Ser identificado como cristão na Coreia do Norte equivale a receber uma sentença de morte. Os cristãos são frequentemente enviados para campos de trabalho forçado como prisioneiros políticos, onde enfrentam condições desumanas e trabalhos exaustivos, dos quais poucos sobrevivem.
Em muitos casos, são executados sumariamente. Esse destino não se limita aos indivíduos descobertos, mas também se estende aos membros de suas famílias. Estima-se que dezenas de milhares de cristãos estejam atualmente detidos nesses campos de trabalho forçado.
É impossível para cristãos viverem livremente na Coreia do Norte. É quase impossível para cristãos se reunirem ou se encontrarem para cultuar.
Aqueles que arriscam se encontrar devem fazer isso em sigilo absoluto – e sob enorme risco. Por mais de 20 anos, o país esteve em primeiro lugar na Lista Mundial da Perseguição, que classifica os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.
Redes de trabalho secretas
Através de redes de trabalho clandestinas fora do país, os colaboradores secretos da Portas Abertas prestam assistência vital a cerca de 100 mil cristãos norte-coreanos. Eles fornecem alimento, abrigo em casas seguras na China e treinamento por meio de programas de rádio transmitidos do exterior.
Além disso, para alcançar cristãos da Coreia do Norte, a organização opera em muitos abrigos na China, onde recebem cristãos norte-coreanos refugiados. Ali, eles recebem alimentos, remédios e estudos bíblicos. A maioria volta para a Coreia do Norte, porque permanecer na China é muito perigoso para eles.
A rua onde um dos abrigos está localizado permanece convenientemente oculta em profunda escuridão. Poucas pessoas frequentam a região, o que impede que percebam o trabalho realizado ali. É difícil imaginar que, nesse local, cristãos atravessam o rio e se reúnem em segredo para prestar culto a Deus. Por dentro, o abrigo se assemelha a uma casa ou apartamento comum na China.
“Muitos refugiados perambulam pelas ruas em busca de lugar para dormir. Eu me aproximo deles e os ajudo até que eles possam seguir adiante sozinhos”, disse Yun Hee*, que cuida de um dos abrigos na China.
E continua: “Eles perguntam por que faço isso sem pedir algo em troca. É nesse momento que falo sobre Deus e a Bíblia, e muitos voltam para a Coreia do Norte como cristãos. Algumas vezes, esse trabalho me deixa esgotado. Então me ajoelho e oro pedindo a Deus que renove minhas forças.”
Renovo das forças pela oração
O trabalho de Yun Hee é cuidar dos refugiados e oferecer acolhimento e a Palavra de Deus a eles.
“Já vi até mesmo espiões mudarem porque fui gentil com eles. Alguns deles chegam a confessar que foram enviados para fazer um relatório sobre mim para a agência de Serviço Secreto, mas em seguida dizem que ficam tão gratos pelo que faço que escreverão apenas coisas boas sobre mim e não comentariam nada sobre as atividades ilegais”, acrescenta a parceira.
Quando cristãos norte-coreanos chegam desejando aprender mais sobre Deus, eles são conectados a parceiros locais que lhes fornecem Bíblias na China.
“Temos um código. Se meu contato local diz essa palavra, sei que preciso encontrá-lo em um lugar secreto. Ali, explico o Evangelho e como podem aprender mais sobre a Bíblia nos abrigos. Assim eles ficam preparados para compartilhar as boas-novas com suas famílias e amigos quando voltarem à Coreia do Norte”, disse Beom-Seok*, outro parceiro que trabalha com refugiados na China.
Nas ondas do rádio
Para muitos cristãos na Coreia do Norte, a única maneira de receberem conteúdo cristão é por meio de programas de rádio clandestinos.
A Coreia do Norte comercializa rádios que só podem ser sintonizados nas frequências do Estado. Por isso, os cristãos recorrem ao mercado negro para obter rádios ou conseguem um por meio da rede de trabalho secreta da Portas Abertas na China.
A Portas Abertas opera um ministério de rádio que faz suas transmissões de fora da Coreia do Norte, mas que chega a milhares de cristãos secretos diariamente dentro do país.
São programas diários que incluem leitura das Escrituras, estudos bíblicos e instrução teológica para ajudar a igreja secreta no país a crescer em fé e sabedoria. A meta da Portas Abertas é apoiar e fortalecer cristãos norte-coreanos secretos e ajudá-los a educar a próxima geração de cristãos.
*Nomes alterados por segurança.