Metade das crianças do Haiti estão em gangues e pastor atua para resgatá-las

Uma estimativa de 2024 da UNICEF aponta que essas crianças estão sujeitas a abusos explícitos, incluindo violência física e psicológica.

fonte: Guiame, com informações da MNN e AP

Atualizado: Terça-feira, 25 Fevereiro de 2025 as 1:11

As gangues controlam a maior parte da capital haitiana, Porto Príncipe. (Foto: © UNOCHA/Giles Clarke)
As gangues controlam a maior parte da capital haitiana, Porto Príncipe. (Foto: © UNOCHA/Giles Clarke)

Metade dos membros de gangues no Haiti são crianças, de acordo com uma estimativa recente da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), e elas estão sujeitas a abusos explícitos, incluindo violência física e psicológica.

Essa estatística alarmante reflete um aumento de 70% no recrutamento de menores por grupos armados no país, comparado ao ano anterior.

Segundo a AP, se as crianças se recusarem a participar de uma gangue, os homens armados muitas vezes ameaçam a eles ou a suas famílias ou simplesmente as sequestram.

No entanto, é possível que essas crianças deixem as gangues com a ajuda adequada.

As gangues que mais recrutam crianças são 5 Segond, Brooklyn, Kraze Barye, Grand Ravine e Terre Noire, de acordo com o relatório do Conselho de Segurança da ONU.

Normalmente, os novos recrutas são orientados a comprar comida e recebem dinheiro para "comprar amigos", enquanto as gangues os observam. Em seguida, eles participam de confrontos e são promovidos se matarem alguém, por exemplo. Após dois ou três anos na gangue, o recruta se torna parte do grupo, caso prove que não era um espião, segundo o relatório.

Esperança em Jesus

Obed* atua com o ministério Every Man a Warrior ‘(Todo Homem um Guerreiro’, em tradução livre), que faz parte da Trans World Radio. Foi por meio desse ministério que ele conheceu um jovem que havia sido informante de uma gangue perigosa perto de Porto Príncipe, capital e maior cidade do Haiti.

Quando Obed entrou em contato com um pastor local, ele encaminhou o garoto para o norte, longe do perigo e dos abusos de sua antiga vida.

“Ele disse que, se não fôssemos ajudá-lo, ele não conseguiria sobreviver. Porque a situação é muito ruim, porque [as crianças] são mortas, às vezes são estupradas, e todo tipo de coisa ruim acontece com elas", diz Obed.

O menino agora está na escola da igreja, no norte do Haiti, iniciando uma nova fase de sua vida.

No entanto, outro garoto, envolvido com gangues, tinha pouca esperança quando a equipe de Obed conversou com ele. Eles perguntaram se ele se sentia confortável com o que estava fazendo.

"Você sabe onde eu moro? Eu moro no Haiti. Não há outra chance para mim, só a gangue", diz Obed, sobre a resposta do garoto.

Orações

O ministério Mission Network News pede orações: "Por favor, ore por esse jovem, que Obed acredita ter apenas 13 anos. Ore para que Deus o liberte da morte em sua vida, da qual ele se sente preso, e lhe conceda esperança por meio de Jesus."

Obed afirma que as crises no Haiti fortaleceram a fé dos crentes, forçando-os a buscar mais a Deus.

"O que está acontecendo é tão ruim, mas ainda vemos Deus agindo em muitos aspectos. Quando consideramos o poder das gangues, sabemos que elas têm suas limitações. Isso poderia ser pior", ele diz.

"Não vemos nenhuma forma de sair disso. Só colocamos nossa confiança em Deus. Vemos que Deus está trabalhando, provendo as atividades que realizamos em nosso ministério. Lutamos muito, mas não podemos reclamar. Deus é fiel."

Obed exorta os cristãos a orarem pela situação difícil dos jovens haitianos: “Por favor, junte-se a nós em oração pela paz no Haiti e para que as crianças tenham uma chance de resgate.”

"Queremos paz, e queremos ver a intervenção de Deus nesta situação que estamos vivendo. Também, se eu puder acrescentar, [ore para que] Deus envie trabalhadores para a colheita, porque ela é grande para nós no Haiti. Está além da nossa força", diz Obed.

"Que Deus envie trabalhadores, pessoas de boa vontade para se unir a este movimento, para ajudar essas crianças a tirá-las desse ciclo de escuridão."

 

*Sobrenome omitido por segurança

veja também