mês. Somadas, as condenações dos cinco dá um total de mais de 40 anos de prisão.

Morteza Faghanpour-Saasi recebeu uma sentença adicional de 17 meses de prisão por supostamente insultar o líder supremo do Irã nas redes sociais.

Os cinco crentes foram presos em suas casas e locais de trabalho nas cidades de Varamin e Pishva, em junho de 2024. Logo depois, passaram seis meses detidos na prisão de Evin.

Lá, eles foram pressionados a assinar uma declaração renunciando o cristianimo para ter seu tempo de detenção reduzido. 

Pelo menos um dos cristãos, Morteza, foi torturado fisicamente durante os 20 dias que passou na Ala 209 da Prisão de Evin, sob a jurisdição do Ministério da Inteligência.

Os crentes foram libertados sob fiança de até 30.000 dólares cada, mas foram sentenciados à prisão em 15 de julho na 1ª Seção do Tribunal Revolucionário de Varamin.

Na próxima semana, os cinco cristãos ainda deverão comparecer a um tribunal civil para enfrentar acusações de "insultar as santidades islâmicas" por terem participado de uma reunião do Zoom, na qual um líder cristão que vive fora do Irã teria criticado o Islã.

Perseguição no Irã

Recentemente, o governo iraniano prendeu 54 cristãos sob a falsa acusação de espionagem e os rotulou como traidores. 

Segundo a Missão Portas Abertas, as acusações foram divulgadas em rede nacional antes mesmo da realização de qualquer julgamento, o que gerou preocupações quanto ao respeito ao devido processo legal e ao direito dos cidadãos de se defenderem perante o tribunal.

A reportagem insinuou conexões entre cristãos evangélicos e serviços de inteligência estrangeiros, promovendo uma narrativa que retrata toda uma comunidade religiosa como uma ameaça à segurança nacional.

A mídia estatal exibiu vídeos com confissões forçadas e literatura cristã confiscada, incluindo Bíblias, alegando que os detidos foram treinados no exterior e fazem parte de uma rede evangélica ligada a serviços de inteligência estrangeiros.

Segundo o Article 18, essas acusações são infundadas e representam discurso de ódio contra a comunidade cristã evangélica iraniana.

O Irã é um país predominante muçulmano e o governo islâmico persegue os cristãos, proibindo igrejas, Bíblias e evangelismo. 

Líderes e cristãos descobertos podem enfrentar prisão e tortura, principalmente se deixaram o Islã para seguir a Cristo, já que renunciar ao islamismo é proibido pela Sharia (lei islâmica).

Apesar da forte perseguição, a igreja secreta continua crescendo no país, segundo um relatório do Article 18.

O país ocupa a 9ª posição da Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas. 

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