Muçulmanos na Indonésia exigiram o fechamento de uma igreja às vésperas do Natal, alegando que as reformas do templo não têm autorização legal.
No entanto, a igreja e autoridades locais afirmam que a documentação está regularizada há mais de duas décadas.
Cerca de 20 muçulmanos da Agência Islâmica de Empoderamento e Desenvolvimento (BP2UI) realizaram um protesto em 6 de dezembro pedindo a demolição da Igreja Católica, na vila de Tlajung Udik, no distrito de Gunung Putri, na regência de Bogor.
Durante a manifestação, os participantes exibiram faixas com frases como “Fechem e demolam igrejas ilegais”, “Fechem e desmantelem igrejas que manipulam regulamentos”, “Fechem e desmantelem igrejas que traem a comunidade”, “Fechem e desmantelem igrejas que espalham calúnias”, “Fechem e desmantelem igrejas que incitam conflitos” e “Fechem e desmantelem igrejas que dividem a nação”.
O porta-voz da BP2UI, Anhari Sulthoni, afirmou que a igreja teria sido construída há quase 25 anos sem a devida coordenação com a comunidade local e, por isso, as reformas deveriam ser interrompidas até a obtenção de uma nova licença.
Porém, o chefe do Departamento de Assuntos Religiosos da Regência de Bogor, Ahmad Sjukri, declarou no local do protesto que lamentava a manifestação, já que uma reunião realizada em 17 de novembro pelo Conselho Nacional de Unidade e Política da regência (Kesbangpol) havia confirmado que o processo de licenciamento da igreja estava concluído.
“A reunião também concluiu que a licença da igreja estava completa e que não havia mais problemas”, disse Ahmad.
Ele acrescentou que, em um regime democrático, os manifestantes têm o direito de questionar a licença por meio de ação judicial no Tribunal Administrativo do Estado.
‘Provocação dos muçulmanos’
Autoridades locais, incluindo o chefe do subdistrito de Gunung Putri, Kurnia Indra, também lamentaram pelo protesto e pediram que o governo e as forças de segurança não se deixem influenciar por grupos que se opõem à presença da igreja.
Em 6 de novembro, o governo local autorizou formalmente a continuidade das obras. Dois dias depois, o chefe da aldeia de Tlajung Udik garantiu segurança e liberdade de culto à congregação.
Apesar disso, em 13 de novembro, a igreja recebeu uma carta da BP2UI endereçada ao prefeito de Bogor, com o título “Estabelecimento de uma Igreja Ilegal”:
“Consideramos o conteúdo da carta excessivo e provocativo”, afirmou o advogado da igreja, Siprianus Edi Hardum.
Segundo a missão Portas Abertas, nos últimos anos, a Indonésia adotou um caráter islâmico mais conservador, e as igrejas envolvidas em atividades evangelísticas correm o risco de serem alvo de grupos extremistas islâmicos.