Igrejas incendiadas, casas destruídas, pessoas decapitadas e queimadas vivas. Esse tem sido o cenário da escalada da violência terrorista na província de Cabo Delgado, em Moçambique.
A onda de violência começou em 2017, mas aumentou significativamente a partir de janeiro de 2020. Mais de 300 ataques foram registrados pelo Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Em entrevista ao Guiame, a cantora moçambicana Selma Uamusse falou sobre o panorama do país. Ela nasceu em Maputo, capital de Moçambique, mas mudou-se para Portugal na adolescência, onde vive até hoje.
“Quem está no sul, [onde é localizado Maputo], dificilmente sente as dificuldades de quem está no norte, [onde é localizado Cabo Delgado]. Existem muitas diferenças. Moçambique é um país multicultural, mas multirreligioso também. Além das religiões animistas e tribais tradicionais, existem o hinduísmo, catolicismo, protestantismo e islamismo”, explica Selma.
“Na região de Cabo Delgado, o islamismo está muito presente. O que tem acontecido nos últimos anos, principalmente desde 2017 até agora, é que essa região — que já era ocupada por muçulmanos, mas não necessariamente extremistas — tem sido atacada por insurgentes que reivindicam ser parte de um grupo extremista islâmico e têm feito movimentos radicais, como a exterminação de aldeias, incendiando casas, cortando cabeças e degolando pessoas”, conta.
Selma acredita que parte da ocupação islâmica é justificada pela perspectiva econômica de Cabo Delgado, uma das províncias mais desenvolvidas do norte do país, com grande potencial turístico devido às suas praias.
Veja a entrevista completa abaixo:
O ponto crítico é que “essa ocupação está sendo feita de arma na cabeça: ou a pessoa se converte para o Islã e faz parte dessa milícia, ou então é morta”, alerta a cantora.
Embora o conflito envolva aspectos econômicos, políticos e sociais, Selma acredita que também há uma batalha espiritual em Cabo Delgado. “Há uma guerra que não é apenas física, mas há uma guerra espiritual também”, destaca.
“São ataques muito violentos, são de uma ordem muito desumana. Não passa apenas por um tiro, mas passa por coisas muito violentas, como queimar pessoas vivas, cortar cabeças. É muito doloroso, meu coração se move de compaixão por essas famílias que estão vendo seus pastores [sendo alvejados], porque há um ataque muito grande especialmente às entidades cristãs”, acrescenta Selma.
Um Clamor Por Moçambique
Cristãos ao redor do mundo podem contribuir com suas orações por Moçambique. Mas Selma ressalta que, embora a intercessão seja fundamental, é importante se informar sobre os acontecimentos.
“Quando nós não visualizamos, ficamos mais desligados. Meu apelo é que todos os cristãos possam procurar mais notícias sobre essa situação, visualizar, e que nessa visualização possam orar e interceder”, orienta a cantora.
Diante do cenário crítico em Cabo Delgado, cristãos de diversas denominações irão se unir no evento “Um Clamor Por Moçambique”, em Portugal.
O objetivo é informar e compartilhar testemunhos de pessoas que estão sofrendo com o aumento da violência no país, conduzindo o Corpo de Cristo a se unir, se sensibilizar e interceder.
“Se todos nós abençoarmos, orarmos e intercedermos, certamente o que há no mundo espiritual será transportado para o físico”, afirma Selma. “Cremos que nossas vozes serão ouvidas e que Deus irá atender a esse clamor de unidade”.
O evento será presencial acontecerá na sexta-feira (11) às 20 horas (de Portugal) na Igreja Logos, em Loures, na Área Metropolitana de Lisboa. Quem estiver no Brasil, poderá acompanhar a transmissão ao vivo no canal LOGOS no YouTube, às 16h (do Brasil).
Serviço:
Um Clamor Por Moçambique
Data: 11 de setembro de 2020
Horário: 20h (de Portugal) | 16h (do Brasil)
Local: Igreja Logos
Endereço: Rua Ary dos Santos, nº 5 - 3º piso - 2685-327 Prior Velho - Lisboa - Portugal
Link ao vivo: youtube.com/logosccorgpt
Instagram: @voicesfrommozambique