Pelo menos 12 cristãos foram presos por agentes de inteligência pertencentes à Guarda Revolucionária do Irã em uma operação coordenada em três cidades. Segundo a Artigo 18 — organização de apoio a cristãos perseguidos no Irã — as prisões ocorreram na última terça-feira à noite e na quarta-feira seguinte, pela manhã, nas cidades de Teerã, Karaj e Malayer.
Durante a operação, dezenas de cristãos foram abordados pela polícia, obrigados a fornecer seus dados de contato e avisados que em breve serão convocados para interrogatório. Acredita-se que as prisões sejam um esforço coordenado que envolveu um informante que se infiltrou no grupo e conquistou a confiança dos crentes. Esse é o tipo de engano que os cristãos perseguidos em lugares como o Irã enfrentam continuamente.
As primeiras prisões ocorreram por volta das 20h na noite de terça-feira, no distrito de Yaftabad, no oeste de Teerã.
Dez agentes da inteligência — oito homens e duas mulheres — invadiram a casa de um cristão recém-convertido, onde se reuniam cerca de 30 crentes.
Os agentes, que estavam armados e usavam máscaras, teriam sido “educados” ao filmar o ataque e separar homens de mulheres, mas depois desligaram as câmeras e trataram os cristãos com agressividade.
Todos os presentes foram levados ao estacionamento do prédio, onde aguardavam uma van com janelas escurecidas, além de vários carros. Todos os carros pertencentes a residentes locais pareciam ter sido movidos para dar espaço aos carros dos agentes e para a garagem se tornar uma “sala de interrogatório” improvisada.
Os agentes passaram a ler uma lista de nomes escritos em um mandado de prisão.
Os seis presentes cujos nomes foram lidos — o cristão armênio-iraniano Joseph Shahbazian e os cinco convertidos cristãos Reza, Salar, Sonya e as irmãs mais velhas Mina e Maryam — foram algemados, vendados e levados pela polícia. Nenhum deles conseguiu entrar em contato com suas respectivas famílias para lhes dizer aonde foram levados.
Os outros cujos nomes não foram lidos — muitos deles recém-convertidos — tiveram seus celulares confiscados e receberam ordens de preencher formulários com informações de outro método pelo qual poderiam ser encontrados, e instruídos a não acompanhar o confisco de seus telefones por pelo menos 72 horas.
Eles também foram ordenados a assinar um termo, assegurando que nenhuma de suas propriedades havia sido confiscada, mesmo após o confisco de seus telefones celulares e apesar dos protestos.
Os agentes levaram os seis cristãos presos — bem como alguns daqueles cujos nomes não estavam na lista — a suas casas em Teerã e Karaj para realizar buscas em suas propriedades, procurando especialmente Bíblias, outras publicações cristãs e dispositivos de comunicação.
Segundo relatos de testemunhas, os cristãos foram espancados, bem como alguns de seus familiares não-cristãos.
Mais tarde, os agentes foram às casas dos três convertidos cristãos cujos nomes foram lidos, mas não estavam presentes — dois homens chamados Farhad e outro chamado Arash — e os prenderam.
Detenções coordenadas
Enquanto isso, na mesma noite, três cristãos convertidos na cidade de Malayer foram chamados e instruídos a se apresentar no escritório de inteligência da Guarda Revolucionária no dia seguinte para interrogatório.
Os três cristãos chamados Sohrab, Ebrahim e Yasser foram presos na manhã seguinte, antes de terem a chance de se entregar. Eles foram detidos, mas libertados no dia seguinte após pagar fiança de 30 milhões de tomans (cerca de US$ 1.500) cada.
Tudo o que se sabe sobre o paradeiro dos outros cristãos presos é que dois deles tiveram sua fiança fixada em 50 milhões de tomans (cerca de US$ 2.500), e atualmente estão buscando arrecadar esse valor para garantir sua libertação temporária.
Acredita-se que as ações foram coordenados com a ajuda de um informante, que havia se infiltrado no grupo nos últimos meses e conquistado a confiança dos cristãos. Foi relatado que esse indivíduo acompanhou os agentes de inteligência em sua incursão na igreja doméstica de Teerã, e até ficou ao lado do juiz enquanto, este lia mais tarde suas exigências de fiança.