Milhares de cristãos em uma aldeia empobrecida da China foram convidados a substituir os cartazes sobre Jesus Cristo e outros ícones religiosos - como cruzes, por exemplo - que estão expostos em suas casas por fotografias (pôsters) do presidente chinês Xi Jinping. Caso eles se recusem a fazê-lo, perderão a ajuda que o governo envia para ajudar os necessitados da região.
O jornal 'South China Morning Post' informou que os cristãos no município de Yugan, na província de Jiangxi, foram obrigados a substituir cartazes sobre Jesus por pôsters com a foto do presidente comunista como parte de um programa de assistência social do governo local, que visa "transformar cristãos [e pessoas que confessem qualquer outra fé] em adoradores do Partido Comunista".
Qi Yan, presidente do congresso do povo de Huangjinbu, explicou a iniciativa do governo: "Muitas famílias pobres mergulharam na pobreza por causa da doença na família. Alguns recorriam a acreditar em Jesus para curar suas doenças".
"Mas nós tentamos dizer-lhes que ficar doente é uma coisa física e que as pessoas que realmente podem ajudá-los são o Partido Comunista e o presidente Xi", acrescentou. "Muitas pessoas das zonas rurais são ignorantes. Pensam que Deus é seu salvador... Depois do trabalho de exposição dos nossos quadros, eles perceberão seus erros e pensarão: não devemos confiar mais em Jesus, mas somente no Partido Comunista, que irá nos ajudar".
De acordo com um relatório local das redes sociais, o município de Huangjinbu distribuiu mais de 1.000 pôsters de Xi, e várias famílias acabaram pendurando os cartazes em suas casas.
Um relatório do governo classificou a 'aceitação' das famílias como uma conquista, afirmando que os oficiais "derreteram o gelo duro daqueles corações" e "os fizeram deixar de acreditar na religião para acreditar no partido", disse o relatório.
Mais de 600 aldeões "voluntariamente" se livraram dos quadros e cartazes com textos e pinturas religiosas que eles tinham em suas casas e os substituíram por 453 pôsters de Xi, afirmou o relatório.
Cristãos removem cartazes com cruzes e versículos bíblicos para substituir por fotos do presidente comunista Xi-Jinping. (Foto: South China Morning Post)
Um residente de outro município em Yugan revelou que as autoridades também estão exigindo que os crentes a removam qualquer artefato religioso de suas casas.
"Algumas famílias colocaram versículos bíblicos em suas portas da frente, durante o Ano Novo Lunar, alguns também penduram pinturas da cruz. Mas tudo isso foi removido", disse o residente.
Apesar das reivindicações das autoridades, o cidadão disse que muitos crentes não acataram as ordens do Partido Comunista voluntariamente.
"Todos eles têm suas crenças e, é claro, eles não queriam remover esses cartazes ou cruzes. Mas não há saída. Se eles não concordarem em fazê-lo, não receberão sua cota de ajuda do governo", disse o homem.
Sob o governo de Xi Jinping, o partido restringiu a liberdade religiosa em todo o país. No entanto, acredita-se que os cristãos na China agora superam em número os 90 milhões de membros do partido comunista. Somente a cidade de Huangjinbu é o lar de cerca de 5.000 a 6.000 famílias cristãs - o que é aproximadamente um terço do total da população municipal.
A ordem de substituição ocorre apenas alguns meses depois que as autoridades da China pediram que as crianças fossem proibidas de se juntar a grupos religiosos ou participar de atividades religiosas.
A China ocupa o 39º lugar na lista de 50 países da Open Watch USA, onde é mais difícil ser cristão.