A iraniana Sahar questionou-se sobre quem cuidaria de seus filhos e daria conforto a eles, depois que seu marido a expulsou de casa por ela se tornar cristã.
Enquanto ia para a casa de seus pais, sem saber se veria suas crianças novamente, Sahar diz que começou a perguntar: “Deus, por que o Senhor está deixando isso acontecer? Por que está permitindo tanta dor e dificuldade em minha vida?'”.
No Irã, mulheres como Sahar não têm o direito de ver seus filhos, se o marido não quiser. No caso dela, ao decidir deixar o Islã para seguir Jesus, ela despertou a fúria de seu cônjuge.
A perseguição por causa de fé e gênero, enfrentada por Sahar, não é incomum. Milhões de mulheres e meninas cristãs enfrentam situações semelhantes em todo o mundo, informa a Portas Abertas.
Sahar conta que, durante muitos anos, ela se esforçou para ser uma boa muçulmana. Apesar de sua família não ser muito religiosa, ela buscava sinceramente algo que preenchesse o vazio que sentia dentro de si.
“Entrei voluntariamente no Ramadã, orei com frequência e me vesti de maneira muito conservadora”, lembra ela. "Fiz o meu melhor, mas senti que não havia resposta".
Durante mais de 20 anos, Sahar buscou encontrar a verdade na fé muçulmana, mas um dia tudo mudou. Sua cunhada percebeu o desespero que Sahar sentia e deu a ela uma Bíblia.
“Ela sabia que eu estava confusa”, diz Sahar. “Ela me disse: 'Sahar, Jesus Cristo pode mudar sua vida completamente'. Eu estava realmente ansiosa para ver isso.”
Misericórdia e amor de Deus
Sahar diz que enquanto lia a Bíblia, começou a encontrar as respostas que havia procurado durante toda a sua vida:
“Quando fechei o livro, a primeira coisa que disse foi: 'É verdadeiramente a Palavra viva de Deus – esse Deus é justo e sagrado. Eu vi Sua misericórdia, justiça, santidade e amor neste livro e encontrei neste Deus. Foi isso que me atraiu desde o início.”
Sahar conta que foi tocada particularmente pelo Salmo 45:10-11: “Ouça, ó filha, considere e incline os seus ouvidos: Esqueça o seu povo e a casa paterna. O rei foi cativado pela sua beleza; honre-o, pois ele é o seu senhor”.
“Deus realmente falou ao meu coração nesta passagem, e senti uma direção de Deus que me compeliu a viver minha fé e seguir a Deus com total devoção. Eu sabia que Ele também tinha um plano para meu marido”, diz.
Dificuldades para mulheres
Sahar teve dificuldades em aceitar o plano de se tornar cristã por causa da perseguição que as mulheres iranianas enfrentam se decidirem deixar o Islã.
“Tornar-se cristã, para uma mulher muçulmana, pode ter muitos perigos. Se você é solteira, sua família pode exclui-la. Eu sabia que se meu marido percebesse que eu havia me tornado cristã, ele ficaria realmente zangado. Havia uma possibilidade real de divórcio e certamente meus filhos teriam sido levados por eu ser uma ex-muçulmana. Eles não me deixaram nem mesmo vê-los, porque todos os meus direitos foram retirados”.
Embora a família de Sahar não considerasse as mulheres inferiores aos homens, ela reconhece que a degradação do papel das mulheres é comum na sociedade iraniana.
Sahar diz que desde sua infância viu claramente como as mulheres eram desvalorizadas e como seus direitos eram ignorados e violados. Essa desvalorização das mulheres influencia a perseguição enfrentada pelas cristãs convertidas.
Propósito de Deus
Mas a experiência de Sahar com Deus foi bem diferente.
“Ouvi algo realmente estranho do Espírito Santo em meu coração”, diz ela. “Eu O ouvi dizer: 'Você é minha filha, eu escolhi você. Você servirá entre as mulheres e até entre as nações.'”
Sahar diz que ficou surpresa e perguntou a Deus como isso aconteceria.
“Eu estava tão ansiosa e sedenta por Deus que tomei minha decisão. Eu estava pronta para dar tudo por Deus e me dedicar a Ele”.
Ao decidir contar ao marido sobre sua fé cristã, Sahar foi mandada embora de casa e separada dos filhos. Infelizmente, ela é apenas uma das muitas vítimas ocultas da perseguição.
“Meu orgulho foi quebrado. Eu senti que tudo estava sendo tirado de mim. Eu não fiz nada de errado, eu não era uma criminosa. Eu sabia que tudo estava sob o controle de Deus – mas não conseguia controlar meus sentimentos. Eu estava com muita dor.”
Ela diz que o pior foi ficar sem os filhos. “Meus direitos foram retirados, como uma convertida. Meu coração estava partido – como humana, como mulher, mas principalmente como mãe”.
Prisão e reconciliação
Sahar orou para que seu marido a aceitasse de volta após revelar sua fé cristã e, posteriormente, ele a convidou para retornar e começaram a reconstruir o relacionamento conjugal.
Os desafios para os cristãos não se referem apenas à família e comunidade, incluem ainda a perseguição pelas autoridades, o que Sahar também enfrentou.
“Certa manhã, agentes da inteligência islâmica vieram e me prenderam de forma chocante. Eu não esperava por isso. Eles me levaram para a prisão de Evin. A prisão de Evin é notoriamente terrível, com condições terríveis para os prisioneiros”.
“Eles me levaram ao tribunal duas vezes – minha sentença preliminar foi de 91 dias, mas no tribunal de apelação, eles me deram cinco anos de prisão. Minha acusação foi 'ameaças contra a segurança nacional'”.
Esta é uma acusação que muitas vezes é feita contra os cristãos que se convertem do Islã no Irã, especialmente se eles são ativos em contar a outras pessoas sobre Jesus.
Sahar diz que muitos maridos abandonam a esposa nessas condições por vergonha, mas o dela não fez isso. “Meu marido estava preocupado comigo”, compartilha Sahar. “Quando fui solta, sua abordagem da minha fé havia mudado. Ele estava me aceitando como eu era”.
Mas por causa da ameaça de prisão de longo prazo, Sahar e sua família deixaram o país logo depois que ela foi libertada. Eles agora vivem na Turquia, onde Sahar está descobrindo o que significa a promessa de Deus de que ela 'serviria entre as mulheres e até entre as nações'.
Ministério
Por sua experiência, Sahar pôde apoiar outras mulheres cristãs perseguidas através de encorajamento, discipulado e treinamento prático. Ela ajuda esses novos crentes a entender sua identidade em Cristo.
“Todo o quebrantamento que tive, o medo e o trauma que tive como mulher me fizeram entender melhor a situação delas”, diz Sahar. “Eu digo a elas: 'Deus ama vocês, Ele as protege e as apoia. Ele irá curá-las, livrá-las e abençoá-las.'
“Posso compartilhar com outras mulheres que foram muçulmanas e agora são cristãs o que Deus fez em minha vida. Mulheres que estão tendo problemas semelhantes aos meus. Posso compartilhar minhas experiências com elas, ensiná-las, estar ao lado delas, orar por elas e orientá-las”.
Casos de cristãs perseguidas, como os de Sahar, são apoiados pela Portas Abertas, com orações e doações arrecadadas para ajudar a levar mudança para a vida dessas mulheres.