Um pastor e três outros cristãos são os mais recentes acusados de "blasfêmia" no Paquistão, onde a infração pode levar à pena de morte. As acusações foram lançadas após relatos de que alguns empresários locais não-cristãos teriam invejado o sucesso comercial dos acusados.
Uma intervenção rápida por parte da polícia fez com que os planos para incendiar casas e empresas dos cristãos locais fossem frustrados.
O pastor Aftab Gill da Igreja Bíblica de Deus em Gujrat, Punjab, e outros três foram acusados de blasfêmia porque eles usaram a palavra Urdu "rasool", o que significa "apóstolo", em cartazes, anunciando uma cerimônia de ordenação cristã.
A palavra foi usada para descrever o falecido pai do Pastor Aftab, Fazal Masih, que criou a igreja, de acordo com a 'CLAAS', uma instituição de caridade que apoia cristãos no Paquistão. O uso termo neste contexto ofende a muçulmanos locais, porque no Paquistão, "rasool" também é usado para referir-se ao Profeta Maomé.
Irmão mais novo do pastor Aftab Unitan Gill, que dirige uma loja local bem sucedida e também uma escola de idiomas, como o Inglês, estava entre os detidos. Ele foi liberto sob fiança depois que a CLAAS, o Centro de Assistência Jurídica, Assistência e Liquidação, interveio.
Unitan disse à CLAAS que os empresários muçulmanos ficaram com inveja do seu sucesso e a suposta blasfêmia foi colocada como acusação para a polícia por mercearias concorrentes de proprietários muçulmanos.
O proprietário de uma loja local de motocicletas disse à instituição que muçulmanos estavam com raiva e planejando queimar cristãos vivos, além de deixar suas casas e igreja em chamas, mas a polícia controlou a situação. Algumas famílias cristãs fugiram, mas cerca de 100 ainda permanecem na área.
Nasir Saeed, diretor de CLAAS no Reino Unido, disse: "A palavra 'rasool' tem sido utilizada várias vezes na Bíblia Urdu como tradução do Apóstolo e discípulos, e os cristãos, leigos e clérigos, usam essa palavra em seus sermões e até mesmo em seus textos".
"Esta não é uma palavra islâmica, mas sim da língua urdu, a língua nacional do Paquistão e também falada por todos os cidadãos paquistaneses, os muçulmanos e não-muçulmanos. Ela não pode ser atribuída ao Islã ou aos muçulmanos".
Saeed afirmou citou a acusação contra os cristãos como uma atitude lamentável por parte dos outros comerciantes.
"Sentir-se ofendido sobre o uso de tais e outras palavras e, posteriormente, cobrar que seja aplicada a lei sobre a blasfêmia é lamentável", disse.
Blasfêmia contra qualquer religião é uma ofensa criminal no Paquistão. Além dos cristãos, as minorias muçulmanas, como membros da comunidade Ahmaadi também enfrentam acusações freqüentes. Neste contexto, muitas pessoas foram assassinadas, incluindo políticos que defendiam a revogação desta lei.