Nos últimos 20 anos, o número de cristãos no Iraque caiu de 1,5 milhão para 202 mil

O Iraque só recebeu reconhecimento como Estado no início do século 20, mas foi construído pelos poderosos reinos antigos da Babilônia e Assíria.

fonte: Guiame, com informações da Portas Abertas

Atualizado: Segunda-feira, 5 Outubro de 2020 as 9:53

Cristão em meio à destruição de igreja no Iraque. (Foto: Reprodução / Portas Abertas)
Cristão em meio à destruição de igreja no Iraque. (Foto: Reprodução / Portas Abertas)

Com 76 pontos, o Iraque se classificou em 15° na Lista Mundial da Perseguição 2020. A pontuação do Iraque caiu de 79 para 76 pontos, indo da 13ª para a 15ª colocação. A pontuação média para pressão permaneceu no mesmo nível extremo de 14,1 pontos. Entretanto, a pontuação para violência caiu de 8,1 para 5,6 pontos, principalmente devido a menos relatos de cristãos mortos e igrejas atacadas. A pontuação atual para violência continua alta e a influência do Estado Islâmico sobre a população ainda é evidente. Cristãos continuam sendo feridos física e mentalmente, ameaçados e violentados sexualmente.

Atos de violência contra cristãos (tradicionais) são mais cometidos por militantes islâmicos, considerando que convertidos ex-muçulmanos geralmente enfrentam violência de parentes. Embora algumas famílias cristãs tenham voltado para suas casas, a migração de cristãos continua devido ao medo e falta de esperança por um bom futuro.

As igrejas no país são seriamente afetadas pela perseguição, especialmente por militantes de grupos islâmicos e líderes não cristãos. Elas também enfrentam discriminação das autoridades governamentais. No Centro e Sudeste do Iraque, cristãos com frequência não mostram publicamente símbolos cristãos (como a cruz), já que isso pode levar a assédio ou discriminação em postos de controle, universidades, locais de trabalho e prédios do governo. Mesmo cristãos no Curdistão iraquiano tem declaradamente removido cruzes de seus carros para não atrair atenção indesejada.

Pressão

Igrejas evangélicas em Bagdá e Basra também são seriamente afetadas pela perseguição por grupos radicais islâmicos e líderes não cristãos, e regularmente experimentam discriminação por parte das autoridades. Cristãos têm se tornado alvo com frequência no centro e Sudeste do Iraque. Leis de blasfêmia também podem ser usadas contra eles se forem suspeitos de querer alcançar muçulmanos.

Cristãos ex-muçulmanos experimentam mais pressão de parentes e com frequência mantêm a fé em segredo, já que são ameaçados por parentes, líderes do clã e sociedade. Convertidos arriscam perder direitos de herança e casamento. Deixar abertamente o islamismo leva a situações difíceis em todo o país.

O Iraque só recebeu reconhecimento como Estado no início do século 20, mas foi construído pelos poderosos reinos antigos da Babilônia e Assíria. A nação étnica e religiosamente diversa sofre com a violência sectária e a corrupção, que são os principais fatores que dificultam o progresso e o processo democrático. Estritamente relacionado está o problema da impunidade, que afeta muito a condição dos cristãos iraquianos e o surgimento de grupos islâmicos radicais que não toleram qualquer outra religião que não seja uma forma violenta do islã.

Embora a situação geral no Iraque esteja longe de ser estável, existem desenvolvimentos esperançosos, já que a campanha militar das forças de coalizão contra o Estado Islâmico na região de Mossul parece ter sido bem-sucedida (pelo menos até o fim de 2017), permitindo que os cristãos retornem a várias regiões.

Muitos líderes de igrejas disseram que viver sob o terror do Estado Islâmico e serem expulsos de casa foi a pior perseguição que a igreja no Iraque já experimentou. Mesmo durante ondas de perseguição anteriores, a Planície do Nínive nunca foi completamente esvaziada de cristãos como em 2014. A derrota do Estado Islâmico deveria trazer uma melhoria para a situação dos cristãos no Iraque. Porém, apenas quando deslocados internos cristãos voltam com sucesso para as antigas cidades, é que a situação melhora.

Os movimentos fanáticos, como o Estado Islâmico, são conhecidos por terem como alvo os cristãos e outras minorias religiosas. Normalmente através de sequestros e assassinatos. Jovens cristãos, em particular, estão preparados para partir se a oportunidade surgir, isso por conta da falta de segurança, perspectivas e estabilidade financeira.

NOTAS SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL

- Três cristãos ex-muçulmanos foram mortos por razões relacionadas à fé no período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2020 (1 de novembro de 2018 a 31 de outubro de 2019). Por razões de segurança, detalhes não podem ser divulgados.

- Em duas ocasiões diferentes, militantes xiitas intimidaram cristãos em Bartella e Qaraqosh em dezembro de 2018, atirando para o alto do lado de fora de igrejas. Os militantes ameaçaram o líder cristão, Benham Benoka, e colocaram uma arma em sua cabeça. Autoridades locais e a polícia não ajudaram e seus esforços para começar uma investigação foram em vão.

- Em maio de 2019, duas cristãs idosas foram violentamente agredidas em casa, em Bartella. A mãe, de 89 anos, e a filha, de 69 anos, foram hospitalizadas, e joias e outros bens de valor foram roubados. Dois suspeitos de etnia shabak foram presos.

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