Gafanhotos têm atravessado o Paquistão, destruindo colheitas e meios de subsistência. De acordo com dados publicados pela Autoridade Nacional de Gerenciamento de Desastres do Paquistão (NDMA) na semana passada, os enxames avançaram em quase um terço dos distritos do país.
“Esse enxame de gafanhotos é um dos maiores em mais de 30 anos. Por causa da crise da Covid-19, as notícias não se espalharam, mas é muito grave”, diz Jonathan (nome fictício por razões de segurança), um trabalhador cristão no Paquistão.
Essas pragas causam sérios danos econômicos. A agricultura é responsável por 20% do PIB do Paquistão e 65% da população vive e trabalha em comunidades agrícolas, informa o The Guardian.
Muitos cristãos no sul do Paquistão trabalham como agricultores, diz Jonathan. Eles pagam por tudo o que é necessário para plantar e cultivar e, em seguida, recebem metade do lucro total na época da colheita.
“Mas quando os gafanhotos passam, eles destroem absolutamente tudo. Então, essas pessoas se endividaram para pagar por todos esses insumos e agora não há safra. Eles não comem se não houver colheita”, afirma Jonathan.
Além disso, por serem uma minoria em um país de maioria muçulmana, os cristãos geralmente são os últimos a receber ajuda do governo paquistanês. “Tem havido muitos relatos de discriminação contra cristãos, mesmo em esforços para ajudar as pessoas que foram afetadas por essas crises”, diz Jonathan.
“Foi dito aos cristãos: ‘A menos que vocês se tornem muçulmanos, ou recitem o credo muçulmano, não vamos ajudá-los’. Eu não acho que essa seja a política oficial do governo, mas está acontecendo. Tivemos muitos, muitos relatos disso”, revela Jonathan.
Enxame de gafanhotos em Hyderabad, na província de Sindh. (Foto: Anadolu Agency via Getty Images)
As igrejas locais se esforçam para ajudar as famílias necessitadas, mas estão ficando sem opções.
“Nos últimos três meses, praticamente todos os recursos que as famílias puderam doar foram para ajudar os afetados pela crise da Covid-19”, explica Jonathan. “Agora, com a crise dos gafanhotos, eles não têm mais nada”.
Diante do cenário, o missionário incentiva cristãos do mundo inteiro a se unirem em oração pela igreja paquistanesa.
“No passado, os cristãos paquistaneses se sentiam um pouco abandonados pela Igreja global, mas esta é uma chance de nos aproximarmos deles, incentivá-los e orar por eles”, diz Jonathan.
“A Igreja paquistanesa está realmente começando a se preparar para compartilhar o Evangelho e compartilhar o amor de Cristo com a maioria muçulmana de maneiras que as gerações anteriores não fizeram”, acrescenta.