Pastor preso por pregar o Evangelho diz que o sofrimento foi um “presente de Deus”

O pastor Nguyen Cong Chinh foi acusado de minar a solidariedade nacional por pregar o Evangelho no Vietnã.

fonte: Guiame, com informações de Christian Today

Atualizado: Sexta-feira, 20 Abril de 2018 as 12:46

O pastor Nguyen Cong Chinh foi libertado após pressão da comunidade internacional. (Foto: Release International)
O pastor Nguyen Cong Chinh foi libertado após pressão da comunidade internacional. (Foto: Release International)

Um presente de Deus. Assim o pastor Nguyen Cong Chinh, que foi detido por causa de sua fé cristã, define o tempo em que sofreu diversas torturas em uma prisão no Vietnã.

O pastor foi acusado em 2011 de minar a solidariedade nacional por pregar o Evangelho no Planalto Central do Vietnã. Chinh também foi um crítico aberto do governo e um defensor dos cristãos perseguidos.

Ele foi condenado a 11 anos de prisão, mas foi libertado no ano passado após pressão da comunidade internacional, sob a condição de que ele e sua família deixassem o Vietnã. Residindo atualmente nos Estados Unidos, Chinh participou do 20º aniversário da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA, onde relatou seu período na prisão.

“Mesmo com o sofrimento físico e as dores, senti felicidade na alma”, disse ele na última quarta-feira (18) através de um tradutor. “Foi um presente de Deus para mim. Foi como o que Jesus Cristo passou, o mesmo sofrimento que seus discípulos experimentaram, e agora estou passando pela mesma experiência. É assim que as Boas Novas saem”.

Chinh observa que a perseguição no Vietnã se estendeu muito além de seu caso. “Nas prisões do Vietnã, os prisioneiros de consciência são tratados de maneira pior do que os criminosos comuns. Eles estão sujeitos a várias medidas, como confinamento solitário, água poluída, falta de comida, privação a cuidados médicos, acesso negado às famílias e são proibidos de fazer atividades com outros internos”, revela.

Desde 2000, cerca de 127 prisioneiros de consciência (detidos devido às suas crenças políticas, religiosas ou outras conscientemente defendidas) morreram por tortura ou contaminação de comida e água. A maioria das vítimas são cristãos das ilhas do sul e da região noroeste, além de budistas da região sudoeste do país.

“Os guardas batiam muito, a ponto de muitos dos prisioneiros de consciência ficarem doentes, feridos, incapacitados e alguns deles terem morrido”, contou Chinh ao site The Christian Post.

“Eles usaram punhos e também cassetetes. Eles me bateram na cabeça, no peito, na perna e nos braços. Ainda tenho ferimentos, uma cicatriz na cabeça”, afirma o pastor. Ele também relata que recebeu comida misturada com vidro quebrado e chumbo. Sua água cheirava como inseticida e sua comida muitas vezes tinha moscas mortas.

Com a prisão de Chinh, sua família também foi alvo do governo vietnamita. Meses antes da libertação do pastor, sua esposa, Tran Thi Hong, foi espancada e interrogada por seu envolvimento com a comunidade internacional diante do apoio a seu marido.

Chinh disse à cúpula que “os Estados Unidos devem aumentar a pressão diplomática e usar designações e sanções para pressionar Hanói a libertar todos os prisioneiros de consciência”.

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